Tablets e o instinto nômade do estudante da era digital¶
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J. António Moreira
Sara Dias-Trindade
Neste início do século XXI temos assistido ao crescimento de uma cultura digital sustentada a partir da interação com diferentes dispositivos tecnológicos, como smartphones ou tablets, que relativizam as noções de espaço e tempo, proporcionando uma ligação entre real, possível, virtual e atual.
Com efeito, o nosso viver, conviver e aprender ocorrem cada vez mais em espaços híbridos, multimodais e ubíquos, onde coexistem diferentes tecnologias, modalidades e culturas (SCHLEMMER, 2016). Espaços híbridos de aprendizagem compreendidos quanto à natureza dos seus espaços (analógicos e digitais), quanto à presença (física e digital), quanto às tecnologias (analógicas e digitais) e quanto à cultura (pré-digital ou digital); espaços multimodais entendidos como modalidades de aprendizagem remixadas, como face-to-face learning, eletronic learning (e-learning), pervasive learning (p-learning), immersive learning (i-learning), game based learning (GBL), ubíquos learning (u-learning) ou mobile learning (m-learning); e espaços ubíquos relacionados com processos de aprendizagem que podem ocorrer com o uso de dispositivos móveis, conectados a redes de comunicação sem fios, sensores e mecanismos de geolocalização, capazes de colaborar para integrar os estudantes a contextos de aprendizagem, permitindo formar redes presenciais físicas e digitais virtuais entre pessoas, objetos e situações.
São nestes espaços, híbridos, multimodais e ubíquos, que os estudantes, em movimentos de nomadismo e hiperconectados com dispositivos móveis, constroem conhecimento e aprendem. Estamos hiperconectados, e é por meio destas conexões permanentes que organizamos o mundo, construímos as subjetividades e aprendemos. Mas tão importante como esta conectividade e o estado permanente em rede, é o fator de convergência e a imersividade inerentes às novas estruturas narrativas transmidiáticas em formatos multimodais que nos permitem esta ubiquidade, conexão e nomadismo. Convergência entendida como a circulação --linear ou não- de conteúdos, em diferentes plataformas, sistemas e dispositivos, definida pelo fluxo de informação por meio destes canais de comunicação. Sendo que para Jenkins (2009) a convergência não se refere a uma estrutura tecnológica, refere-se sim às conexões profundas e complexas, criadas num nível cognitivo de perceção dos indivíduos, considerando o seu estado ubíquo de acesso e navegação dentro de diferentes ambientes físicos e virtuais.
É nesta ''fluidez''1 e ''liquidez'' do tempo e dos espaços não-estruturados que os nossos estudantes se movimentam e ampliam seu instinto de nômade. Graças à flexibilidade e expansividade recentemente adquiridas, o tempo tornou-se a grande arma na conquista do espaço. Na ''luta'' entre espaço e tempo, o espaço era o lado sólido e impassível, pesado e inerte, capaz apenas de uma guerra defensiva, de trincheiras e o tempo era o lado dinâmico e ativo na batalha, o lado ofensivo, a força invasora, conquistadora e colonizadora. A velocidade do movimento e o acesso a meios mais rápidos de mobilidade transformaram essa realidade.
Michel Foucault utilizou o projeto do Panóptico de Jeremy Bentham como arquimetáfora do poder moderno. No Panóptico, os reclusos estavam presos a um lugar e impedidos de qualquer movimento, confinados entre muros grossos, densos e bem-guardados. Eles não se podiam mover, porque estavam sob vigilância, tinham que permanecer nos lugares indicados, porque não sabiam, e nem tinham como saber, onde se posicionavam os guardas prisionais. As instalações e a facilidade de deslocação dos guardas eram a garantia da sua dominação. O domínio do tempo era o segredo do poder de quem controlava os presídios e imobilizar os reclusos no espaço, negando-lhes o direito ao movimento, era a principal estratégia no seu exercício do poder. Também no modelo de educação escolar a situação era idêntica, já que os professores não identificavam a sua atuação com a função de educar, mas sim com a função de um especialista que conhecia a fundo a matéria que estava a ser objeto de estudo e que, devido à autoridade que este facto lhe conferia, exercia o controlo sobre a conduta dos alunos da turma. Ou seja, o conhecimento afirmava-se como um corpo sagrado, organizado para ser transmitido pela escola, através da autoridade do professor enquanto sujeito detentor do saber e responsável pela manutenção da ordem e da disciplina.
