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O Uso das Tecnologias no Modelo de Ensino Híbrido: Sala de Aula Invertida como Proposta de Ensino

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Autores

Especialista em Tecnologias e Educação Aberta e Digital (UFRB - UAb Portugal). Especialista em Treinamento Funcional (Universidade Estácio de Sá). Graduado em Licenciatura em Educação Física (UNIME). Graduado em Licenciatura em Ciências Biológicas (Faculdade Adelina Moura). Professor do Colégio Leur Lomanto (Ibirapitanga-BA). Professor tutor online do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF). E-mail: pedrobarbozacoach@gmail.com.

Doutoranda em Ciências da Educação (Universidade de Coimbra). Mestre em Estudos sobre a Europa (Universidade Aberta). Jornalilsta (Universidade de Coimbra). Coordenadora do Centro Local de Aprendizagem de Porto de Mós, Portugal (Universidade Aberta). Formadora na área de pedagogia e aprendizagem em plataformas digitais; desenho de atividades pedagógicas; gestão de atividades; avaliação; cinema. E-mail: seforasilva@gmail.com.

Resumo: O Ensino Híbrido (EH) e a Sala de Aula Invertida (SAI) têm caracterizado uma abordagem metodológica ativa, que defende o uso das Tecnologias Digitais (TDs) no processo de ensino-aprendizagem, modificando os papéis do professor e do aluno dentro da educação. Este artigo tem como objetivo analisar as possibilidades da abordagem do EH, através da SAI no processo educacional e como as TDs têm sido utilizadas na implantação dessa abordagem pedagógica. Trata-se de uma revisão bibliográfica com abordagem qualitativa, baseada na literatura especializada por meio da consulta a artigos científicos selecionados, através de busca no banco de dados da SciELO, LILACS, Google Acadêmico, CAPES/MEC e livros, com foco em discussões de estudos sobre EH, SAI e TDs na educação. Inicialmente, o estudo detalha conceito, especificações, desafios e benefícios do EH e da SAI, apontando algumas TDs empregadas nessa metodologia ativa. Logo, verificou-se, com a mudança de metodologia, da tradicional para ativa, que o aluno tornou-se autônomo; o professor dispõe de mais tempo para dedicar a estudantes com dificuldades de aprendizagem; problemas relacionados à realização do dever de casa foram solucionados com a inversão do ensino; o uso das TDs é de fundamental importância para a otimização e benefício do processo educativo. O estudo conclui que o EH com a proposta da SAI melhora o processo educacional, principalmente pela ruptura da metodologia do ensino tradicional, para a metodologia ativa.

Palavras-chave: Ensino Híbrido. Sala de Aula Invertida. Tecnologias Digitais. Metodologia Ativa.

Introdução

A educação tem sido alvo de grandes mudanças na sociedade atual, principalmente pelo aparecimento das novas Tecnologias Digitais (TDs) que transcorrem todas as esferas sociais. As pessoas hoje são mais ativas e experenciam um mundo híbrido nas relações sociais, nas instituições, nos trabalhos, assim como na própria educação. O Ensino Híbrido (EH), criado por Clayton Christensen e Michael B. Horn, e a proposta da Sala de Aula Invertida (SAI), elaborada por Jonathan Bergman e Aaron Sams, nascem do anseio de mudança de ruptura do ensino tradicional "industrial", para atividades mais diversificadas, com metodologias ativas, integrando diversos espaços de estudo e lazer ao mesmo tempo.

De modo geral, o EH com a proposta da SAI, enfatiza o uso das TDs como uma ferramenta educativa e inovadora, motivando e aproximando o aluno do mundo físico e virtual. Com isso, o sistema educacional ganha uma variedade de alternativas, visto que torna o ensino atrativo e com sentido nas atividades propostas, o que contribui para uma sociedade autônoma e crítica, perante os desafios do dia a dia.

Diante das transformações que as TDs provocaram na maioria dos segmentos da sociedade, de como as pessoas se relacionam, tanto no sistema bancário, no comércio e nas empresas, em que cidadãos passaram de reativos para proativos, o foco das atividades não está mais nos agentes e sim no usuário, desvinculando-se também o local para a realização dos serviços. Essas facilidades vieram para ficar. Entretanto, um dos poucos segmentos que retarda essa inovação é a educação, em que a figura do professor é centralizadora, da escola que é fixa e do aluno que é passivo no contexto educacional.

