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Ciberarte: O Movimento Artístico em meio a era tecnológica

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Autores

Especialista em Tecnologias e Educação Aberta e Digital (UFRB - UAb Portugal). Graduada em Teatro pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB - campus de Jequié). E-mail: pouana@gmail.com.

Doutoranda em Ciências da Educação (Universidade de Coimbra). Mestre em Estudos sobre a Europa (Universidade Aberta). Jornalilsta (Universidade de Coimbra). Coordenadora do Centro Local de Aprendizagem de Porto de Mós, Portugal (Universidade Aberta). Formadora na área de pedagogia e aprendizagem em plataformas digitais; desenho de atividades pedagógicas; gestão de atividades; avaliação; cinema. E-mail: seforasilva@gmail.com.

Resumo: O presente artigo é fruto do interesse pessoal da pesquisadora pelas expressões artísticas presentes na sociedade e cultura digitais. Tem como objetivo endereçar a arte em meio à contemporaneidade e apontar como são denominados os trabalhos que unem arte e tecnologia. A metodologia é de cunho qualitativo e tem por método a revisão de literatura fundamentada nas produções disponibilizadas em livros, artigos, blogs, sites, e diferentes mídias, inclusive digitais. Evidenciou-se que arte e tecnologia (Ciberarte) trouxeram ganhos exponenciais nas mais diferentes áreas de convivência social e estética, facilitando e ampliando a experimentação sensorial e autonomia humana na contemporaneidade, pois propiciam experiências ímpares, disponíveis com fácil acesso e ao alcance da interação de/por todos nos ambientes reais e virtuais, em decorrência das facilidades tecnológicas atuais, e todo este aparato tecnológico, guia-nos para o futuro, num mundo de cores e sensações inimagináveis, pura emoção e sensibilidade ao simples toque. Este é um campo promissor e cada vez mais em ascensão por sua infinidade de possibilidades.

Palavras-chave: Arte, Tecnologia, Ciberarte.

Introdução

Com o crescimento urbano, populacional e digital na esfera global e com os avanços sociais, deslanchamos como toda a civilização humana e cultural, seguindo o fluxo dos acontecimentos, adaptando-nos e abarcando uma série de mudanças.

Em meio aos constantes avanços e inserções tecnológicas, hoje podemos ter a certeza do pertencimento a uma sociedade conectada, seja no contato com as instituições, seja ao fazer compras. Tudo ficou facilitado e fluido graças à tecnologia e à internet, presentes em todos os lados e em dispositivos cada vez menores, ao alcance de nossas mãos. Desde a revolução industrial é cada vez mais perceptível e positivamente estarrecedor os avanços com que nos deparamos, seja na robótica, seja na medicina, seja nas pesquisas de laboratórios científicos.

A natureza humana chegou num estágio em que pode fazer tudo, ou quase tudo, com um simples clique em um aparelho eletrônico. No entanto, não podemos pensar o Homem apenas como um ser funcional. Não diferente do que foi em tempos anteriores, esse mesmo ser humano não perdeu sua capacidade de amar e se relacionar. Por séculos o Homem desenvolveu atividades que o fizeram transcender, se expressar. Logo, nosso propósito nesta escrita é entender esse movimento nos dias atuais.

Por milênios a arte esteve presente na vida do ser humano, por se tratar de uma expressão humana imprescindível e fundamental na antropologia e manifestação humana e por ser um fortíssimo bem que o equilibra e o relaciona com o mundo e seu entorno.

Como necessidade fundamental do ser humano, a arte tem percorrido todos os períodos de sua existência, em todos os tempos e partes do mundo, retratando a forma como um determinado grupo em um tempo específico se expressou e viveu. (FERREIRA, 2010, p. 13)

Falar do ser humano implica pontuar esse movimento denominado de arte e também do lugar que ele tem se embrenhado com os avanços tecnológicos. É se permitir questionar em meio à sociedade e culturas tão digitalizadas e inseridas em tantos aparatos tecnológicos, como se expressa a arte? Que lugar ela ocupa em meio à contemporaneidade e sociedade digitalizada? Que linguagens são essas pelas quais a arte é manifestada na sociedade digital? Como nominamos o movimento de fusão da arte com a tecnologia?

O anseio pela resposta a estas perguntas, nos leva a tentativa de detectar as manifestações artísticas presentes na sociedade e culturas digitais, que é o objetivo geral desta pesquisa. Se aprofundarmos mais nossos objetivos específicos temos o desejo de: i - Ponderar a relevância da arte; ii - Discorrer sobre a presença e nomenclaturas das expressões artísticas na contemporaneidade; e iii - Apresentar as influências da Ciberarte na sociedade digital.

A pesquisa que se segue tem por método a revisão de literatura, que seguirá nas seguintes etapas: leitura, observação e discussão dos conceitos propostos (Arte, Tecnologia e Ciberarte); apreciação e explanação sobre alguns trabalhos artísticos e tecnológicos que abarquem a genuína compreensão do conceito Ciberarte; apresentação dos nomes/conceitos das obras de arte frutos da Ciberarte e, por fim pontuar o alcance do uso da tecnologia na expressão artística.

