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Educação e Cibercultura: O Ativismo Digital da Juventude de Terreiro de Candomblé

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Legenda

Luzineide Miranda Borges

## Agô e Okolofé: saberes e fazeres na etnopesquisa

Agô é uma palavra em Yorubá1 que significa licença e Okolofé, benção. Agô é uma das palavras mais utilizadas no terreiro. Pedimos agô quando queremos entrar nos lugares sagrados do terreiro, pedimos agô quando queremos conversar com alguém que está ocupado ou conversando com outra pessoa. Já Okolofé é uma saudação sagrada que usamos na troca de benção entre os candomblecistas, na nação Ijexá. Quando chegamos ao terreiro, saudamos os mais velhos e os mais novos com: okolofé? E ele ou ela responde Okolofé Olorum, Okolofé (que Deus te abençoe!). Assim, antes de começar a minha pesquisa, pedi agô e okolofé aos meus ancestrais, à minha mãe Darabi e também ao Egbé (comunidade), como ato de respeito e humildade aos saberes aprendidospraticados2 nesse espaçotempo de conhecimentos sacralizados, à natureza e aos orixás. 3

Figura 1: Beatriz Miranda, mensagem pelo \textit{WhatsApp} no dia 03.08.16, às 16:04, vindo de Madureira, onde foi comprar fibra para trançar o cabelo.


Fonte: Página Facebook.

Os saberes produzidos nos terreiros são construídos pelos fios da nossa ancestralidade recuperada e atualizada no saberfazer da nossa cotidianidade.

A Figura 1, foi produzida a partir da narrativa de Beatriz Miranda, abian4 no terreiro pesquisado. Como Bia, milhares de jovens têm a sua trajetória de vida marcada pela presença dos Orixás5, são eles/elas a sua referência de vida e de luta. Ela registra suas trajetórias formativas no axé nas suas postagens do Facebook, WhatsApp e no Twitter. Foi com ela que percebi que nas produções ciberculturais dos candomblecistas havia traços identitários que falavam de um povo que luta todos os dias para pertencer a sua religião e ter o direito de circular tranquilamente sem correr o risco de serem agredidas ou até mesmo de morrer. O relatório da Secretaria de Direitos Humanos, apresentado no final de novembro de 2017, aponta que a cada 15 minutos é registrada uma denúncia de intolerância religiosa no Brasil. De terreiro depredado à mãe de Santo agredida, a luta por professar a fé é muito grande, principalmente se pertencer a religiões de matrizes africanas como o Candomblé e a Umbanda. Segundo a UNESCO, "A análise de 2017 aponta que a maioria das vítimas de intolerância pertencem a religiões de origem africana, com 39% das denúncias. Lideram o ranking umbanda (26 casos), candomblé (22) e as chamadas matrizes africanas (18). Depois, vêm a católica (17) e a evangélica (14). (ONLINE)".

Segundo Bastide (2001), o Candomblé é uma religião de matriz africana cultuado nas diásporas desde o período da colonização, especialmente nas Américas. Com sua origem africana, mas forjada no encontro dos povos indígenas, intercruzados e por vezes 'misturados' com a devoção católica, ele se constitui em religião afro-brasileira, pela sua singularidade e complexidade no viver e cultuar as suas divindades. Para Ferreti (2005), as religiões afro-brasileiras já chegaram às Américas, sobretudo a Latina, sincretizada pelo cristianismo e islamismo presentes no continente africano.

A narrativa de Bia é uma declaração de amor, respeito e cuidado com os valores religiosos que ela acredita e aprendeu a amar. É também um enfrentamento à violência simbólica e material que as religiões de matrizes africanas enfrentam desde que os povos africanos aqui chegaram. Apesar do discurso de ódio, que cresce juntamente com o avanço das religiões neopentecostais, jovens como Bia não têm medo de falar das suas divindades em suas redes sociais digitais. Juntei-me a essas e esses jovens para aprender o que é uma vida costurada pelos fios das narrativas das divindades afro-brasileiras nos espaçostempos*das redes educativas: terreiro de candomblé e redes sociais digitais (*Facebook, WhatsApp e no Twitter). Trago nesse artigo alguns saberes produzidos nesses espaçostempos e compartilhados nas redes sociais digitais pelos pertencentes desta religião do terreiro pesquisado.

