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O Uso do Aplicativo QR Code como Recurso Pedagógico no Ensino da Língua Portuguesa

Ferramentas de acessibilidade

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Autores

Especialista em Tecnologias e Educação Aberta e Digital (UFRB - UAb Portugal). Especialista em Literatura Brasileira (UNEB). Graduada em Comunicação Social (UNEB). E-mail: assessoria.jkr@gmail.com.

Mestra em Educação de Jovens e Adultos (UNEB). Licenciada em Letras Vernáculas (UNEB). Integrante do Grupo de Pesquisa GEPLET - UNEB/UEFS. Tem experiência em ensino de Língua Portuguesa, Redação, Filosofia e TIC. Atuou por três anos consecutivos como corretora das redações do ENEM. Atuou no Ensino Superior ministrando as disciplinas de EJA, TIC na Educação e Pesquisa em Educação. Foi professora da disciplina Orientação de TCC na UFRB. Tem experiência com uso de plataformas digitais de aprendizado, é autora dos sites auxilix.com e o cogito, logo digito. Ocupação atual. Professora. E-mail: lulago77@hotmail.com.

Resumo: O uso das tecnologias no processo pedagógico é um tema em constante discussão no novo panorama educacional, uma vez que há a presença dessas ferramentas em todos os ambientes da sociedade. Nesse contexto, a educação está se adaptando a esse cenário e implantando recursos nas práticas diárias, a fim de possibilitar um ensino que esteja em consonância com os interesses da sociedade. Dessa forma, este artigo pretende discutir como a utilização das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) contribui com o ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa. Além disso, o artigo tem como objetivo refletir acerca das novas interfaces de ensino e aprendizagem. Para exemplificarmos tal fato, apresentamos uma pesquisa de cunho bibliográfico, que descreve o percurso histórico do aplicativo e sua funcionalidade. Ademais, a metodologia é uma revisão integrativa de literatura, embasados em autores como Vieira e Coutinho (2013); Carvalho (2015); Mion (2015); Rodrigue et al (2017); Santomé (2013); Seqret (2017) e Lemos (1999).

Palavras-chave: QR Code; Recurso Pedagógico; Língua Portuguesa.

Introdução

De acordo com o Dicionário Houaiss, escrever é traçar, fazer letras, marcar, assinalar, gravar, desenhar e representar em caracteres. Adoto esse conceito para falar de maneira ampla, o que cada um escreve para si. Nenhuma escrita é igual, cada um guarda o seu singular. No dizer de Clarice Lispector (1999, p. 102), "escrever é prolongar o tempo, é dividi-lo em partículas de segundos, dando a cada uma delas uma vida insubstituível".

Assim, este artigo pretende discutir como a utilização das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) contribui com o ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa, uma vez que a nova geração de crianças e de jovens deseja interagir, compartilhar, sentir-se desafiada, usar e incorporar as TDIC diariamente, para navegar, encontrar informação e compartilhá-la.

As TDIC compreende um conjunto de equipamentos e aplicações tecnológicas que geralmente utilizam a internet, como o aplicativo Quick Response Code (QR Code), um código de barras, criado em 1994, possui esse nome porque dá a capacidade de ser interpretado rapidamente pelas pessoas. A leitura desse código é feita com um aplicativo que pode ser facilmente instalado nos aparelhos que possuem câmera fotográfica.

Dessa forma, é possível afirmar que, hodiernamente, vivemos em uma era digital, a qual perpassa por uma grande transformação, haja vista os avanços tecnológicos. Sendo assim, torna-se cada vez mais inevitável ignorar o uso de tecnologias no cotidiano, devido a intensificação do acesso à comunicação e aos meios de informação.

Nessa perspectiva, o presente artigo tem como objetivo investigar o uso do QR Code como ferramenta pedagógica e sua contribuição no processo de ensino e aprendizagem, estabelecendo um processo educacional que acompanha o desenvolvimento tecnológico da humanidade. Para exemplificarmos tal fato, apresentamos uma pesquisa de cunho bibliográfico, que descreve o percurso histórico do aplicativo e sua funcionalidade. Ademais, a metodologia é uma revisão integrativa de literatura.

Para tanto, será utilizado como referencial bibliográfico as publicações de Vieira e Coutinho (2013); Carvalho (2015); Mion (2015); Rodrigue et al (2017); Santomé (2013); Seqret (2017) e Lemos (1999).