Portanto, buscou-se investigar informações que respondam a seguinte problemática de pesquisa: como o modelo de EH e o uso das tecnologias educacionais podem melhorar o processo de ensino aprendizagem por meio da proposta da SAI?

Assim sendo, este estudo tem como objetivo geral: analisar as possibilidades da abordagem do EH, através da SAI no desenvolvimento do ensino aprendizagem, e como as TDs têm sido utilizadas na implantação dessa abordagem pedagógica. Foram definidos como objetivos específicos: sinalizar os desafios e possibilidades do EH; revisar a literatura sobre o EH e a proposta da SAI e suas contribuições; conhecer as razões e benefícios da SAI no processo de ensino aprendizagem; identificar as TDs que auxiliam a proposta da SAI.

A sociedade atual almeja por mudanças no modelo de ensino "tradicional" na grande maioria das escolas, nas quais o objetivo baseia-se na elevação da qualidade do ensino, emancipando os educandos com autonomia crítica e tomando-os sujeitos ativos. Os discentes da era digital dedicam uma grande parte de seu tempo ao mundo virtual, com a utilização das ferramentas digitais, seja para diversão ou mesmo para educação, pois são motivados a encontrar significado nas investigações dos seus interesses.

Para Lévy (1999), a proliferação das inovações tecnológicas cria a necessidade de questionar os modelos tradicionais de ensino. Segundo o autor, há necessidade de duas reformas: a primeira está vinculada a um novo estilo da pedagogia em que o professor é incentivador e anima o intelecto do aluno, sem a necessidade de centralizar o conhecimento; a segunda envolve a experiência aprendida no mundo virtual e sua compartilhação, formando assim a construção do conhecimento de forma conjunta.

Este estudo baseia-se nas ideias de Michael B. Horn, Heather Staker e Lilian Bacich com a proposta do EH e mescla as TDs, o ensino físico e virtual e Jonathan Bergman, como o pai da metodologia ativa do ensino invertido, em que ele inverteu a pirâmide de Bloom, sendo que os conteúdos nesta proposta metodológica são pesquisados em casa, com o apoio das TDs; as atividades e os projetos são realizados em sala com a presença do professor.

O presente estudo ancora-se na revisão bibliográfica e foi construído por meio do levantamento de dados encontrados na literatura e em pesquisa realizada nas bases de dados do SciELO, LILACS, PUBMED, Google Acadêmico, CAPES/MEC e em livros. Antes da realização da pesquisa, foram selecionadas as palavras-chave, seguindo as recomendações para descritores, buscando obras a partir de 2015.Para tanto, foram definidas palavras que abordassem temas como EH, SAI, Tecnologia na Educação.

Ensino híbrido

O EH é uma abordagem pedagógica caracterizada por atividades presenciais e on-line, que são realizadas por meio das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs). Desenvolvido pelos pesquisadores Clayton Christensen e Michael B. Horn, em sua definição original, o EH está ligado exatamente a essa dualidade de possibilidades que inclui a escola e os espaços exteriores, que podem ser empregados no ensino-aprendizagem com o uso das TDICs. Segundo os autores Bacich, Tanzi Neto e Trevisani (2015, p.52), o modelo proposto por Clayton Christensen, "o aluno aprende pelo ensino on-line, com algum controle de tempo e lugar e por meio do ensino presencial na escola".

A educação tradicional "industrial", de um para muitos, em que o professor explica o mesmo conteúdo para todos, não considera que os alunos aprendem de maneiras diferentes. O EH é uma proposta de integração das TDs ao ensino na qual o estudante aprende na escola e também no sistema virtual, possibilitando algum elemento de controle sobre o tempo e o ritmo do aprendizado. Esse modelo permite que o professor observe as informações individualizadas sobre o desempenho dos alunos e consiga agir com maior eficiência, modificando, assim, a figura de centralizador para mediador.

No modelo híbrido, conforme mostra a Figura 1, o aluno ganha um novo papel, estando no centro do processo de ensino aprendizagem, podendo decidir o local e momento de quando estudar e enxergar o real significado da aprendizagem. De acordo Moran (2015, p.31), "aprendemos melhor quando encontramos significado para aquilo que percebemos, somos e desejamos quando há lógica nesse caminhar".

Figura 1: O aluno no centro do Ensino Híbrido.


Fonte: Adaptada de Bacich, Tanzi Neto e Trevisani (2015, p.24).