Assim, nesses últimos anos, venho seguido às postagens dos atores sociais da pesquisa em que fazem referências à sua religiosidade. Em particular tenho printado as etnofotografias e etnonarrativas que retratam alguns rituais, resumos das reuniões de organização e manutenção do terreiro, etnovídeos e etnoáudios dos ensaios de danças, brincadeiras diversas, comemorações de aniversários, ou produzidas durante a realização das oficinas desenvolvidas fora do terreiro referenciada pela etnopesquisaautobiográfica (, 2012).

A minha pesquisa tem um significado, uma importância na temporalidadeespacial no Ilê Axé Odé Omopondá Aladê Ijexá, localizado no Banco da Vitória, em Ilhéus -- BA, terreiro que se constitui em local de resistência dos afrodescentes no Sul da Bahia.

Como pertencente do candomblé, religião marginalizada historicamente, mas formada por um povo que produz inteligibilidadesoutras (MACEDO, 2012), nós existimos e reexistimos como povo de luta e batalhamos pelo reconhecimento como pauta das nossas reivindicações presentes.

Posicionado como povo de luta, nós candomblecistas aprendemos nos espaçostempos do Terreiro que a nossa luta é por respeito, mas que esse respeito perpassa pelo nosso autorreconhecimento.

Assim, antes de começar minhas observações como etnopesquisadora, conversei com mãe Darabi, a responsável pelo terreiro, falei da minha pesquisa, qual era o objetivo e como pensava em realizá-la. Pedi agô e okolofé para começar as minhas atividades enquanto pesquisadora no terreiro, caso ela concordasse. Mas como filha da casa, eu precisava pedir a agô e okolofé antes de começar a pesquisa oficialmente. Com sua benção e autorização, orientada, em 22 de dezembro de 2015, reunida com o egbé -- comunidade em volta da fogueira de Xangô, conversei com os presentes sobre o que desenvolveria e disse que faria uma postagem no grupo do terreiro, no Facebook, apresentando o percurso metodológico e epistemológico do trabalho.

A pesquisa é, para mim, uma experiência tecida na circularidade de saberes vividos no terreiro, cujo princípio maior é encontrar sentido na existência dessa vida com todas as complexidades da formação humana e qual a importância dos saberes ancestrais no processo civilizatório na luta contra o racismo religioso no ciberespaço. Assim, é uma etnopesquisa-autobiográfica tecida pelos fios da epistemologia da ancestralidade que encontra ressonância na rede de estudos decoloniais da América Latina.

AfroCibercultura: a juventude de terreiro na luta contra o racismo religioso e o epistemicídio

"Eu sou o que sou porque nós somos"

(provérbio africano)

Estamos em uma época que não conseguimos viver sem o ciberespaço. Saímos da era analógica off-line para a digital on-line. Temos diversos aplicativos digitais que organizam a nossa vida, com um simples aplicativo que nos avisam que precisamos beber água a cada duas horas ou conforme a nossa programação no aplicativo há aplicativo que organiza carona entre pessoas da mesma rua ou condomínio. As denúncias contra homofobia, pedofilia ou terreiros que estão sendo atacados também podem ser realizadas a partir de aplicativos disponíveis gratuitamente para smartphne conectados à internet. O ciberespaço nos conecta com o mundo e com uma gama de possibilidades de acesso ao conhecimento e pessoas que estão conectadas à internet através das redes sociais digitais, blogs, site de notícias, bibliotecas e enciclopédias digitais. Estamos vivendo o ápice da cibercultura com o fenômeno denominado a internet das coisas (PRETTO&SILVEIRA, 2008).

É o digital em rede direcionando as nossas ações e reflexões e com apenas um clique utilizando o dedo indicador e o polegar. A geração digital em rede faz tudo junto e ao mesmo tempo. Postam suas atividades diárias no Facebook e Instagram, fazem seus comentários sobre políticas*,* artes, cinemas, economia e religião no Twitter, assistem suas séries preferidas na netflix, baixam músicas em sites de downloads e ainda tem seus canais e seguem seus youtuber no site do youtube. Uma geração com um nível de interação nunca vivenciado na história da humanidade. O povo nagô também está conectado e vive a cibercultura com tudo o que ela pode lhe permitir. A sua autoria na cibercultura traz as marcas do reconhecimento da diversidade epistemológica do mundo (SANTOS, 2010, p. 55).