O que nos leva a falar do fim desta história de poder é que o esforço para acelerar a velocidade do movimento chegou ao seu ''limite natural''. Atualmente, o poder move-se com a velocidade do sinal digital e o tempo necessário para o movimento reduziu-se à instantaneidade. Ou seja, o poder tornou-se verdadeiramente extraterritorial, sendo que o advento dos dispositivos de comunicação digital, servem bem para ilustrar o ''golpe de misericórdia'' simbólico na dependência relativamente ao espaço. Na realidade, não importa mais onde está quem dá a ordem, a diferença entre ''próximo'' e ''distante'', ou entre o espaço ''selvagem'' e o ''civilizado''. O que quer que esta era seja atualmente, ela é também, e talvez acima de tudo, a era pós-Panóptica. O fim do Panóptico é o arauto do início de uma nova era digital que, no campo educacional, se afirma como móvel, pervasiva e ubíqua habitada por estudantes nômades digitais com tablets ''integrados''.
Assim como os nômades, mal vistos na era moderna, os nômades digitais movimentam-se, mas agora no ciberespaço em busca de informação, de conhecimento, de interação, de conectividade,... que satisfaça as suas necessidades enquanto seres humanos. Os nômades digitais movimentam-se em espaços híbridos, habitando comunidades virtuais de aprendizagem, de relacionamento, de prática, blogs, chats, fóruns, mundos virtuais,... e a partir dessas interações e relações, constroem uma rede de caminhos indefinidos, presente num espaço de fluxos (CASTELLS, 2007). E nesse contexto híbrido podem assumir múltiplas representações, como avatares, personagens, imagens em 2D e o próprio corpo físico, movimentando-se incessante e instantaneamente, de um cenário para outro, sendo que o seu ''lar'' se vai configurando na rede tecida entre os diferentes espaços. A possibilidade de se mover por estes espaços, com características diversas, propicia distintas formas de interação, desde a linguagem textual à oral ou gráfica, e de coexistência, desde o estar presente, simultaneamente, num espaço analógico e virtual, alterando a experiência de espaço do estudante, no que se refere às interações e às conexões.
Com esta fluidez e liquidez, em ambientes híbridos e multimodais, o tempo e o espaço pedem e clamam pelo multitasking, e, neste caso, sem perda de tempo e com uma agilidade, atualmente proporcionada por dispositivos tecnológicos, como os smartphones ou os tablets. É na realidade um tempo e um espaço mais fluído, com um novo estilo, com significado estético e aquilo que o estudante faz, também pode desfazer, não sendo capaz de parar ou ficar parado, estando em constante mobilidade com os seus dispositivos ''integrados''... E afirmando-se como diferente do outro na comunidade, com um lugar próprio na rede...E quando em saturação, assumindo outras formas com as suas ferramentas tecnológicas...
Dispositivos Móveis, Tablets e o just-in-time e just-for-me¶
Como foi referido no ponto anterior, face à mobilidade, ubiquidade e conectividade dos nossos estudantes, atualmente, é praticamente impossível falar de aprendizagem sem tecnologia. Na realidade, o uso das tecnologias digitais tornou-se um imperativo. A Comissão Europeia, através da iniciativa "Abrir a Educação" defende a necessidade de fomentar "formas inovadoras de aprendizagem e ensino, de elevada qualidade, através do recurso às novas tecnologias móveis e aos novos conteúdos digitais".