O uso do Aplicativo Qr Code no Processo Educativo

A utilização das tecnologias no processo pedagógico é um tema em constante discussão no novo panorama educacional, uma vez que há a presença das tecnologias em todos os ambientes da sociedade. Nesse contexto, a educação está adaptando a esse cenário e implantando os recursos nas práticas diárias a fim de possibilitar um ensino que esteja em consonância com os interesses da sociedade. Segundo o Ministério de Educação, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de nove anos (BRASIL, 2010), faz-se necessário a inserção da tecnologia no currículo deste nível de ensino, conforme o Artigo 28º, das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (2012, p. 136).

[...] A utilização qualificada das tecnologias e conteúdos das mídias como recurso aliado ao desenvolvimento do currículo, contribui para o importante papel que tem a escola como ambiente de inclusão digital e de utilização crítica das tecnologias da informação e comunicação [...].

Sendo assim, o desenvolvimento tecnológico instiga novos percursos e desafios ao modo de ensinar e aprender. Neste trabalho, é possível perceber que o uso do aplicativo QR Code (Figura 1) em atividades desenvolvidas na disciplina de Língua Portuguesa no sétimo ano do Centro de Educação Probo Meira Júnior (Probo Coc) possibilitou aos estudantes uma maneira inovadora de aprender os conteúdos.

Figura 1: QR Code.


Fonte: Coleção Infinito Digital, 2019.

Dessa forma, a inserção do aplicativo, associado ao conteúdo do módulo, transformou-se em um recurso pedagógico atual e atraente, o qual permite explorar novas oportunidades de aprendizagem mais flexíveis, motivadoras e capazes de estimular a autoria e a autonomia dos alunos. Tal fato já é perceptível no comportamento dos alunos, uma vez que eles e professores têm a sua disposição vídeos, infográficos, jogos e animações que visam de maneira interativa e divertida, aprofundar ainda mais seus conhecimentos no assunto estudado.

Sendo assim, uso dos QR Code, dispostos nos módulos da "Coleção Infinito" favorecem a aprendizagem interdisciplinar, por meio de conteúdos didáticos impressos e digitais, os quais possibilitam o desenvolvimento das inteligências múltiplas, pois a abordagem híbrida, também conhecido como b-learning Bacich diversifica a aprendizagem. Neto e Mello (2015, pág. 15), definem o ensino híbrido como sendo:

[...] uma abordagem pedagógica que combina atividades presenciais e atividades realizadas por meio das tecnologias digitais da informação e comunicação (TDICs). Existem diferentes propostas de como combinar essas atividades, porém, na essência, a estratégia consiste em colocar o foco do processo de aprendizagem no aluno e não mais na transmissão de informação que o professor tradicionalmente realiza.

Assim, através desta proposta, pretende-se mostrar que o uso das inovações tecnologias e pedagógicas como o QR Code associado ao módulo (físico) potencializa a aprendizagem dos alunos e desenvolve inteligências múltiplas (FIGURA 2), uma vez que ao colocar o aluno no centro do processo, ele se torna mais autônomo, confiante, responsável e criativo.

Figura 2: Tipos de Inteligência.


Fonte: Coleção Infinito Digital, 2019.

Nesse sentido, o ponto de partida do presente trabalho deve-se à mudança do material didático, que apresenta os QR Code como complemento dos conteúdos, aliado ao fato de que todos os estudantes dessa escola possuem aparelhos celulares e, se os estudantes gostam tanto dos dispositivos móveis, por que não inseri-los para a construção do conhecimento? CARVALHO (2015, p. 12) assevera que

[...] Motivar os alunos para aprender constitui um desafio. Se apresentar um QR Code, os alunos têm que usar o dispositivo móvel, precisando ter um leitor compatível, para descodificar a mensagem que surge num código de barras 2D. É uma forma de mostrar e esconder. Sabe-se que nos leva a algo, mas à vista desarmada não se sabe aonde. Por outro lado, com esse código que ocupa pouco se pode dizer muito! [...].

Convém lembrar ainda que, nos últimos anos, a sociedade está imersa por informações, uma vez que a evolução das TDIC nos permite experimentar novas possibilidades, tornando-nos seres cada vez mais conectados. Assim, neste espaço interativo, os indivíduos, desde muito cedo, são postos em contato com o computador, tablet, celular e de diversos softwares e aplicativos, modificando os costumes e hábitos desse grupo. Esse desenvolvimento da tecnologia impulsionou uma evolução cultural tornando os indivíduos cotidianamente conectados.

Sendo assim, os estudantes que frequentam as escolas, na contemporaneidade, formam uma geração cujos sujeitos são chamados de "nativos digitais", isto é, que já nasceram na era tecnológica, enquanto os adultos são "imigrantes", não nasceram no mundo digital e adotaram a tecnologia em algum momento da sua vida (PRENSKY, 2001).