A arte e sua Relevância na Sociedade Humana

Entender o mundo e suas evoluções é entender aquilo que somos e de onde viemos. Desde os primórdios que o ser humano precisou criar meios de se entreter e socializar, mas não apenas socializar, como também de criar e melhorar suas vidas. "Ampliar redes é também estabelecer uma comunicação efetiva e estruturada para que possamos nos conhecer e mapear potencialidades do que cada um tem a oferecer" (Serviço Social do Comércio, 2019, p. 17).

Podemos afirmar que a Arte é essencial para que o movimento cultural e humano se difunda há milênios. Nossa sociedade e cultura movem-se em torno do mundo com essa humana capacidade criadora e inovadora que o Homem tem de dominar competências e aplicá-las em prol da vida em sociedade. Segundo Rocha et al. (2016, p. 3) "A Arte faz parte da cultura e envolve vários aspectos da vida contemporânea: a tradição com expressões da cultura popular, a inter-relação de diversos campos do conhecimento e as inovações tecnológicas."

Na Antiguidade, alguém que tinha um interesse em desmitificar algo, era uma pessoa que ocupava vários papéis, dizia-se desse que era ao mesmo tempo filósofo, alquimista, cientista, artista, enfim, um estudioso de tudo.

Sempre que se precisou desvendar ou descobrir alguma coisa, essa capacidade de fazê-lo e aquele que dominava estas competências tinha uma noção geral das coisas, conhecia o todo. Conforme leitura e interpretação de Giardelli e Valente (2016, s.p), infere-se que só com o avanço tecnológico e com a revolução industrial é que as coisas passaram a ser estudadas e entendidas de maneira fragmentada, de modo que surgiram as especializações em que as pessoas vieram a estudar e se dedicar a áreas específicas.

Com o passar do tempo foi se dando outros nomes para classificar aqueles que dominavam determinada técnica ou habilidade, mas não é incorreto afirmar que seja qual for a habilidade profissional, o agente desta habilidade é o artista de sua área do saber. Mencionamos como exemplo as corriqueiras citações da linguagem coloquial ao mensurar habilidade de fazer algo como sendo arte: "a arte de dialogar", "a arte culinária", "criar filhos é uma arte", "educar é uma arte" e assim por diante. A Arte é sempre associada à uma capacidade ímpar de fazer e gerir as coisas, como algo especial, importante, relevante, e que ao mesmo tempo é uma experiência de grupos específicos. Mas afinal, o que é Arte?

Entendemos a arte como uma área do conhecimento humano específica que se expressa e comunica de maneira diversa por meio da experiência e sensações com imagens, sons, texturas, cores, luz e/ou sombra, texto escrito e/ou oral e com o movimento. (ROCHA et al., 2016, p. 3)

Desta maneira percebemos o quanto a Arte é integradora, especial, lúdica, sensível e essencial à humanidade. E por falar em Humanidade, ela se expressa em cada cultura e povo de modo ímpar, sempre tendo pontos que se tocam por se tratar de seres humanos, mas sempre singular por se tratar da capacidade humana de criar jeitos diferentes de ser e fazer.

Arte como Produto Cultural

A relevância da arte em meio à vida humana é tão primordial, e tão pertencente ao ser humano, que não poderia ser diferente do que é. Onde há a existência e presença de pessoas, há a ação e manifestação da arte e por assim funcionar, não deixaria de sê-lo com o avanço tecnológico e a inserção da internet. Este modo e capacidade que o ser humano tem de inserir cor e ludicidade no mundo e fazer coisas verdadeiramente impressionantes, trata-se de algo próprio de sua natureza humana e por assim sê-lo, se expressa em tudo que ele faz. De acordo com Serviço Social do Comércio (2018, p. 11): "A arte [...] pressupõe um lugar entre a contemplação passiva e a ruptura ativa e, nesta tensão positiva, abole fronteiras e amplia espaços".

Por ser algo natural e inerente da pessoa humana, a arte é expressa em cada meio e sociedade cultural de acordo com o período, práticas sociais e exposição da vivência deste mesmo povo. A arte ao longo da história da humanidade sempre veio canalizar e expressar os sentimentos, costumes, aprendizados e tocar os ambientes mais tênues da alma humana, levando a sociedade a avançar, se transformar, modificar e se movimentar.

A arte pode ser colocada como produto cultural, pois como demonstramos nos parágrafos anteriores, ela está presente em cada sociedade em particular, é fruto das vivências deste povo. A arte compreende as linguagens da música, dança, do teatro e das artes plásticas (pintura, desenho, etc.), que também remontam dos primórdios da sociedade.

Desde as cavernas que o ser humano tenta se expressar com arte, quando, por exemplo, pintavam nas grutas suas vivências e acontecimentos diários. Os primeiros habitantes do Brasil (os povos indígenas) também faziam várias danças rituais para colheita, para atrair a chuva, para fazer contato com os espíritos ancestrais, pintavam os seus corpos, trajavam "vestes", dentre outros aspectos e todos estes são elementos que hoje conhecemos e sabemos ser de cunho artístico. Porém, não deixando de serem manifestações de hábitos e da cultura destes povos. Portanto, a arte é um produto cultural e fruto das experiências de um povo, expressão dos diferentes grupos humanos ao redor do mundo. De acordo com Ferreira (2010, p. 12), "tudo que sabemos acerca do homem dos primeiros tempos deve-se à arte. Ela é presente quando ainda não se fazia uso da linguagem textual, e, portanto, a arte é atemporal".