A difusão de dispositivos móveis, como os tablets, têm propiciado o desenvolvimento de inúmeros projetos, como o Project Tomorrow, o Tablets for Schools ou ainda o Creative Classroom Labs, levando tanto professores como estudantes a perceber que os seus equipamentos, outrora associados apenas ao lazer, podem servir também para aprender (TRINDADE; MOREIRA 2017).
Com efeito, a introdução de tablets no mercado veio provocar uma pequena revolução na forma como as pessoas em geral interagem com a tecnologia e, em particular, como esta pode ser aproveitada na educação. Nesse sentido, basta vermos que, de acordo com um estudo realizado nos Estados Unidos da América, em 2012, pouco depois do aparecimento destes equipamentos, o número de estudantes com um tablet mais do que triplicou no espaço de um ano. Além disso, revelou que tanto estudantes como professores entendem que estes equipamentos são tão válidos tanto para o entretenimento como para a educação e que os estudantes acreditam que este equipamento irá, de facto, transformar a forma como aprendem (PEARSON FOUNDATION, 2012).
Com a velocidade de um deslizar de dedo, a interatividade proporcionada pelos tablets permite aos estudantes encontrar um laboratório de ciências, uma recreação histórica, um estúdio de música, ou transportar-se virtualmente para uma biblioteca, um museu ou para qualquer canto do mundo.
Não nos surpreende, por isso, que, cada vez mais, se desenvolvam mais investigações, com o objetivo de identificar de que forma podem estes equipamentos contribuir para melhorar a educação.
De facto, a entrada dos tablets no mercado veio preencher o espaço que se encontrava vazio entre smartphones e laptops uma vez que a sua portabilidade, associada a telas maiores do que as dos telefones, veio permitir que, se pensasse num novo modelo de aprendizagem, móvel, praticamente ubíquo, e muito mais personalizado.
Algumas das características que consideramos mais importantes no uso das tecnologias móveis em geral, e dos tablets em particular, são a possibilidade de intercalar entre texto, vídeo e som, que podem ser preparados tendo em conta diferentes níveis de aprendizagem; a possibilidade de aceder a toda uma panóplia de novos conteúdos educativos que começam a aparecer com mais intensidade e de forma gratuita na Internet e que oferecem "more than just consumption, providing interaction and exploration as they take advantage of the touchscreen interface, web access, and large-tablet display size" (EDUCAUSE, 2011, p. 1).
Esta personalização da educação vem proporcionar uma certa revolução na própria forma como se passa a encarar o processo educativo, que vê agora tornar-se muito mais ténue a linha separadora entre a "aprendizagem formal" e a "aprendizagem informal", dando sentido ao projetado no ponto inicial com a construção de cenários ubíquos de aprendizagem.
Conjugando a sua portabilidade e acessibilidade os tablets, ampliam os cenários educacionais ''m-learning is possible everywhere and anywhere, dependent only on battery life and wifi access'' (MELHUISH & FALLOON, 2010, p. 11) e oferecem uma nova forma de interagir com os conteúdos, pois ''iPads are not laptops or desktops and thus compel us to adopt other ways of thinking'' (ALBERTA EDUCATION, 2011, p. 4).
Entre as vantagens da utilização dos tablets encontra-se a possibilidade de permitirem, ou pelo menos facilitarem, o trabalho colaborativo entre pares e, sobretudo, de permitirem uma aprendizagem mais autónoma (ALBERTA EDUCATION, 2011; GLIKSMAN, 2011; IRELAND & WOOLLERTON, 2010; MELHUISH & FALLOON, 2010; NAACE, 2012) e customizada, uma vez que "an individual can tailor their applications to suit their specific goals and purposes, in the same way that a teacher could do to meet the learning needs of a student" (MELHUISH & FALLOON, 2010, p. 11). Cada estudante pode desenvolver as tarefas que lhe interessam, transformando o professor num "facilitador", alguém que ''arquiteta'' as atividades de aprendizagem.
A este propósito é de destacar a importância dos conceitos "just-in-time" e "just-for-me", que fomentam a criação de novos cenários de aprendizagem personalizados, muito mais focados na relação dinâmica entre estudantes e professor.