O uso das TDICs no espaço escolar reflete várias formas de aprender e de ensinar, leva o educador a refletir sobre as novas possibilidades de educação, mas só as tecnologias não são suficientes para que cumpra o objetivo de ampliar a conexão com os alunos e potencializar o seu aprendizado. A tecnologia veio como facilitadora e potencializadora do ensino, abrindo as portas para novas possibilidades de aprendizagem. Assim, o EH desenvolve metodologias ativas que combinem o coletivo ao individual e conecta a vários espaços.

Toda tecnologia é ensino híbrido?

Com uma gama de ferramentas tecnológicas que podem ser usadas a favor da educação, tanto na escola como em casa, muitas pessoas acabam generalizando o conceito de EH. De acordo Horn e Staker (2015, p.34), "o uso comum do termo EH, pelos educadores gera (ênfase aos extremos)", pois, vários educadores de forma errônea correlacionam todo emprego das tecnologias na educação ao EH.

Em um programa de educação híbrida, é importante excluir casos em que o aluno realiza jogos educativos no seu vídeo game, enquanto está em casa, na praça pública ou na rua com amigos. Igualmente, quando o aluno não frequenta um ambiente físico, supervisionado longe de casa, uma vez que ir a um laboratório de informática informal com a presença de um funcionário não conta como EH.

Segundo Horn e Staker (2015), para ser considerada uma educação híbrida, os componentes do on-line e do presencial devem atuar juntos, com componentes que controlam, tempo, lugar e caminho e com a supervisão de um professor na escola física. Então, todo ensino que é enriquecido com aparatos tecnológicos não substitui o ensino presencial em termos de transmissão de conhecimento.

O professor e o aluno no ensino híbrido

Em muitas escolas, existem turmas numerosas em que há alunos com dificuldades de aprendizagem, os quais necessitam de atenção especial. Assim, o professor precisa ajudar esses estudantes a superar as suas dificuldades, para que no final de um ciclo, seu conhecimento seja concreto e capaz de ser aplicado em problemas do seu cotidiano. Enfim, o professor é o intermediário entre o aluno e a informação e cabe a ele orientar sobre as diferentes formas de obter essas informações, seja por meio de um livro, artigos na internet, assistindo a um vídeo, realizando exercícios ou experimentos. Na outra ponta, estão alunos proficientes que precisam de fomento, para conseguir ir além dos conteúdos básicos do currículo tradicional. Tais alunos apresentam maior autonomia de estudo e conseguem desenvolver bem o seu conhecimento.

Nesse ínterim, com o EH os alunos podem assistir a um vídeo em casa, contendo toda a instrução teórica e, em seguida, resolvem problemas com ferramentas on-line, que geram dados sobre a sua aprendizagem. Em sala de aula, esses estudantes podem desenvolver um projeto e, nesse tempo, o professor conversa com cada aluno, direcionando os melhores para serem tutores e com aqueles que tiverem o menor desempenho registrado, auxilia de forma a suprir suas necessidades. A mudança é nítida, o professor agora não é somente responsável por explicar um conteúdo, ele também realiza intervenções quando identifica que o aluno se distancia do objetivo proposto para desenvolver essa atividade ou emancipa como tutores, para auxiliar outros alunos.

Na educação híbrida, o foco é no aluno; o uso das tecnologias viabiliza a troca de conhecimentos com a intencionalidade pedagógica. A valorização de discentes, por meio da personalização do ensino, aprecia o protagonismo no processo de ensino-aprendizagem, desenvolve bastante a autonomia e os torna ativos na construção do seu próprio conhecimento. Assim, trabalha a consciencialização da importância em buscar, selecionar e compreender informações, usando os meios digitais. De acordo aos autores Bacich, Tanzi Neto e Trevisani (2015), as crianças e os jovens estão cada vez mais conectados às TDs, estabelecendo relações com o conhecimento. A escola é o local onde devem acontecer essas transformações.

Organização dos modelos do ensino híbrido

A disposição dos modelos de EH descrita por Horn e Staker (2015) acompanha formas de direções das aulas em que as TDs podem ser empregadas de modo integrado ao currículo e, portanto, não são analisadas como um fim em si mesmo, mas têm uma função efetiva no processo, sobretudo em relação à personalização do ensino. As propostas de EH a constituir de acordo com o plano exibido na Figura 2 serão discutidas a seguir.

Figura 2: Modelos de Ensino Híbrido.


Fonte: Horn e Staker (2015, p.38)

Modelo de Rotação: é qualquer curso que os alunos alternam, em uma sequência fixa, ou ao modo do professor, no qual uma das atividades deve ser on-line. O modelo Rotacional tem quatro submodelos: Rotação por Estações, Laboratório Rotacional, SAI e Rotação Individual.