Não obstante, vivemos em uma sociedade do conhecimento, o acesso a esse conhecimento culturalmente gerado não é fácil, como mostram as crises permanentes vividas por nossos sistemas educacionais (POZO, 2007). Nesse sentido, o papel do professor, neste cenário educacional, é constantemente questionado, pois a tecnologia faz parte do cotidiano das crianças e adolescentes. Ademais, o modelo de aula com o uso da tecnologia torna-se mais dinâmica.

Logo, faz-se necessário atualizar as interfaces educativas, tornando-as mais significativa com os impactos sociodigitais, adaptando as instituições de ensino para essas mudanças, infraestrutura e material didático devem prever a inserção e utilização da tecnologia como aliada e facilitadora desse processo. Dessa forma, o uso de interfaces tecnológicas nos ambientes escolares exerce um papel essencial nesta modernização e contribuem com o processo do ensino aprendizagem da geração "Z".

Segundo Borges e Silva apud Guzzo e Hoshino (2001), a chamada Geração Z, assim foi denominada por zapear de uma coisa para outra, olham televisão, ficam no telefone, no computador entre outras coisas, simultaneamente. Esta geração interage normalmente com vários equipamentos eletrônicos ao mesmo tempo e não imaginam o planeta sem a tecnologia. Nasceram na era digital e se sentem à vontade, (zapeando) com seus apetrechos eletrônicos. Para eles não existem fronteiras, os amigos virtuais estão espalhados pelo mundo, através das redes sociais.

Para Lima (2012), "[...] a Geração Z é formada por crianças e adolescentes de dois a 14 anos de idade, que já nasceram conectadas e não vê o mundo sem a existência da internet, dos computadores, chats, telefones celulares, videogames, no qual interagem simultaneamente sem problemas".

A Geração Z tem um conceito de mundo sem limites geográficos, esta geração tem muita facilidade e domínio das tecnologias e senso de urgência em conhecer e se conectar a todas as possibilidades de intercâmbio virtual. Com toda esta interação tecnológica a Geração Z passa boa parte do tempo em seu mundo particular. Esse comportamento, destarte, causa carência dos benefícios decorrentes das relações interpessoais.

Para Borges e Silva (2013, p. 04), por nascer neste cenário atual e amplamente conectado essa geração traz consigo um conceito de mundo sem nenhum limite temporal o geográfico, além disso:

[...] tem muita facilidade e domínio das novas tecnologias e senso de urgência em conhecer e se conectar a todas as possibilidades de intercâmbio virtual. Com toda esta interação tecnológica a Geração Z passa boa parte do tempo encerrada em seu mundo particular, muitas vezes sem conversar com ninguém, nem mesmo com os pais, o que causa carência dos benefícios decorrentes das relações interpessoais [...].

Assim, a inserção da tecnologia digital acresce o espaço escolar aderindo novas fontes de pesquisa e conhecimento, preparando os jovens para os desafios atuais como os futuros. A educação mediada pelas TDIC não deve se restringir apenas para que esta se torne tecnologicamente correta ou ao manuseio de equipamentos e reprodução do que já está feito. Sua inserção em sala de aula deve ser acompanhada por uma metodologia apropriada às necessidades dos alunos, criando conexões com o seu cotidiano e contexto cultural sendo utilizada de forma adequada e significativa, instigando os estudantes à autoria, ao aprender a aprender.

Conforme Demo (2008, p.3), "[...] o que transforma tecnologia em aprendizagem, não é a máquina, o programa eletrônico, o software, mas o professor, em especial em sua condição socrática". O professor que toma conhecimento das novas tecnologias pode se apoderar disso para buscar melhorias para o seu trabalho (MION, 2015).

A acessibilidade às mídias tem ofertado uma gama de material diversificado aos quais os jovens, às vezes, nem sabem o que fazer com tantas informações e muitas vezes perdem o foco. Dessa forma, a inserção correta das tecnologias no ambiente escolar incentiva o processo didático-pedagógico e integra novas e significativas aprendizagens.

De acordo com Ausubel (2003), os seres humanos tem a tendência de trabalhar mais e sentem-se muito mais motivados quando as atividades de aprendizagem que iniciam fazem sentido. Assim, o conhecimento apreendido é mais facilmente internalizado, produzindo novas aprendizagens e o avanço dos indicadores de desempenho no sistema educacional.

Código de Resposta Rápida/emphQR Code

No que se refere ao QR Code esse código pode ser lido por quase todos os celulares que possuem câmeras fotográficas; a leitura do código é realizada por meio da correção de erros Reed-Solomon, até que a imagem seja interpretada.