Para além disso, é ainda de relevar que com este tipo de dispositivo o estudante tem a possibilidade de, também, assumir o controlo (partilhado) da aprendizagem, ou seja,
If students don't understand the lesson the first time, they can watch it repeatedly until they've learned it, said John Sipe, national retail sales manager for Houghton Mifflin Harcourt in San Diego. ''They could watch the video 15 times, and no one has to know, and it takes away the stigma of not getting it,'' he said. ''This is a move toward personalized and individualized instruction so the students take more of a role in their learning'' (eSCHOOL NEWS, 2011, online2.
Como refere Harmon, a sensação de controlo da aprendizagem que este equipamento propicia torna-o verdadeiramente especial (2011).
Também a interatividade proporcionada pelo uso do tablet tem um impacto no aumento do envolvimento (engagement) dos estudantes pois
an important factor which influences engagement that is provided by mobile technology is that feedback is given in real time. Direct real-time feedback to a student's actions reduces the level of distraction, since it allows them to seamlessly flow on to the next task at hand, rather than idling in class, waiting for feedback before moving on (HENDERSON; YEOW, 2012, p. 79).
Em geral, os tablets parecem ser considerados, tanto por estudantes como por professores, dispositivos confiáveis e funcionais que permitem o desenvolvimento de ambientes de aprendizagem atrativos e contribuem para uma aprendizagem pela descoberta:
such devices cannot be dismissed as mere toys or distractions and while they bring with them technical and management issues, these are far outweighed by increased student motivation, progress and collaboration. Students using them regularly indicate that their iPads have become an indispensible tool, facilitating research, communication with teachers and, as in art, saving considerable time so enabling greater achievement (NAACE, 2012, p. 50).
Este aumento do envolvimento estudantil é estimulado pela capacidade que a maior parte das aplicações do iPad têm de interagir e interligar-se umas com as outras. Por exemplo,
some applications, like} History: Maps of the World, exploit the iPad's capabilities to support multiple learning styles, inviting users to match music and artwork on the touchscreen with the appropriate time and geographic location, thus presenting data that is visual, auditory, and kinesthetic. At the same time, the iPad's tactile interface and media-friendly approach introduce an element of fun into the learning experience (EDUCAUSE, 2011, p. 2).
Os resultados da iniciativa desenvolvida no Reino Unido, Tablets for Schools, que procurou equipar as escolas com tablets, permitiram concluir que os estudantes apreciam muito estes dispositivos, sobretudo, porque lhes permitem ser também autores na produção do conhecimento:
pupils who have previously struggled to express themselves in writing enjoy having alternative methods of articulating their learning, such as filming themselves, producing a presentation, an animation or a mind map (CLARKE, SVANAES & ZIMMERMANN, 2013, p. 48).
Esta relação personalizada que os estudantes estabelecem com os seus tablets, e em particular com as variadas aplicações do iPad, tem gerado índices de motivação elevados, porque os estudantes tornam-se mais ativos, não assumindo apenas o papel de atores no processo de aprendizagem, mas também o papel de autores. Para além disso a aprendizagem torna-se, na realidade, mais pessoal e interativa, dando liberdade aos estudantes para expressarem a sua criatividade, não os amarrando ao espartilho dos ''conteúdos''. Assim, é importante colocar os estudantes perante desafios que os encorajem a aprender através da descoberta e da construção individual do seu conhecimento (BOTTENTUIT JUNIOR, 2012).
Promovendo estratégias de pesquisa, este equipamento e como referem Melhuish & Falloon, poderá contribuir para o desenvolvimento do espírito crítico, da capacidade de resolver problemas e de reagir com eficácia perante diferentes situações.
while the iPad offers both utility and productivity applications (for example, weather checking and iWorks), iPad apps developers working in educational fields are most likely to leverage more immersive applications. ... This could lend itself to more authentic and complex problem solving applications, ideally suited to constructivist-referred learning experiences (2010, p. 7-8).