Os dispositivos para essa etnocompreensão são as postagens que os atores sociais da minha pesquisa disponibilizam na sua página pessoal e na do grupo do terreiro no Facebook, com as hashtags: #souafroreligioso*e#*respeitojá realizada em 11.11.16 na luta contra um projeto de lei encaminhado pelo Ministro Marco Aurélio, a pedido do Ministério Público do Rio Gran- de do Sul (MP-RS) em que pede que retire um trecho de uma lei gaúcha que "isenta de punição por maus tratos a animais de cultos e liturgias das religiões de matriz africana que praticam sacrifícios, como o candomblé" 6.

Figura 2: Foto postada por Abedédolá(Johnny Passos) em sua timeline no Facebook para a campanha #Respeitojá.


Fonte: Página Facebook.

Essa campanha foi fundamental para o que venho conceituando como epistemologia do pertencimento referenciada na epistemologia ancestral7. Quando cheguei ao terreiro em 2012, os seus pertencentes raramente postavam foto ou alguma coisa que fizesse referência à sua religião nas redes sociais digitais. Utilizavam imagens que se aproximavam das suas identidades e gostos pessoais, como fotos de máscaras africanas ou de cachoeira. Timidamente, nos últimos anos fui percebendo que alguns vão dando visibilidade a sua religião, alterando seu nome no Facebook com o seu orunkó -- nome que recebe após a iniciação no candomblé. Como Lima de Kaô é o perfil atual de Patrícia Lima, Kaô é parte da saudação do orixá Xangô que é seu orixá. E temos também Onylakayê Lourival Piligra Júnior, Lourival Piligra é Obá de Xango no terreiro pesquisado, depois de sua iniciação no terreiro ele acrescentou ao seu nome de perfil no Facebook, o Onylakayê, que é seu orunkó. Temos também o Obá de Xangô Eduniná que após sua iniciação alterou o seu perfil no Facebook para Paulo Eduniná Fumaça. Além de alterar seus nomes, eles também postam fotos com suas roupas e fios de contas como sinais diacríticos da sua religião. Na campanha #respeitojá #souafroreligioso, a mãe Darabi compartilhou no grupo do terreiro no Whatsapp um áudio do seu irmão de santo, o ogan Fadori, que dizia:

Queridos filhos e amigos, não temos direito a professar a nossa fé, mais uma vez a nossa religião está sendo atacada. Peço a todos vocês que façam um pequeno vídeo, trajados devidamente com roupas do axé e com fio de conta no pescoço, falando quais são suas funções no axé, seu/sua pai/mãe de santo e sua nação, postem no Facebook na sexta-feira, dia 11/11, às 14h e 20h, e os que por algum motivo não puderem cumprir o horário que o façam na quarta-feira. Vamos pedir mais uma vez respeito já! (Transcrição do áudio compartilhando no grupo do terreiro, no dia 10.11.16).

Como o ogan Fadori, vários outros terreiros compartilharam áudios pedindo que adeptos do candomblé se posicionassem deixando seus rastros no ciberespaço, sinalizando que pertencem a uma religião, cujo legado é bastante rico para a formação etnocultural brasileira, mas que é deslegitimada pela cultura hegemônica e pela educação. Quando perguntei aos ogans Abédédolá (Figura 02) e a Ganbitá (Figura 03) o que achavam da campanha e se acreditavam que esse tipo de ação teria algum resultado para os terreiros, ouvi deles as seguintes respostas:

Minha irmã, chega de silêncio! Não dá para ficar de braços encruzados não. Esse povo queima terreiro, apedrejam jovens quando encontram vestidos de yawó na rua. A gente precisa fazer alguma coisa. Postar fotos no Facebook é o mínimo que fizemos, temos muita coisa a fazer. Vamos às ruas e também vamos encaminhar um documento ao STF também (ogan Abédédolá, via áudio, no WhatsApp, no dia 20.11.16).

Figura 3: Foto da capa e do perfil do ogan Ganbitá (Francisco Benevides), no Facebook, para a campanha #RespeitoJá.