Antes de aprender a falar e escrever, o homem já dominava sua habilidade de se expressar por meio do desenho, da dança, da música e mesmo depois de desenvolver essa e tantas outras habilidades, a arte continua sendo sua genuína forma de expressão humana, ela simplesmente é dele. A arte é tão necessária, importante e primordial em nossas vidas que ela acompanha as mudanças socioculturais, permeia em nosso dia a dia, se apropria dos avanços e mudanças e ganha novas formas, se reinventa, ascende, transcende e, através de suas reformulações adquire status quo.

O Homem saiu do fogo para a roda e da roda ganhou o mundo. De lá para cá, as melhorias e facilidades não param. Da Revolução Industrial ao Mundo Digital, nem o espaço mais é limite, pois dotados de inteligência e munidos de tecnologia, vários satélites orbitam em volta da Terra, várias sondas viajam o espaço, o que nos permite inferir que: ir à lua foi um passeio interessante para registro da Humanidade e da capacidade desse Homem de criar e romper barreiras.

Ciberarte: Expressões da Arte Unida à Tecnologia

Para adentrarmos no conceito de Ciberarte, precisamos discutir e mediar a presença da Arte com a Tecnologia, e para entendermos os impactos dessa sobre aquela, carecemos minimamente entender o que seja tecnologia. Vários são os conceitos que a abarcam, porque várias são as possibilidades tecnológicas. Em síntese, poder-se-ia afirmar ser a tecnologia a habilidade da inovação em uma determinada área de atuação, seja ela médica, mecânica, educacional, financeira, etc.

Geralmente, o senso comum associa diretamente a palavra tecnologia à "coisas" como computação, robótica e até mesmo a aparelhos eletrônicos. Entretanto, este tipo de associação propõe um conceito de tecnologia reduzido, ou seja, deixa muita coisa de fora. Por exemplo: quando pensamos no contexto educacional de sala de aula, não é difícil compreender computadores, projetores, lousas digitais como tecnologia. Mas quando falamos sobre o quadro negro, giz, livros, não os associamos à palavra tecnologia, e é aqui que se dá o primeiro ponto deste posttecnologia é qualquer dispositivo ou equipamento desenvolvido a partir da técnica humana. Portanto giz ou lousa, projetor ou computador, são todas tecnologias, apenas de tipos diferentes. (SILVA, 2016, s.p)

Assim, como os estudos científicos apresentam seus avanços e descobrem curas, vacinas, tratamentos, fazem clones e trazem várias influências para área médica e farmacêutica, assim funciona a ação da tecnologia em cada área. A arte é um determinado domínio da técnica e a tecnologia é aquilo que é produzido a partir da técnica humana. Logo, como podemos observar, a tecnologia está para arte e a arte se usufrui desta tecnologia na expressão da vida, dos sentimentos e de qualquer que seja a necessidade humana.

O Homem inovou em suas criações e agora ele une o que já dispunha de sua capacidade artística com a tecnologia e faz produções artísticas digitais, ou digitaliza apresentações, remodela espaços, insere leds, cores, hologramas, música tecnológica (eletrônica), gamifica programas, e cria verdadeiras experiências sensoriais. Um dos exemplos atuais dessa união é o que ocorre no Projeto Sofar Sounds:

O projeto Sofar Sounds modificou a relação de copresença entre músicos e plateia. Como as apresentações ocorrem em formatos intimistas, com as pessoas próximas aos músicos, a plateia tem uma relação com os artistas que não existe nos grandes eventos de musica popular. Por outro lado, a disponibilização das gravações dos shows na internet faz essas apresentações intimistas alcançarem multidões ao redor do mundo. Portanto, a experiência desse projeto pode ser múltipla: durante as apresentações, presencia-se a parte artesanal do trabalho musical; na internet, participa-se de um evento de divulgação musical em massa. (ROCHA et al., 2016, p. 19)

O que antes autores/criadores, dramaturgos, diretores teatrais e inovadores como Jerzi Grotowski ou Augusto Boal queriam fazer com seu público tornando parte integrante dos seus espetáculos e atuantes na apresentação, hoje também ocorre com os artistas da contemporaneidade com o uso da tecnologia, pois essa propiciou mais interatividade. A arte e algumas expressões da arte, como esculturas, instalações, entre outras só ganham forma ou só funcionam com a intervenção de seu público, como é o caso da instalação "Nuvem" de Caitlind R.C. Brown e Wayne Garret, onde os artistas precisaram juntar seis mil (6.000) lâmpadas incandescentes e florescentes para formar a instalação. A obra só se completa com a participação do público e a proposta quer dar a impressão de que os participantes estão debaixo de uma nuvem num dia de chuva, e possam ver nela os efeitos luminosos dos raios, além do que, a obra também levanta a reflexão do seu público para a questão dos efeitos da luz artificial em nossas vidas.

Figura 1: Instalação Nuvem, de Caitlind R.C. Brown e Wayne Garret, 2012.


Fonte: (UTUARI et al., 2015, p. 23).

Podemos citar também outra instalação cujo artista convida seu público para participar a fim de que ela venha a se completar, é o caso da instalação visual "O Projeto Tempo" de Olafur Eliasson, que foi exposto no museu Tate Modern na Inglaterra. O artista convida o público a viver as sensações de um pôr do sol imerso numa suave neblina. Para construir os efeitos, o artista utilizou umidificadores e centenas de lâmpadas para irradiar a luz laranja e amarela que podemos ver na imagem a seguir.