De facto, muitas das aplicações do iPad transformam-no num equipamento que serve não apenas para consumo, mas também para a produção de conteúdos (IRELAND & WOOLLERTON, 2010).
Veja-se a esse respeito a esquematização, de acordo com a taxonomia de Bloom, das aplicações existentes tanto para iPad (sistema IOS) como para \emph{Google Android} feitas, no primeiro caso, por Silvia Tolisano3 (Figura 1) e, no segundo caso, por James Wassmer4 (baseado em Tolisano) (Figura 2).
Figura 1: Aplicação da taxonomia de Bloom e Apps para iPad.
Fonte: Silvia Rosenthal Tolisano - GloballyConnectedLearning.com - Adaptado por Dave Mileham.
Figura 2: Aplicação da taxonomia de Bloom a Apps para Google Android.
Fonte: Silvia Rosenthal Tolisano - GloballyConnectedLearning.com - Adaptado por Dave Mileham.
Verificamos em ambos a existência de diferentes aplicações que permitem criar, avaliar, analisar, aplicar, perceber e lembrar diferentes conteúdos, aumentando, assim, o espectro de possibilidades de utilização destes dispositivos.
A este respeito Norris e Soloway (2013) lembram que "although _technology can be just a bunch of gadgets, good technology is really good opportunity - good technology enables people to do things they literally couldn't do before" (p. 110). E mesmo que não existam ainda muitos estudos que comprovem que a utilização de iPads está diretamente relacionada com a melhoria dos resultados escolares5, é possível, pelo menos, afirmar que o iPad se afigura como "a tool to increase productivity in the classroom by making things easier and accessible, and to a certain extent, possibly enhancing learning through the use of applications" (HENDERSON & YEOW, 2012, p. 83).
No entanto, e ainda a este respeito, refira-se que Harmon (2011) elaborou um estudo onde comparou os resultados obtidos em exames por alunos da Euclid City School (Estado do Ohio), que tiveram acesso a iPads durante o ano letivo que antecede a realização desses exames com os resultados de alunos da mesma escola que não tiveram acesso a este equipamento e verificou que o grupo dos alunos com acesso a iPads obtiveram uma taxa de aprovação mais elevada (Tabela 1).
Tabela 1: Taxa de sucesso dos alunos da Euclid City School nos Testes de Graduação.
Fonte: Harmon, 2011.
Aplicações variadas, usabilidade, acessibilidade e portabilidade são algumas características que tornam agradável a utilização de dispositivos como os iPads nas salas de aula (WALSH, 2012). O Relatório do projeto Tablets for Schools, apelida os tablets de "portable pedagogical toolbox" (CLARKE, SVANAES & ZIMMERMANN, 2013, p. 43). De fato,
such devices cannot be dismissed as mere toys or distractions and _while they bring with them technical and management issues, these are far outweighed by increased student motivation, progress and collaboration. Students using them regularly indicate that their iPads have become an indispensible tool, facilitating research, communication with teachers and, as in art, saving considerable time so enabling greater achievement (NAACE, 2012, p. 50).
Outro trabalho realizado pela Longfield Academy, de Kent, no Reino Unido, relativo ao uso de iPads, revela que os estudantes consideram que este equipamento pode ser uma ferramenta educativa poderosa, porque permite:
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Easy Internet access
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Use of iBooks
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Makes reading interactive
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Translation tools
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Making movies
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Use of educational games
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Use of Apps to support learning
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Mind mapping
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Communication with teachers
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Creating and delivering presentations
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Homework
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Access to texts, mark schemes and past exam papers
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Listening to podcasts e.g. on GCSE Pod
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Annotation of texts
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Drawing etc . in art (NAACE, 2012: 22).