Fonte: Página Facebook.

Já para o ogan Ganbitá, "o projeto de lei 21/2015 é uma pequena demonstração do racismo religioso que o povo negro sofre desde que aqui chegou". E o que o racismo do Brasil, em particular, e do mundo, ampliando a nossa compreensão, tem a ver com tudo isso? Tem a ver com a forma epistêmica, política e cultural com que os europeus utilizaram para justificar o seu processo colonizador no início do século XVI nas Américas. O racismo à moda brasileira silencia e invisibiliza, deslegitimando os afrodescendentes da sua humanidade. Para os europeus gananciosos, os africanos negros e os indígenas não tinham alma. Se não tinham alma, não eram humanos, logo, poderiam ser escravizados e explorados até a morte. Se não tinham alma, consequentemente não tinham direito a ter famílias, cultura, língua e religião (LUZ, 2008; PÓVOAS 2012). Assim que chegavam às Américas eram batizados, mesmo considerados sem alma, e ainda em África recebiam nomes europeus e perdiam qualquer ligação com seu continente, seu país, sua cidade ou sua aldeia (CHIAVENATO, 2012; GOMES, 2007; MOURA, 1987).

Foram mais de 300 anos em que a elite das colônias e dos países europeus sobreviveu em um sistema político e econômico de soberania e exploração de um continente. O sistema colonial acabou no final do XIX, certo? Sim, qualquer livro de história atesta que sim. Mas, a relação de poder que os brancos europeus, bem como os brasileiros tinham sobre os africanos acabou junto com o colonialismo? Fanon (2008), Mignolo (2005), Quijano (2005), Oliveira & Candau (2010) e Maldonado-Torres(2007) irão dizer que não. Nós sabemos também que não, porque 300 anos não são 300 dias. Ainda hoje convivemos em nosso cotidiano com o modus operandi do Brasil Colônia. Quando o povo do axé posta nas redes sociais digitais que "#SouAfroreligioso" e "#respeitojá" ele está sinalizando que, nesses últimos 128 anos de abolição oficial da escravidão, o povo negro na diáspora africana ainda é visto como subalternizado, sem cultura e sem civilidade graças ao produto do colonialismo, que é a colonialidade. Para Maldonado-Torres:

O colonialismo denota uma relação política e econômica, na qual a soberania de um povo está no poder de outro povo ou nação, o que constitui a referida nação em um império. Diferente desta ideia, a colonialidade se refere a um padrão de poder que emergiu como resultado do colonialismo moderno, mas em vez de estar limitado a uma relação formal de poder entre dois povos ou nações, se relaciona à forma como o trabalho, o conhecimento, a autoridade e as relações intersubjetivas se articulam entre si através do mercado capitalista mundial e da ideia de raça. Assim, apesar do colonialismo preceder a colonialidade, a colonialidade sobrevive ao colonialismo. Ela se mantém viva em textos didáticos, nos critérios para o bom trabalho acadêmico, na cultura, no sentido comum, na autoimagem dos povos, nas aspirações dos sujeitos e em muitos outros aspectos de nossa experiência moderna. Neste sentido, respiramos a colonialidade na modernidade cotidianamente. (2007, p. 131)

Figura 4: Postagem e comentário de Bianca para campanha #RespeitoJá.


Fonte: Página Facebook.

O Facebook tem se configurado como um dos espaços de luta dos povos de terreiro. Assim, acabamos com o colonialismo, mas não exterminamos o colonialista presente nas relações econômicas, culturais, políticas, jurídicas e administrativas presente em nossa sociedade. Só os afrodescendentes dessa sociedade racista contemporânea sabem e sentem na pele o quanto a colonialidade tem um efeito genocida sobre nosso corpo e nosso povo.