Figura 2: O Projeto Tempo de Olafur Eliasson.


Fonte: (UTUARI et al., 2015, p. 25).

Além da interação com a obra de arte na era tecnológica, hoje temos a possibilidade de assistir telenovelas, filmes, musicais, vídeos e apresentações na comodidade de nossas casas, seja por meio do computador, smartphone, TV, tablet, e a essa gama de possibilidades de apreciação disponível por meio dos dispositivos eletrônicos chamamos de internet das coisas. Este é elo invisível que permite que com um sinal de wi-fi consigamos conectar nossos dispositivos a qualquer realidade que se possa acessar via internet, e a internet das coisas é mais um movimento de ação e interação de seus usuários em que se soma tecnologia e arte ao redor do mundo.

Dos primeiros televisores e rádios criados até os de nossos dias, os processos de transferências de som e imagem mudaram muito. As linguagens que nasceram dessas pesquisas também. Contudo, algo ainda não mudou: a arte e a ciência andam juntas na criação de linguagens e novas formas de comunicação e expressão. (UTUARI, 2015, p. 69)

Tão necessário como entender quem somos é perceber como a Arte nos define, nos equilibra, nos revela. A Arte é genuinamente expressão humana e nosso contato com ela revela nossos gostos, nossas preferências e para cada preferência, uma expressão se ocupa de dar vazão a nossa aptidão ou inclinação artística, seja o estilo da música, da dança, do filme, ela dá um leque de opções possíveis. Unida à tecnologia, a arte pode nos alcançar de diferentes formas e a essas formas podemos também chamar de narrativas transmídia, visto que nosso livro ou quadrinho (HQ) favorito pode se tornar filme, música, pelúcia, cosplay, videogame, adesivo, mas este é um assunto para outra pesquisa. Ainda ratificando o papel da arte no tangente àquilo que somos; ela é indispensável, pois:

Se fizermos um exercício imaginário de retirar a arte de nossas vidas resta pouco ou quase nada: o que comemos, por onde andamos, os objetos que usamos, a arquitetura de onde estamos, as imagens que vemos, as palavras que lemos, o corpo que movemos, o pensamento que mobilizamos, entre tantas outras coisas visíveis e invisíveis... A arte nos faz extrapolar o real e perceber as situações por diversos ângulos de forma propositiva a outro funcionamento dentro da mecanicidade bidimensional do cotidiano. 'A arte existe porque a vida não basta', dizia o poeta Ferreira Gular. (SERVIÇO SOCIAL DO COMERCIO, 2018, p. 16)

Graças aos avanços tecnológicos, podemos hoje ver as obras de arte criadas em tempos passados com uma maestria e magnificência que só a Ciberarte pode proporcionar. É o caso que podemos citar das obras de Van Gogh. Com auxílio de programas gráficos, entre outros aparatos tecnológicos, podemos agora apreciar a filmes como: "Loving Vincent" ou em sua tradução para a língua portuguesa "Com Amor Van Gogh", em que nele as telas pintadas por Van Gogh são animadas e ganham fala e movimento, tornando-se um filme de animação sobre a vida do artista por meio de suas pinturas.

Outra obra que ganhou uma nova dimensão com a tecnologia é o quadro de Guernica, do pintor espanhol Pablo Picasso, onde é possível ver a obra em 3D. O que há de narrativa transmídia nisto? A justa capacidade de pegar algo que já existe e transcendê-lo, transformá-lo, torná-lo outro, partindo de uma obra já existente, surge uma obra digital, tridimensional e diferente. Por já termos adentrado na influência da tecnologia na arte e vida na contemporaneidade, vamos brevemente transitar por este caminho.

Hoje como já é de conhecimento da maioria da população mundial, a internet é uma ferramenta utilitária, lúdica, séria, e segue com vários adjetivos e funcionalidades, está acessível em diferentes dispositivos e pode-se tomar mão dela em qualquer localidade com um sinal de rede por meio de pacotes de dados, ou wi-fi, mas nem sempre foi assim.

Nos primórdios da internet, o uso e acesso à rede eram bem limitados a um grupo de pessoas privilegiadas, a troca (interação) era pouca ou quase nenhuma e os códigos binários utilizados compreendiam uma programação visual simples. A rede foi aos poucos se transformando com o decorrer das décadas, passando do modelo estático 1.0, pouco interativo, para o colaborativo 2.0, onde era possível partilhar saberes entre os usuários e ter acesso às redes sociais, chegando ao contemporâneo 3.0, modelo mais focalizado, com os conteúdos mais organizados. E muito se tem estudado, investido e explorado nos moldes da rede 4.0 e 5.0 - inteligência artificial-, mas qual impacto dessas mudanças na arte?

A linguagem digital provocou mudanças profundas nos modos de fazer, divulgar, acessar, fruir e discutir a arte. Das pinturas rupestres às mais modernas instalações de arte, as criações artísticas tanto comunicam, expressam e desafiam nossos conhecimentos como nos encantam e nos fazem refletir. (SILVA, 2015, s.p)

Podemos falar em arte e sua presença mesmo nos inícios do uso da internet, visto que toda compreensão estética e visual dada a um ambiente virtual, seja ele básico como for, já pode ser compreendido no conceito de Arte, visto que alguém o pensou, projetou, modelou, usou de sua criatividade e passou por um processo de criação. Tem a assinatura de alguém e tem um propósito ou intenção de causar algum efeito sobre aqueles que o veem, é uma expressão de alguém sobre algo e será apreciado e visto por outros, cumprindo-se aí o propósito fruitivo, contemplativo ou estético da arte. A esta capacidade de expressão da arte na contemporaneidade chamamos de Ciberarte. Mas afinal o que é Ciberarte?