De destacar ainda a abertura em 2013, na Holanda, das primeiras "Steven Jobs Schools" que adotaram um sistema de ensino de acordo com os princípios da fundação O4NT ("Onderwijs voor een nieuwe tijd" ou "educação para uma nova era") e cujo programa, que foi proposto pelo governo holandês em 2012, tinha como suporte o iPad. No comunicado enviado para a imprensa referia-se que
in the O4NT approach, teachers will no longer simply convey knowledge to a group of children; they will be transformed into coaches that support children with their individual and group projects. Because educational apps are used for basic skills, the learning process can be completely adapted to the individual child's learning speed and style 6.
No entanto, e apesar das potencialidades evidentes destes dispositivos, há que ter alguma prudência na forma como se utilizam estes dispositivos. De acordo com o Observatório de Recursos Educativos,
a vaga de otimismo algo incontrolado que até ago-ra girava em torno destes recursos educativos começa, efetivamente, a conhecer as primeiras reservas -- as quais, acrescente-se, em nada sugerem que se descure a sua mobilização em contexto de sala de aula, mas que precisamente se ponderem, com racionalidade e prudência, os modos da sua utilização
Este Observatório destaca ainda diferentes estudos cujos resultados apontam para a redução de rendimento em termos cognitivos, a diminuição da concentração e, consequentemente, a compreensão do que está a ser exposto na sala de aula e que quando se leem textos no computador se consegue perceber menos o seu significado do que quando estamos a ler um documento em papel (OBSERVATÓRIO DE RECURSOS EDUCATIVOS, 2014).
Comentários Finais¶
Atualmente e em (quase) toda a parte é dito incessantemente que vivemos na era da mobilidade e da conectividade. Estamos conectados, e é por meio das conexões permanentes que organizamos o nosso mundo, construímos múltiplas identidades, ensinamos e aprendemos, transcendendo o lugar de onde somos e estamos. Tudo pode ser remixado, combinado, transformado e, em instantes, um conteúdo pessoal pode ``viralizar'' e ganhar dimensões inimagináveis, ignorando as fronteiras e limites entre o mundo digital e o analógico. Vivemos em fluxos deslizantes e velozes de acessos ilimitados e sem restrições a saberes e conteúdos de qualquer natureza.
A era da mobilidade e das conectividades é a própria era das colaborações, do realizar coletivo, da convergência, da coexistência onde as fronteiras se dissipam, onde os sujeitos em movimentos nômades vão tecendo as suas teias/redes e construindo os seus saberes. E fazem-no, em espaços híbridos onde já não faz sentido a separação entre o mundo analógico e o digital, pois esses espaços são um continuum criado e operacionalizado por diferentes dispositivos tecnológicos, como os tablets, que estão cada vez mais ao alcance dos estudantes a preços mais acessíveis, permitindo a sua proliferação. Com efeito, este continuum é possível, porque os tablets permitiram aceder a um dilúvio de informação ''apenas com o toque de um dedo, quando se quiser, sempre que se quiser, e onde se quiser'' (TRINDADE, 2015, p. 215).
Num mundo onde as experiências são partilhadas e tudo circula sideralmente, num contexto cada vez mais ubíquo, multimodal e híbrido e no qual tudo está em contínuo movimento através da interação com diferentes dispositivos tecnológicos, como smartphones ou tablets, são múltiplas as abordagens que podem enriquecer a educação deste século XXI. Com efeito, atualmente, é difícil falar apenas de uma educação de certezas e de valores estáveis. Parece-nos mais apropriado falar em ``educações'' múltiplas que considerem e valorizem diferentes tecnologias, metodologias e, sobretudo, pedagogias diferenciadas: da explicação, da pesquisa, da prática, da emancipação, do projeto ou da socialização.
É por isso muito importante que os avanços tecnológicos aplicados à educação façam parte da formação de professores. E para isso, é necessário que quem faz as políticas educativas desenvolva "estratégias para ajudar os professores a compreender melhor as complexas relações entre tecnologia móvel, pedagogia, projeção e implementação" (UNESCO, 2013, p. 51). Neste contexto é fundamental que os próprios professores saibam apropriar-se das vantagens destas tecnologias, e as usem na criação de novos ambientes de aprendizagem, mais motivadores, mais estimulantes e, sobretudo, sejam capazes de desenvolver, nos seus estudantes, as competências essenciais para a sua integração nesta nova era digital do século XXI.