Consoante Jefferson Carlos (2017), o padrão japonês para o Código QR foi lançado em janeiro de 1999 e obedece ao padrão internacional ISO/IEC 18004, aprovado em junho de 2000. Conforme essa norma o Código QR pode ser definido como uma tecnologia livre.

Dessa forma, ela permite que qualquer pessoa possa gerar um código a partir do endereço de um site, telefone, Short Message Service (Serviço de Mensagens Curtas - SMS); Portable Document Format (Formato Portátil de Documento - PDF) ou texto, por meio de diversas ferramentas disponíveis na internet como o gerador de QR Code da Shopify e o QR Code Generator ou ainda, aplicativos geradores de QR Codes no Android e iOS como o TapMedia QR Reader e o QR Code Generator and Scanner. (Figura 3)

Figura 3: QR Code.


Fonte: Coleção Infinito Digital, 2019.

Fonte: Cliks.1

No início dos anos 2000, com a modernização da tecnologia do celular, a utilização dos códigos QR tornou-se abrangente, acoplando diversas áreas, até mesmo na educação. Segundo Law & So (apud CRUZ, 2015 p. 259) a Universidade de Bath foi percursora da introdução de códigos QR na educação ao atribuírem um código QR a cada livro, disponibilizando o número do livro, o título, o autor e respetiva localização. Nesse sentido, Ribas et al (2017), também aborda em seu artigo "A Diversidade de Aplicações do QR Code", a exploração dessa tecnologia em no âmbito educacional e sua possibilidade de aplicabilidade em diferentes segmentos de ensino.

Ademais, segundo Vieira e Coutinho (2013), o uso de códigos QR, como ferramenta de aprendizagem móvel, oferta um novo enfoque aos processos de ensino e aprendizagem, inserindo uma nova dinâmica, uma vez que se torna uma motivação extra para os alunos. Assim, o professor deixa de estar no centro do processo para tornar-se um mediador da relação - professor, aluno e conhecimento - pois o auxílio das tecnologias mostra-se condutora na construção do saber. Como afirma Kenski (1996 apud SILVA e MORAES, 2016, p.143).

[...] A escola precisa aproveitar essa riqueza de recursos externos (TDIC), não para reproduzi-los em sala de aula, mas para polarizar informações, orientar as discussões, preencher as lacunas do que não foi apreendido, ensinar os alunos a estabelecer distâncias críticas com o que é veiculado pelos meios de comunicação [...].

Dessa forma, a utilização de QR Codes na educação pode proporcionar uma inovação na maneira de acessar as informações. Isso se evidencia pela interatividade e na produção de conhecimento por meio do uso dos celulares. Convém lembrar ainda que o avanço da tecnologia, os QR Codes são utilizados em larga escala nas ações de marketing, objetivando a conexão do mundo físico ao mundo digital, os QR Codes revelam-se eficazes na promoção interativa de marcas e produtos junto dos utilizadores de dispositivos móveis, (SEQRET, 2017).

Sendo assim, a forma prática como os QR Codes possibilitam transferir informações para os dispositivos móveis, como por exemplo, contatos, localizações, instruções de utilização, cardápios e bilhetes eletrônicos comprova que a comunicação com respostas rápidas é uma necessidade do ser humano na atualidade.

O uso do Qr Code no Ambiente Escolar

No que se refere às tecnologias digitais, é possível afirmar que o surgimento da era digital inicia na década de 1970, não só pelos grandes avanços tecnológicos; mas também pelas descobertas. Nesse sentido, o resultado dessas revoluções aprimorou a comunicação, possibilitando a acessibilidade veloz da informação e do compartilhamento de dados.

No fim dos anos 40, com a chegada dos primeiros computadores digitais a educação privada é assistida por essas máquinas. Na atualidade estamos assistindo a configuração de um novo formato de leitura e escrita baseado na hipertextualidade da internet. A interligação dos computadores digitais e a internet, para Coll e Monereo (2010, p. 20), é o marco da chegada à Sociedade da Informação:

[...] Que poderíamos definir como novo estágio de desenvolvimento das sociedades humanas, caracterizado, do ponto de vista das TIC, pela capacidade de seus membros para obter e compartilhar qualquer quantidade de informação de maneira praticamente instantânea, a partir de qualquer lugar e forma preferida, e com um custo muito baixo [...].