Ciberarte é mais uma das expressões humanas em meio ao universo tecnológico, talvez a mais vasta e maciça delas. Afinal, em todo nosso entorno podemos encontrar elementos que evidenciam a sua presença e interferência, naquilo que vemos e fazemos. A Ciberarte em resumo é como afirma Figueiras et al., (2013, s.p):

Ciberarte ou Arte Eletrônica -- do inglês cyber, sem tradução para o português que remete à tecnologia digital - é usado para nomear uma das formas que, ao longo do tempo e da evolução do meio técnico científico informacional, tornou-se um grandioso método para a reinvenção da própria tecnologia. Ela abrange diferentes formas de fazer arte a partir da recombinação dos processos de criação artísticos pré-existentes e/ou aglutinados a outros, dando vida a um terceiro, completamente novo. É principalmente a relação interativa do artista com as ferramentas de alta tecnologia que utiliza a fim de trazer ao mundo real as ideias que até então só existiam no mundo imaginário. (FIGUEIRAS et al, 2013, s.p)

A Ciberarte é este movimento artístico imbuído de tecnologia, tem um destaque interessante no que diz respeito à ação, atividade, presença, cooperação na obra de arte. Por ser uma arte interativa, sugere a manipulação de aparatos tecnológicos por parte do artista criador e acontece com a interferência, ou participação do público na obra de arte, ou da presença/ação em tempo real do artista para que aconteça em plenitude, situação essa demonstrada nas imagens vistas acima, nas instalações "Nuvem" e "O Projeto Tempo".

Seja na galeria ou nos eventos sociais no dia a dia, seja ao manipular o celular e as variadas plataformas on-line, seja na pista de dança, nas luzes dos shows e boates, enfim, a Ciberarte não é uma arte passiva e meramente contemplativa, ela envolve artista, público e tecnologia, gerando novos modos de sentir e entreter, criar e fazer, interagir e fruir. A Ciberarte é o que chamamos de linguagem multimídia. Segundo Utuari et al., (2015, p. 62): "Uma linguagem multimídia é aquela que mistura várias linguagens, explorando o uso de imagens, sons, gestos e movimentos, por exemplo."

Quanto à interatividade da Ciberarte, essa dinâmica de interferência do público sobre a obra, além de sua participação na composição do espetáculo cênico, de dança ou da exposição, seja lá qual for a natureza da exposição, também se dá mediante a expressão de suas opiniões, por meio de comentários, curtidas, acesso, compartilhamento, no ambiente do ciberespaço. Justamente, porque além da expressão da arte, sua resposta e alcance se dá em tempo real, do lugar de onde a obra é acessada pelo espectador, independente do local geográfico onde este se encontra.

No que diz respeito à participação das pessoas no acesso a obra de arte no ciberespaço, além do exemplo citado Projeto Sofar Sounds, podemos citar ainda o momento atual, que em meio a pandemia de covid-19, em diversas partes do Brasil, podemos assistir lives ao vivo de diferentes artistas. Lives essas que contam com a presença on-line de milhares de pessoas que participam do momento artístico na comodidade de suas casas e por meio de redes sociais, curtem, comentam, compartilham juntas nesse espaço em que a arte se expande e ao mesmo tempo aproxima as pessoas. Logo, pode-se mediante o exposto ratificar o supracitado, que a Ciberarte é uma expressão artística que clama o uso tecnológico e se efetiva na participação do público e da interação deste com o artista ou deste com sua obra.

Ao assistir filmes, ler revistas, ver comerciais, DVD's, ouvir músicas, ou ser atendido num consultório médico, estamos conectados e vivenciando a Ciberarte, pois desde o design do site que se abre para dar acesso a plataforma do plano de saúde, como a formatação da guia de um exame que assinamos ou ainda da caixa de remédios que tomamos, em tudo está a presença e preocupação estética com a imagem do produto ou serviço e também a ação da cibernética e da produção tecnológica facilitando e dando vida e cor às nossas interações sociais. Tudo hoje pode ser projetado e construído com o uso da tecnologia. Podemos assim dizer que a própria tecnologia é a arte do terceiro milênio, já se tornou pragmática e indispensável à vivência humana, pois na mais simples das atividades dispõe-se da ajuda dela, quer seja na produção, na execução ou na correspondência, tudo se envereda na pertinência da Ciberarte. Esta nova forma de expor a arte (essa capacidade de criação e expressão por meio da tecnologia), traduz em suma, o sentido a que se aplica esta palavra nesta pesquisa.

Recapitulando, a Ciberarte é a expressão do fenômeno artístico na contemporaneidade, trata-se de uma arte interativa, polifônica, pós-moderna e sua ferramenta principal de expressão, reprodução e propagação é com e pelo uso das tecnologias. Algumas expressões e linguagens da Ciberarte na atualidade, das quais aqui podemos nominar e mencionar deste tecnológico modo de expressar da arte são:

[...] a video-arte, a tecno-body-arte (Stelarc, Orlan), o multimidia (CD-Rom), a robótica e esculturas virtuais (Marc Pauline e o SRL), a arte halográfica e informática (imagens de síntese, poesias visuais, Internet e suas Home Pages, arte ASCII, smileys, exposições virtuais), a realidade virtual e, obviamente, a dança, o teatro e a música tecno-eletrônica. (ARTS, s.d, s.p.).