Para além disso é necessário, também, a reconstrução da profissionalidade docente, devendo os professores estarem conscientes que não se trata apenas de dominar um determinado instrumento ou um novo sistema de representação de conhecimento, mas sim de uma nova cultura de aprendizagem. Uma cultura de aprendizagem onde as pessoas estão (hiper) conectadas ''em qualquer lugar'', ''a qualquer momento'' devido à proliferação de aparelhos como os tablets, e onde se promova um conjunto de habilidades e competências, como a colaboração, o pensamento crítico e resolução de problemas, a criatividade, a persistência, a curiosidade ou a iniciativa, fundamentais para o desenvolvimento harmonioso do cidadão do século XXI.
Referências¶
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BOTTENTUIT JUNIOR, J. Do computador ao tablet: Vantagens pedagógicas na utilização de dispositivos móveis na educação. EducaOnline, v. 6, n.1, p. 125-149, 2012.
CASTELLS, M. A Sociedade em Rede. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007.
CLARKE, B., SVANAES, S. & ZIMMERMANN, S. One-to-one tablets in secondary schools: an evaluation study - Stage 2 (2013). London: Family Kids and Youth, 2013. Disponível em: http://tabletsfor-\newline{}schools.org.uk/wp-content/uploads/2012/12/FKY-Tablets-for-Schools-Stage-2-Full-Report-July-2013.pdf. Acesso em 14 abr. 2017.
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HARMON, J. Unlocking Literacy with Ipad.~Through Students Eyes Project. 2011. Retirado do Website do projeto Unlocking Literay with iPad: http://www.throughstudentseyes.org/ipads/unlocking_literacy\newline{}_with_ipad/ipads_files/unlocking_literacy_ipad.pdf. Acesso em 27 mar. 2017.
HENDERSON, S. & YEOW, J. iPad in education: A case study of iPad adoption and use in a primary school. In R. H. Sprague, Jr. (Ed.), 45th Hawaii International Conference on System Sciences (pp. 78-87). Manoa: University of Hawaii, 2012.
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WALSH, K. Study Finds Benefits in Use of iPad as an Educational Tool. Education Technology Success Stories, Future of Education Technology, iPads and Other Tablet Devices, Making the case for Education Technologies. 2012, July 8. [Web log post]. Disponível em: http://www.emergingedtech.com/2012/07/study-finds-benefits-in-use-of-ipad-as-educational-tool/. Acesso em 26 mar. 2017.
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''Fluidez'' é a qualidade de líquidos e gases. O que os distingue dos sólidos, como a Enciclopédia britânica refere, com a autoridade que tem, é que eles ''não podem suportar uma força tangencial ou deformante quando imóveis'' e assim ''sofrem uma constante mudança de forma quando submetidos a tal tensão''. ↩
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http://www.eschoolnews.com/2011/05/09/schools-see-rising-scores-with-ipads/3/ (acessível em 28/03/2017). ↩
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http://langwitches.org/blog/2012/03/31/ipad-apps-and-blooms-taxonomy/ (acessível em 28/03/2017). ↩
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http://www.livesincontext.org/google-apps-blooms-taxonomy.html (acessível em 07/04/2017). ↩
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Pode consultar-se, a propósito, o estudo "Unlocking litteracy with iPad", realizado por Harmon em 2011(Harmon, 2011) http://www.throughstudentseyes.org/ipads/unlocking_literacy_with_ipad/ ipads_files/unlocking_literacy_ipad.pdf e onde o autor compara os resultados obtidos em exames por alunos que tiveram ou não acesso a iPads. ↩
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http://www.macrumors.com/2013/08/21/first-seven-ipad-only-steve-jobs-schools-open-in-the-netherlands/ (acessível em 28/03/2017). ↩