Na Figura 4, quem faz o apelo é a Bianca Leite, além de falar das origens nagô quando apresenta o seu terreiro Ilê Axé Odé Omopondá Aladé Ijexá e o orixá que rege a sua ori (cabeça), Oxaguian, ela faz um apelo, para além da tolerância, queremos respeito. Desde os séculos XVII e XVIII, que os filósofos John Locke e Voltaire discutem o conceito de tolerância religiosa e nos últimos anos é cada vez mais comum a preocupação de muitos pesquisadores com esse tema. O que a Bianca pede é mais que tolerância, atendendo a campanha, ela pede respeito. Compreendemos que a tolerância impõe um limite. Muitos dizem que são tolerantes e que não têm nada contra as pessoas que são de outra religião, mas na primeira oportunidade o proselitismo entra em ação, toleram, mas oferece panfleto com trechos bíblicos e convidam para missa ou para o culto no final da conversa. Toleram mas não faz uma visita ao seu terreiro e raríssima vez chamam para seu ambiente familiar. É uma tolerância sempre com interrogação e muito cuidado.

As campanhas que lutam contra o racismo religioso, numa tentativa de ampliar a discussão sobre essa tolerância que não agrega e não nos faz caminharmos juntos/as, vem utilizando o conceito de respeito como potencializador de uma discussão entre os diversos, acreditando que podemos construir um diálogo inter-religioso. Mas, se analisarmos os dados das últimas Caminhadas de Liberdade Religiosa8 que aconteceram no Rio de Janeiro, Salvador e em Ilhéus, verificaremos que as religiões de matrizes africanas seguem sozinhas. Ainda é pouco a participação das religiões com outras vinculações. Assim, quando pedimos respeito, sentimos nesse conceito as suas limitações também. Os que respeitam ou toleram, dizem que não vão te julgar porque no juízo final Deus fará o julgamento. Há o silêncio e a invisibilidade tanto de quem respeita quanto de quem tolera e os dados da intolerância religiosa só aumentam. Percebemos assim, que tanto o conceito de tolerância como o de respeito não dão conta da complexidade que é a vivência na diversidade.

Seguimos em pleno século XXI com motorista de ônibus coletivo que se recusa a levar uma candomblecista vestida com suas roupas de axé9. São programas de TV com programações em que perpetua a violência e o discurso de ódio, satanizando as religiões de matrizes africanas, atribuindo todas as maldades do mundo apenas a esse segmento religioso. É comum assistirmos a novelas e programas de TV e sermos sempre representados/as de forma folclorizada e degradante. Na escola, não é diferente. A maioria das crianças que são candomblecistas frequentam escolas públicas que, desde que se propôs a ser "democrática" e lugar de "todos", vive um processo de sucateamento e invisibilidade da diversidade com seu currículo homogêneo e sua cultura judaico-cristã10. Sua resistência está na invisibilidade e no silêncio, para não serem hostilizadas e nem sofrerem agressões, elas dificilmente falam da sua pertença religiosa e se declaram católicas. E a escola segue comemorando a Páscoa, o São João e o Natal porque esse é um projeto da colonialidade mesmo diante de uma constituição que nos diz que o país é laico e a educação tem que garantir a laicidade em seu currículo.

Segundo Brandão (2014):

Diversas instâncias estão sendo ocupadas pela massiva presença de instituições religiosas, majoritariamente as católicas e protestantes. O problema está não nesta ocupação, pois como sabemos pelas pesquisas que desenvolvemos as pessoas entram em instituições laicas ou não com seus saberesfazeres encarnados. Porém, o que nos preocupa são as práticasteorias fundamentalistas e discriminatórias que ferem a laicidade nas escolas, espaçostempos comuns e de convivência, nos quais todos os credos devem ser tratados com o mesmo respeito e onde ninguém pode ser discriminado por aquilo que acredita, pratica ou pensa em matéria de religião ou outro aspecto qualquer nas nossas tantas diferenças: gênero, práticas políticas etc. [...] Essas crianças aprendem, aí, a serem praticantespensantes dessa religião e narraram o que sofreram de preconceitos nos espaçostempos escolares. (p.53)

Da mesma forma que o movimento em favor da libertação do povo negro tem resistido desde o final do século XVII, a colonialidade também sobrevive e conta com a estrutura do capitalismo selvagem para permanecer, se possível retornar ao período da escravidão humana/africana. Os estudos de Fanon (1983), Mbembe (2013), Said (2001), Hall (1997), entre outros, produziram uma vasta reflexão sobre uma época denominada pós-colonial.

Assim, a colonialidade do poder reprime os modos de produção de conhecimento, os saberes, o mundo simbólico, as imagens do colonizado e impõem novos. Opera-se, então, a naturalização do imaginário do invasor europeu, a subalternização epistêmica do outro não-europeu e a própria negação e o esquecimento de processos históricos não-europeus. (OLIVEIRA; CANDAU, 2010, p. 5).