Citamos apenas algumas das expressões difundidas em torno do mundo, admitimos que provavelmente não se encerra as possibilidades de expressão da Ciberarte, já que infinitas são as possibilidades de criação que poderão em breve vir ao conhecimento do público.

As Expressões Artísticas da Ciberarte

Desde que o mundo é mundo que ele se transforma. Com o fenômeno da Revolução Industrial, muita coisa se acelerou em meio à sociedade, as cidades começaram a se formar e com elas o comércio, as igrejas e teatros, e as pessoas começaram a ter outras prioridades e ocupações. Paralelo e imbuído neste movimento de transformação, seguia de mãos dadas à inovação e também a arte.

Ao longo da História vimos no campo das artes vários períodos e influências, como, por exemplo: romantismo, classicismo, barroco, modernismo entre outros, o que indica que a cada período histórico da sociedade, houve um modo de fazer e expressar esse movimento humano por meio da arte.

As artes visuais, a dança, o teatro, a música e outras linguagens da arte nascem de contextos culturais, alimentam e são alimentadas pela cultura. É como em um jogo de videogame que nunca termina, a cada momento inventam-se novas maneiras de jogar, novas regras ou possibilidades, passamos por fases e surgem outras que nos desafiam. Assim é a criação das linguagens. (UTUARI, 2015, p.68)

Na atualidade, a arte é expressa tanto da forma tradicional como nos/pelos meios digitais e no ciberespaço. Ela ocupa outros lugares e formatos, e ganha outros nomes também. Devemos pontuar que a união dos movimentos artísticos com a inserção e influência digital e no uso da tecnologia se chama Ciberarte. Estamos diante de uma nova geração de artistas, que são os artistas multimídia, que segundo Utuari et.al., (2015, p. 30): "é aquele que produz sua arte (happening, performance, instalação, etc.) fazendo uso de novas tecnologias, criando uma nova linguagem."

Para citar as expressões artísticas compreendidas dentro do universo da Ciberarte na contemporaneidade, é preciso lembrar que estas expressões da arte além de darem seguimento ao momento cultural e humano em que a sociedade se encontra, são apropriadas pela pessoa do artista que se utiliza dos aparatos que dispõem em seu determinado momento social, tentando traduzir sua leitura de mundo, sua mensagem para Humanidade. Como se pode verificar no final no tópico anterior desta escrita, variadas são as manifestações artísticas atualmente, mas neste artigo serão citadas apenas algumas, visto que não caberia esta discriminação mais detalhada no formato do mesmo. Demostrando mais uma vez que os artistas se utilizam de elementos tecnológicos para expressão da Ciberarte, observamos que:

Os materiais mudam e oferecem cada vez mais possibilidades de diversão e de fazer arte. São tantos materiais eletrônicos, auditivos, audiovisuais, comunicativos, interativos... Compreender esse mundo de criações que envolve a arte e as tecnologias é ir além do uso das máquinas, é observar como diferentes artistas as utilizam para humanizar as relações entre as pessoas. (UTUARI et.al., 2015, p. 68)

Para dar inicio ao nosso breve panorama das linguagens das artes que provam que sim, há presença da arte em meio à contemporaneidade, iniciemos citando a escultura holográfica.

Escultura holográfica é uma escultura visual, feita de luz, é uma expressão artística que está presente em muitos filmes, como é o caso de Resident Evil, Star Wars, Star Trek. Ela é uma projeção de imagem de alguém ou algo, pode-se ver a imagem ou figura de uma pessoa num holograma. No universo da arte trata-se do uso e da reprodução de uma tecnologia de iluminação, para fazer visível um desenho, objeto ou imagem construída e criada por algum artista/produtor.

Figura 3: Esculturas holográficas de Roselin de Telin.


Fonte: (ILUMINAR Ltda, 2015).

Já a robótica, trata-se da construção e utilização de robôs. Ela é uma das vertentes da Ciberarte, porque a utilização e fim dado na construção e utilização dos robôs é que determinam o local que ocupa, e hoje os pequenos robôs são como amiguinhos da interação. Atualmente a robótica já faz criações estéticas e lúdicas para puro entretenimento humano, como é o caso dos robôs que conversam, dançam e animam festas com suas cores em neon, por exemplo. Podemos grosseiramente associar a robótica também aos personagens "Homem de Ferro" e "Homem Formiga", que são personagens de filmes da Marvel, em que podemos ver a ação tecnológica da robótica.

Podemos ainda entender que a arte holográfica é uma tecnologia que tem por técnica o uso da luz, pode gerar e apresentar imagens em três dimensões, como demonstrado no caso das supracitadas esculturas holográficas, que em diversos lugares do mundo já vêm sendo utilizados em exposições e até em shows. Paralelo a isso, podemos citar um exemplo de arte virtual, como é o caso da "cantora" virtual Hatsune Miku. Trata-se de uma cantora criada por um sintetizador. Este caso ainda mais interessante, porque parece haver aqui uma apropriação do próprio "artista". Toda essa inovação holográfica tem proporcionado um show de luzes e cores, em variados ambientes.