  1. Rotação por Estações: estudantes em grupo realizam as atividades propostas pelo professor; um dos grupos trabalhará com a proposta on-line, independente do acompanhamento do professor. Ao término, os alunos trocam de grupo, até todos passarem por todas as atividades.

  2. Laboratório Rotacional: começa com a sala de aula tradicional e, em seguida, adiciona uma rotação para o laboratório de informática. Os alunos trabalharão nos computadores de forma individual e autônoma, cumprindo os objetivos fixados pelos docentes. Os discentes são acompanhados pelo professor ou tutor nos laboratórios.

  3. Sala de Aula Invertida: nesse modelo, a teoria é estudada em casa por meio de vídeos, textos..., no formato "on-line", fora da sala de aula, sendo que o espaço escolar de aula "físico" é utilizado para resolução de atividades, discussões ou práticas de projetos orientadas pelo professor.

  4. Rotação Individual: cada aluno tem um cronograma individual de atividades, não havendo a necessidade da alternância entre as estações.

Modelo Flex: um curso ou disciplina, no qual o ensino on-line é a espinha dorsal do aluno, mesmo que tenha atividades off-line em alguns períodos. Os discentes seguem um cronograma fluido e adaptado individualmente, o professor da disciplina é presencial.

Modelo à La Carte: é muito comum no ensino médio, inclui um curso ou disciplina inteiramente on-line, no qual o discente também frequenta uma escola física tradicional, o professor da disciplina trabalha online e o aluno escolhe se faz o curso na escola ou fora dela.

Modelo Virtual Enriquecido: é um curso ou uma disciplina, em que os discentes têm momentos de aprendizagem obrigatórios presenciais, com o professor da disciplina e no restante completa o trabalho, com acesso aos conteúdos e lições online. Geralmente, o docente atua tanto no ensino presencial como on-line.

Enquanto muitos docentes tradicionais estão implantando modelos de EH "sustentados", outros já começam a avançar na elaboração de modelos "disruptivos". No entanto, os modelos sustentados seguem o padrão dos híbridos, que combinam o antigo com o novo na busca do melhor dos dois mundos, atendem a sala de aula tradicional com o mix do ensino on-line. Por outro lado, os modelos disruptivos rompem o cânone de salas de aulas tradicionais, sendo ainda pouco utilizados na educação brasileira (Horn; Staker, 2015). Podemos observar no Quadro 1 os modelos de EH sustentados e disruptivos.

Quadro 1: Modelos de Ensino Híbrido.

Sustentados Disruptivos
+ Rotação por Estações
+ Laboratório Rotacional
+ Sala de Aula Invertida
+ Rotacional Individual
+ Flex
+ À la carte
+ Virtual Enriquecido

Fonte: próprio autor.

Por fim, de acordo com autores Horn e Staker (2015), para distinguir os modelos de EH sustentados dos disruptivos, basta que os alunos não consigam imaginar onde é a frente da sala de aula, isso lógico, dentro de um contexto de uma educação hibrida. Essa diretriz não é totalmente verdadeira, mas funciona em sua grande essência.

Benefícios e desafios no ensino híbrido

Atualmente, a educação busca modelos de ensino que tragam a formação de alunos críticos e engajados no processo de aprendizagem, preparando-os para os desafios da sociedade moderna. A implantação do EH estabelece uma metodologia ativa no percurso educacional. De acordo a Bacich, Tanzi Neto e Trevisani (2015), as metodologias ativas com recursos digitais fazem com que as pessoas aprendam melhor, por meios de jogos, problemas, atividades ou projetos personalizados. A introdução desse ensino, porém, passa também por vários obstáculos, em que possibilidades e desafios andam de mãos dadas.

As autoras Leandro e Corrêa (2018) realizaram uma revisão bibliográfica como objetivo de discutir potencialidades e desafios que impactam no uso do EH no ensino superior. Os resultados analisados foram estabelecidos em potencialidades e desafios, cujos os resultados podemos observar no Quadro 2.

Quadro 2: Potencialidades e Desafios do Ensino Híbrido.