Na luta contra o racismo religioso também está a Ya Tabexi11 Loyá Pè Lokè (Figura 5). Assim, como os demais, ela fala que não quer ser tolerada, e sim respeitada. Pergunto como se sente diante de tantas agressões, ela responde balançando os ombros: " tou nem aí, sirvo o meu orixá, amo o meu terreiro e esse povo nem sabe do que estão falando". Lamentavelmente, o povo de axé segue lutando contra o racismo religioso.

Figura 5: Fotografia e comentário postado por Lay Miranda (Loyá Pè Lokè) para Campanha #RespeitoJá.


Fonte: Página Facebook.

Pè Lokè, como é conhecida dentro do terreiro, é ativista digital mais atuante do Terreiro, quando ela diz "e não nego minha origem", ela chama atenção para as táticas que muitos candomblecistas usam para seguir invisível e não sofrer o racismo religioso. Além de várias postagens que ela faz em seu perfil pessoal no Facebook, ela tem uma página com a sua função no terreiro com mais de 4.500 seguidores.

Aprendemos com a força e a resistência da Yá Tabexi a não recuar, a seguir em frente. Em conversa com ela, ela me disse: "Tem dia que fico muito triste, não deveríamos ter que ficar o tempo inteiro explicando o que é orixá, ou que na minha religião o diabo não existe, gostaria apenas de postar meus vídeos cantando, mas tem sempre alguém na minha página tentando me converter" e para provar que estava falando a verdade, ela diz: "vem cá ver!", e mostra vários comentários em sua página em que é hostilizada, desqualificada e por vezes satanizada (veja na Figura 5).

Figura 6: Prints do perfil e da página de Loyá Pè Lokè, em junho de 2015.


Fonte: Página Facebook.

A narrativa da Yá Tabexi (Figura 6, acima), de apenas 12 anos, é diferente da narrativa da Bia (Figura 1), de 14 anos, ambas seguem na luta, uma declarando o seu amor aos orixás e demonstrando em poesia e afeto que há beleza, encanto e alegria na vivência com sua ancestralidade. A Yá Tabexi também traz várias postagens em suas páginas em que amor e alegria fazem do seu cotidiano no terreiro um lugar de encantamento, mas a maturidade que a faz escrever o texto que está na figura 05, à esquerda, demonstra que ao sair do terreiro o discurso de ódio também faz parte da sua realidade e lutar contra ele é um compromisso de todos.

A epistemologia do pertencimento tem como pauta de discussão e reivindicação o direito de existir na produção do conhecimento acadêmico como conhecimento emancipador pautado na cultura africana, produzido na África e na diáspora, forjado pelos sujeitos como autores da sua própria história. E, sim, "não somos descendentes de escravos, somos descendentes de africanos que foram escravizados" como afirma e reafirma Makota Valdina.12 O povo nagô não são filhos do diabo nem cultuam demônio como ouvimos nos programas de TV em horários de grande audiência. O nosso presente é construído a partir das bases culturais produzidas na preservação da nossa memória de reis e rainhas que os nossos ancestrais nos presentearam, mas que foi roubada no processo de colonização. Os nossos saberes ancestrais superam a dor e o sofrimento da travessia transatlântica, a solidão e do desencaixe familiar com a separação dos familiares nas senzalas. Deu força e garra para fugirmos das senzalas e depois reconstruirmos nos quilombos e, hoje, nos terreiros de candomblé os nossos valores civilizatórios, históricos e culturais. Estamos longe dos nossos direitos humanos, temos muita luta pela frente. Mas nos enche de esperança ver uma postagem em que povo de axé se posiciona como pertencente de uma religião que historicamente foi/é perseguida.