Figura 4: Cantora Virtual Hatsune Miku.


Fonte: (MEIRA et.al., 2015, p.69).

Dentro do campo da arte holográfica estão as pistas de led, com efeitos luminosos. Algumas delas são interativas ao toque dos pés e reativas por meio de sensores de movimento. Aqui no Brasil esta expressão da arte está presente, por exemplo, no programa televisivo "Domingão do Faustão" no quadro "Dança dos Famosos": Nele os efeitos visuais na pista de dança de led, reagem ao toque dos movimentos dos pés dos dançarinos e formam desenhos e contornos conforme movimentação dos passos da dança. Nas danceterias este é um recurso que combinado com a luz e a música tecno-eletrônica, faz um espetáculo todo ímpar. O que antes era apenas um ambiente de socialização tornou-se um verdadeiro espaço de ludicidade, entretenimento e expressão artística. Circunstância tecnológica esta que será retomada logo abaixo quando tratarmos dos aspectos da tecnologia na dança.

Dando seguimento às inovações na área da Ciberarte, podemos mencionar agora as poesias virtuais, que são poesias visuais. Trata-se da habilidade de colocar as poesias (mensagem escrita) em um formato (desenho) que se deseja passar determinada mensagem; essa imagem e mensagem vêm combinadas ao contexto da poesia. O texto e a imagem, numa criação virtual, passam juntos a mensagem.

A videoarte trata-se de uma manifestação artística que usa recursos audiovisuais, faz criações em que une tecnologia em vídeo, artes visuais e mais. Segundo Utuari et.al., (2015, p. 70): "A videoarte é uma linguagem artística que influenciou a criação de outras linguagens, como a videoinstalação, a videoescultura, a arte via satélite, a web arte e a arte com princípios robóticos."

Os espetáculos de dança e teatro também aderiram à tecnologia na sua expressão. Atualmente os espetáculos de dança podem contar com a interferência da tecnologia como a pista, painéis ou cortinas de led e luzes que modelam desenhos e criam imagens a partir dos movimentos corporais feitos pelo dançarino em cena. O espetáculo é todo criado pensando a cena e movimentação a partir da interação com o aparato tecnológico e o efeito visual dessa interação. Há também espetáculos de teatro com a presença tecnológica. Além dos recursos luminosos que já permitiam recorte em cena, efeitos e climatização delas, há agora as tecnologias em vídeo, como VideoCriaturas, e efeitos multimídias, além de espetáculos com exibição de múltiplas cenas em tempo real. Enquanto acontece uma cena no palco principal, assiste-se por meio de um telão outra cena acontecendo concomitante em outro espaço e área de encenação ao vivo e tempo real, e é possível contemplar as duas realidades cênicas ao mesmo instante.

Cada área da arte tem uma forma única de se expressar, assim também se pode dizer da música. Toda música apresenta seu tempo, ritmo, melodia, conjunto harmônico entre outros aspectos que compõem sua musicalidade. Na atualidade o que podemos citar de interferência da tecnologia nessa expressão artística é a musica eletrônica e tecno-eletrônica, que possui vários estilos como: acid house, drum 'n' bass, eletro, house music, lounge, minimal, psy trance, techno, tech house. O que elas têm em comum é o uso de programas e tecnologia na composição ou reformulação, criação e execução da música eletrônica.

Arte e escultura holográfica, robótica, videoarte, multimídia, poesia virtual, música tecno-eletrônica, são algumas das expressões da ciberarte na contemporaneidade. Estes exemplos foram escolhidos pela capacidade de interação do ser humano com a arte tecnológica e digital, pois contemplam ciberarte e ilustram o propósito desta pesquisa. Muita novidade vem surgindo e sendo explorada por artistas, designers e outros profissionais da tecnologia na contemporaneidade, o campo está em expansão e muita coisa interessante ainda está por vir, por ser a Ciberarte uma grande promessa para sociedade.

Ganhos ou Influências da Ciberarte

Conforme pudemos notar nos tópicos anteriores, a Ciberarte está presente em muitos aspectos de nosso cotidiano, não apenas nos locais tradicionais de expressão artística, como casas de espetáculos, teatros, museus, danceterias, mas no nosso dia a dia, (em nossas casas, trabalhos, computadores, televisores e smartphones, etc). A tecnologia é uma ciência que sempre avança no intuito de melhorar e facilitar a vida humana. De igual maneira, os movimentos artísticos seguem traduzindo a vida cotidiana, redesenhando e transcendendo a rotina, tornando a vida uma experiência ímpar, por viver ser algo único. Por isso, ao demonstrar a vida ela vai usar todo arcabouço técnico e tecnológico, para dar mais beleza, graça e enlevo ao que aparenta ser comum e corriqueiro.

A arte em meio à cultura e sociedades atuais ganharam proporções incomensuráveis, está em todos os ambientes, por ser uma arte interativa, carece uma nova postura tanto do público, de seus produtores, como de seus artistas, o que nos leva diante do exposto afirmar, que os artistas dos dias de hoje:

[...] precisam ativar a coragem de correr os riscos inerentes àqueles que, sem a tola pretensão de escolherem as melhores obras, sabem da responsabilidade de trazer ao público os processos criativos, as dinâmicas de investigação conceitual e os resultados da cena na contemporaneidade. (SERVIÇO SOCIAL DO COMERCIO, 2018, p.11)

A arte e a tecnologia são como irmãs gêmeas de gestação bivitelina, elas possuem em essência a sociedade e necessidade humana como mãe. No entanto, uma retroalimenta a outra, onde há inovação, crescimento, desenvolvimento, há sempre uma parceria entre arte e tecnologia. Esta está para aquela, num movimento de criação e fusão, e os ganhos estão só começando.