A importância e o impacto das TDIC na educação escolar também estão relacionados com o papel dessas tecnologias nessa sociedade chamada por Coll, Mauri e Onrubia (2010, p. 68), de Sociedade da Informação (SI). Sobre isso, os autores afirmam que "[o conhecimento passou a ser a mercadoria mais valiosa de todas, e a educação e a formação são as vias para produzir e adquirir essa mercadoria]". Assim, as TDIC, a Sociedade da Informação, a educação e formação tornaram-se estratégias de políticas de desenvolvimento econômico e social.

No passado, os equipamentos eram mais limitados, devido ao tamanho, preço, peso e tinham que ficar em um determinado local. Entretanto, atualmente, há a facilidade de estar conectado o tempo todo, por meio dos aparelhos celulares, seja em casa, na rua, no trabalho, seja em qualquer lugar. Além disso, as pessoas não precisam estar em casa para terem acesso às informações em tempo real, pois o que está acontecendo neste momento em qualquer lugar do mundo pode ser visto e compartilhado por qualquer pessoa, como assevera Sacristán (2013, p. 40):

[...] A chegada da internet criou um mundo interconectado, onde as fontes de informação e de conhecimento estão sem hierarquia em boa medida, já que qualquer pessoa conectada pode incluir suas próprias informações no ciberespaço, quando e como queira, o que dá lugar a processos multiplicadores de um enorme potencial comunicativo [...].

Sendo assim, ao utilizar as Tecnologias das Informações Móveis e Sem Fio (TIMS) acrescem também os desafios da realidade no âmbito escolar, tendo em vista que os educadores precisam também adequar-se à realidade delineada pelas TIMS, dentre as quais o smartphone torna-se um aparelho popular que pode conter aplicativos, vindo a ser utilizados em sala de aula como um recurso pedagógico.

Santomé (2013) assegura que professores e alunos podem aprender as possibilidades desses recursos, pesquisando com eles por meio de metodologias didáticas ativas e reflexivas e com bom aproveitamento, se alguma forma de aprendizagem fundamentada na pesquisa for agregada.

Outrossim, consoante Sacristán (1998), essas teorias contribuem para os profissionais da educação, no sentido de orientar e compreender os processos educativos. Além disso, o autor destaca a evolução destas teorias como fator determinante na prática educativa. Logo, este processo de mudança de conceitos, como proposta a construção cultural trata-se de uma reconstrução do conhecimento a partir do progresso social.

[...] não é nas TIC nem nas suas características próprias e específicas que se deve procurar as chaves para compreender e avaliar os impactos das TIC sobre educação escolar, incluído o efeito sobre os resultados da aprendizagem, mas nas atividades que desenvolvem professores e estudantes graças às possibilidades de comunicação, troca de informação e conhecimento, acesso e processamento de informação que estas tecnologias oferecem [...]. :::

Vale também ressaltar que educadores devem estar em constante busca pelo conhecimento, porquanto surjam novas interfaces de ensino e aprendizagem, pois, quanto maiores as possibilidades de ensino, melhores serão as possibilidades de construção de novos conhecimentos dos educandos. Com isso, é necessário transformar os aparelhos móveis, cada vez mais presentes no cotidiano das crianças e dos adolescentes, da sociedade, de modo geral, configurando-os como um instrumento tecnológico para desenvolver atividades pedagógicas com diversas possibilidades de aplicação.

Considerações Finais

A partir dos argumentos supracitados, é possível compreender que o uso das TDIC no espaço escolar é de fundamental importância no processo de ensino-aprendizagem dos alunos e no desenvolvimento das inteligências múltiplas, tendo em vista que ao colocar o aluno no centro do processo, ele se torna mais autônomo, confiante, responsável e criativo.

Dessa forma, essas diferentes abordagens educativas em Língua Portuguesa, utilizando textos multimodais disponíveis em distintas plataformas e suportes interativos auxiliam os alunos na apropriação de múltiplas capacidades comunicativas dos conteúdos a serem trabalhados, do sistema de escrita e ainda do manuseio das tecnologias, ou seja, as possibilidades de ensino por meio do uso de ferramentas digitais são multiplicadas.

Sendo assim, uso de interfaces tecnológicas pode, de fato, favorecer a aprendizagem e interação dos alunos. Ressalvando, contudo, que precisam ser utilizada de maneira intencional e planejada. Além disso, a figura do professor é essencial para configurar o ensino aprendizagem de forma positiva.

Neste contexto, o uso das interfaces tecnológicas não deve ser analisado somente como mais um trabalho atrativo. Além disso, essas atividades devem ser avaliadas como um importante recurso didático que subsidia no crescimento individual e coletivo, impulsionando o desenvolvimento de uma visão mais ampla sobre a realidade que nos cerca, proporcionando também contextos que podem servir para a reflexão sobre a língua, bem como exercício da criatividade.

Referências

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