O desafio posto para os docentes é a compreensão de que as pessoas, nós, estamos imersos num mundo cada dia mais digitalizado em que as relações são atravessadas pela multiplicidade de acesso à informação e ao conhecimento que nos legitima como um ser no mundo e com o mundo (FREIRE, 1998). Se a escola tem dificuldades em problematizar e apresentar o povo brasileiro como uma nação multirracial e interreligiosa, as redes sociais digitais vêm nos mostrando que as pessoas que estão conectadas não têm nenhuma dificuldade em dar visibilidade às suas origens étnicas, apesar do discurso de ódio também presente no ciberespaço. Aprendemos com Calado (2001), um freiriano por opção epistemológica e política que:

Feito para o ser mais, o ser humano é ontologicamente chamado a desenvolver, nos limites e nas vicissitudes de seu contexto histórico, todas as suas potencialidades materiais e espirituais, buscando dosar adequadamente seu protagonismo no enorme leque de relações que a vida lhe oferece, incluindo as relações no mundo e com o mundo, as relações intrapessoais, interpessoais, estéticas, de gênero, de etnia e de produção (CALADO, 2001, p. 52).

Assim, nos novos processos de acesso à informação e também de posicionamento político nas redes sociais digitais, podemos afirmar que a juventude de terreiro ultrapassa os limites impostos pelas mídias de massa e até mesmo pela escola. O seu protagonismo é dosado pela resistência e pelas lutas cotidianas do seu existir dentrofora dos terreiros como guardiões da cultura afrobrasileira. Encontramos no Facebook relatos diários de violência racial13 e religiosa (candomblé e umbanda estão à frente desses dados), a visibilidade da estética negra como tombamento contemporâneo, o feminismo negro contribuindo com as lutas feministas, que não pauta a questão racial, a cultura negra como a cultura da subversão e dos acontecimentos de um povo que não se via representado nos livros didáticos nem nos canais abertos e fechados de TV, a literatura negra que não chega às escolas, são compartilhadas em versão digital nas redes sociais digitais, o cinema negro, cada vez mais popularizado pela netflix14, feira afro e inúmeros eventos culturais, artísticos e políticos caracterizando a cibercultura, como a cultura contemporânea em que uma nova interface de lutas sociais e posicionamentos diversos têm no ciberespaço acolhimento e potência.

Portanto, educar é proporcionar condições que permitam o desenvolvimento da autonomia, do respeito ao outro como produtor de saberes e do reconhecimento que vivemos em um país diverso e intercultural. Continuar invisibilizando ou silenciando os saberes que circulam no ciberespaço e nos terreiros é contribuir para a produção do pensamento único e o epistemicídio da diversidade cultural que forma a nossa sociedade. Os candomblecistas são produtores de saberes e alteram os espaços por onde circulam, seja na escola, seja nas redes sociais digitais e também no terreiro*.* Os educadores precisam criar nas escolas espaços co-criativos de produção de conhecimento e partilhas de saberes diversos.

Fios inconclusivos da pesquisa em construção...

Os fios dos saberesfazeres construídos nos terreiros servem para tecer, cozer, unir e juntar o nó e nós que formam as redes cotidianas que intercruzam, linkam e aproximam as nossas vivências. Assim, a vivência (escuta sensível) é o fio metodológico e, por muitas vezes, epistemológico que conectaram o saber dos terreiros com o saber da academia, ambos se encontrando e conectando as nossas vidas na cibercultura. Os fios são os afetos, as acolhidas, a parceria e também os desafios da complexidade que constituem uma pesquisa. São fios de africanidades construídos nas relações hibridizadas dos saberes produzidos e compartilhados (partilhado com) pelos que sonham e acreditam em uma sociedade melhor, um mundo de todos e com todos indiscriminadamente. Assim, as redes se intercruzam, se aproximam e juntas podem potencializar teias de saberesfazeres éticos respeitando as crenças, raças e classes sociais.

estou aqui escrevendo

Referências

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SANTOS, Boaventura de S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez, 1995.


  1. Iorubá ou ioruba (ÈdèYorùbá), por vezes escrita como yorubá ou yoruba é um idioma da família linguística nígero-congolesa, falado secularmente pelos iorubás em diversos países ao sul do Saara, principalmente NigériaBenimTogo e Serra Leoa, e no Brasil dentro de um contínuo cultural-linguístico composto por 22 milhões a 30 milhões de falantes. No continente americano, o iorubá é usado em ritos religiosos afro-brasileiros (onde é chamado de nagô) e afro-cubanos (onde é conhecido também por lucumí). Texto extraído da https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_iorub%C3%A1

  2. Aprendidospraticados e*dentrofora* são termos utilizados por Nilda Alves para substituir os tradicionais dentro e fora, aparece dessa maneira para mostrar como o modo dicotomizado de analisar a realidade, que herdamos da ciência moderna, significa limites ao desenvolvimento das pesquisas nos/dos/com os cotidianos. Utilizar essa forma de grafar para examinar as ideias da/na Cibercultura e outros temas da contemporaneidade é uma forma de reconhecer os intercruzamentos dos saberes que circulam nos espaçotempo das redes educativas. 