Tecnologia e arte estão presentes no design do celular, na música que escutamos, nos muros das cidades por meio do grafite, nas festas que vamos por meio das pistas de dança, nos vídeos que assistimos e compartilhamos, no desenhos animados - assistidos pelas crianças -, por todo lado arte e tecnologia estão e seguem tão entranhadas em nós, que o fenômeno da arte se diz nossa vida e interação social.

A tecnologia também bebe da fonte da arte para se inspirar, se renovar e se embelezar. Entre os muitos exemplos recentes desta parceria podemos citar a preocupação que a empresa de tecnologia Apple tem em criar produtos que além de modernos também sejam bonitos esteticamente tanto na parte de hardware quanto em seus programas. Para alcançar este objetivo, a empresa inspira-se em várias formas de manifestações artísticas como a pintura, a escultura e o design. (ARTOUT, 2019, s.p)

Apreciamos sim, nos dias de hoje em meio a todo arcabouço tecnológico a presença da arte, tanto ainda nos moldes tradicionais, e também já nos moldes digitais, mas sempre, como podemos notar, ela segue acessível, segura e única, se reinventando a cada avanço da sociedade.

Como pudemos ver a arte e a tecnologia se fundiram, e o que antes era um espetáculo humano, agora é humano e digital, com efeitos, luzes, cores, provocando as mais diferentes sensações e interações, deslumbrando e emocionando o público em espetáculos únicos. Muitas coisas mudaram com os períodos históricos da sociedade e o avanço da ciência, mas no que diz respeito à arte, o que de fato não mudou na expressão artística, seja ela acontecendo à moda antiga ou mediada pela tecnologia, é que ela continua tocando os corações e emoções das pessoas e continua gerando múltiplas interpretações, sensações e abrange múltiplos sentidos. Hoje mais do que nunca, a arte está mais interativa.

O que se ganhou com tudo isso? Uma sociedade mais conectada, lúdica, criativa, inovadora, espetáculos, músicas, danças, esculturas e expressões cada vez mais interessantes, que traduzem os avanços tecnológicos, científicos, luminosos, sociais e humanos. Todos ganharam com as inovações e facilidades e também a arte, pela possibilidade de registro audiovisual e fotográfico que mantém viva a obra depois de sua apresentação e exposição.

Por todo o exposto, no que diz respeito à arte e sua relevância, seu caminho de transcendência e sua influência social e cultural, sua magnitude e os diferentes formatos com que cotidianamente vem se apresentando na contemporaneidade, de forma cada vez mais participativa e interativa, sempre se inovando, é que se pode afirmar que contemplamos e ratificamos que hoje ela se amplia sob o título de Ciberarte. Este que é caminho tecnológico por meio do qual ela vem se maximizando, modificando e transformando vidas, interferindo nas relações e agregando pessoas. Muito ainda nos reserva o futuro com as pesquisas, estudos e avanços tecnológicos no qual a arte seguirá a cada dia, século, década e milênio se reinventado e se refazendo, mas sempre existindo.

Considerações Finais

Ao longo da presente escrita foi possível compreender as nuances conceituais da Arte, Tecnologia e Ciberarte, o papel da Arte na sociedade humana, os ganhos dos avanços tecnológicos e o banquete que é a união da Tecnologia com a Arte, formando assim a Ciberarte.

Notamos que muitas são as aplicabilidades da tecnologia na sociedade atual, seja em transações bancárias, na área da educação, saúde, segurança entretenimento e fruição.

Foi possível ainda compreender, detectar o lócus da arte em meio à sociedade digital e assim notar que ela está vinculada de tal maneira ao nosso dia a dia que é impossível dissociá-la de nossas vidas.

Por ser a arte o marco das expressões humanas, ela penetra por todos os lados e dessa maneira, a tecnologia está para arte como a arte está para tecnologia. Pode-se dizer que a tecnologia é a genuína expressão da arte do terceiro milênio, a cada avanço social, a arte sempre esteve presente, seja nas canções, nos registros, sempre como a mudança e a novidade que vinha dar mais sabor, por ser a interação do Homem com a sociedade e também o fio pelo qual ele tece suas histórias e dá enlevo as suas vidas.

Sempre onde houver criação, inovação e ousadia, lá está à arte, a arte é o toque que faz tudo inigualável, e que traz ao mundo o diferencial. A conclusão a que se chega é que por ora compreendemos a arte na sua expressão tecnológica por Ciberarte, mas que futuramente essa expressão poderá ficar obsoleta e ser modificada, transcendida, reciclada, renovada. A sociedade enquanto existir haverá de continuar a mudar, evoluir, pois esta é característica própria da Humanidade e cultura humana.

Evidenciou-se que arte e tecnologia (Ciberarte) trouxeram ganhos exponenciais a contemporaneidade, pois propiciam experiências ímpares e que estão ao alcance de todos, deixando como herança para o futuro um mundo de cores e sensações inimagináveis, pura emoção e sensibilidade ao simples toque. Num presente permeado de tanta luz, o que vem depois disso ainda é um mistério.

Referências

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