  3. Os Orixás (youruba Òrìsà; em espanhol Oricha; em inglês Orisha) eram ancestrais africanos que foram divinizados, pois durante sua vivência na terra, supostamente adquiriam um controle sobre a natureza, como: raios, chuvas, árvores, minérios e o controle de ofícios e das condições humanas, como: agricultura, pesca, metalurgia, guerra, maternidade, saúde. 

  4. Abian é toda pessoa que entra para a religião do candomblé depois de fazer uma consulta através dos búzios com o Babalorixá ou Yalorixá e após ter passado pelo ritual de lavagem de fio de contas ou o ebori/borí. Poderá ser iniciada ou não, vai depender do orixá pedir a iniciação. Só deixará de ser Abian quando for iniciada, sendo então um ìyáwò, ekede ou ogan. Saiba mais em: https://candombledabahia.wordpress.com/2013/05/01/sou-abian-qual-a-minha-funcao-no-axe/ 

  5. Os orixás são deuses africanos que correspondem a pontos de força da Natureza e os seus arquétipos estão relacionados às manifestações dessas forças. Veja mais em: https://ocandomble.com/os-orixas/

  6. Trecho retirado da reportagem disponível em http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/11/apos-vetar-vaquejada-supremo-vai-julgar-sacrificio-religioso- de-animais.html. Acesso em 20.12.2016. 

  7. OLIVEIRA, Eduardo D. A Ancestralidade na Encruzilhada: dinâmica de uma tradição inventada. Dissertação de Mestrado. Curitiba: UFPR, 2001. 

  8. Veja alguns dados da última Caminhada em 2017. Disponível em: http://www.pordentrodaafrica.com/cultura/caminhada-em-defesa-da-liberdade-religiosa-mais-do-que-tolerancia-nos-queremos-respeito 

  9. Veja a reportagem completa em: https://odia.ig.com.br/_conteudo/rio-de-janeiro/2016-08-09/jovem-afirma-que-motorista-de-onibus-recusou-leva-la-por-causa-de-sua-religiao.html 

  10. Para ampliar a discussão, ver "Educação e raça - Perspectivas políticas, pedagógicas e estéticas", da Nilma Lino Gomes e Anete Abramowicz, Ed. Autêntica, 2010. 

  11. É a pessoa que é iniciada na religião e tem como função cantar para o orixá. 

  12. Valdina Pinto de Oliveira, mais conhecida como Makota Valdina, (Salvador, 15 de outubro de 1943) é uma educadora, líder comunitária e religiosa brasileira, militante da liberdade religiosa, como porta-voz das religiões de matriz africana, bem como dos direitos das mulheres e da população negra". Trecho da sua bibliografia disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Makota_Valdina . Acesso em 04.12.16. 

  13. A página Senti na pele, tem como objetivo, mostrar relatos de pessoas que sofreram algum tipo de discriminação ou injúria racial. https://www.facebook.com/sentinapele/?fref=ts 

  14. No Novembro Negro, vários grupos fizeram circular a lista com séries, documentários e cultura pop com 10 filmes e séries com protagonistas negros que você pode assistir na Netflix. Lembrando a importância da representatividade no cinema. Segundo a wikipedia, a Netflix é uma provedora global de filmes e séries de televisão, via streaming, hoje ela tem mais de 90 milhões de assinantes. Criada em 1997, nos Estados Unidos, a empresa surgiu como um serviço de entrega de DVDs pelo correio. A expansão do streaming, disponível nos Estados Unidos a partir de 2007, começou pelo Canadá em 2010. Hoje, mais de 190 países têm acesso à plataforma. Sua primeira série original de sucesso foi House of Cards, lançada em 2013. Veja mais em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Netflix