Potencialidades Desafios
+ Os alunos sentiram-se mais motivados a expor suas ideias e experiências durante as aulas. Situações-problema e debates resolvidos em grupo favorecem a compreensão dos conteúdos;
  • Aumentar os recursos e as tecnologias empregados no ensino;

  • Os recursos e as ferramentas digitais potencializam o aprendizado e devem ser utilizados como indicadores para ações e correções na melhoria do processo;

  • A metodologia permite tempo para que o estudo do conteúdo básico lecionado seja aprofundado;

  • Interação com os colegas, a atuação do professor e a própria modalidade mista favorece ao aumento do engajamento;

  • Contribuir para a autonomia do aluno;

  • Atender aos alunos que preferem aulas presencias e os que preferem aulas on-line.|

| + Autonomia e a cultura do autoestudo ainda são desafios aos alunos;

  • Fato de os alunos não possuírem computador em casa;

  • Necessidade de formação continuada dos professores;

  • A má formação recebida na educação básica faz com que os alunos não compreendam o conteúdo dos materiais instrucionais para além do senso comum;

  • Fato da maioria dos alunos trabalharem impede que eles tenham tempo para realizar as atividades previstas no projeto;

  • Resistência dos alunos em realizar as atividades sem a instrução do professor;

  • Ausência de interatividade entre as webs aula e as atividades.|

Fonte: Adaptado Leandro e Corrêa (2018).

Em síntese, podemos analisar que um dos maiores desafios da educação híbrida é a necessidade da capacitação dos professores. Para Lima e Moura (2015), a formação continuada dos professores pouco foi desenvolvida em relação às implementações das TDs na educação. Entretanto, quando observamos as potencialidades dessa metodologia, verificamos que ela desenvolve a autonomia do aluno. Ao desenvolver a autonomia, o aluno solicita cada vez menos do professor uma mudança bem radical do modelo de ensino tradicional, no qual o professor é o centralizador de todo o conhecimento (PIRES; CARLA FERNANDA FERREIRA, 2015).

Sala de aula invertida

O ensino tradicional utiliza o mecanismo de produção em massa, tratando os alunos como objetos, esquecendo as diferenças culturais e psicológicas, acabando por gerar distorções, e o professor se torna um mero replicador de informações. Na verdade, a sala tradicional é um produto do industrialismo, ligado à linha de produção. Essa abordagem pedagógica acaba gerando uma defasagem nos nascidos da era digital, visto que são muito mais exigentes na forma de aprender nos dias atuais, necessitando estar motivados e interessados nas informações apresentadas. Dessa forma, surgem as Metodologias Ativas, nas quais se explora a autonomia do aluno, para resolver os problemas do dia a dia. Nasce SAI como uma alternativa benéfica para a ruptura a esse modelo de ensino.

A SAI é pesquisada ,desde da década de 1990, mas ganhou forma durante os anos de 2007-2008 nos Estados Unidos nas aulas de química quando os professores Jonathan Bergman e Aaron Sams começaram a gravar tais aulas, e os alunos assistiriam ao vídeo em casa, como lição e utilizaram o tempo da sala de aula para ajudar com os conceitos não aprendidos e resoluções de exercícios (BERGMANN; SAMS, 2019).

De acordo ao conceito formulado pelos autores Bergman e Sams (2019), na SAI, o que é tradicionalmente feito em sala de aula, agora é feito em casa e o que tradicionalmente é feito como trabalho de casa, agora é realizado em sala de aula. Então, na lógica, essa metodologia rompe a organização da sala de aula tradicional, uma vez agora o aluno acessa o material previamente, dirimindo dúvidas e discutindo conteúdos com colegas e professores. Assim, há mais tempo para realização de trabalhos em grupo, discussões e projetos, sendo possível que professores tenham acesso individualizado do rendimento dos alunos por meio dos mecanismos digitais, o que permite auxiliar de forma personalizada na implementação do processo ensino-aprendizagem dos discentes. A proposta da organização da SAI vista na Figura 3.

Figura 3: Modelo de Sala de Aula Invertida.


Fonte: adaptado Horn e Staker (2015).

No método de inverter a sala de aula, há características de mistura de técnicas, com o uso das tecnologias para educação, caracterizando o EH, no qual busca o estágio de equilíbrio, entre o ensino tradicional e as TDs, proporcionando atividades dentro e fora da sala de aula (COLVORA; SANTO, 2019). Entretanto, não necessita previamente de um Ambiente Virtual de Aprendizagem, para inserir as TDs. Aplicativos e programas podem contribuir, para a criação de um Cenário de Aprendizagem Digital, em que a flexibilidade e o custo possam facilitar a implantação dessa metodologia.

A problemática do dever de casa

O dever de casa serve para segurar o que foi trabalhado em sala de aula e planejar os alunos para os próximos conteúdos. O docente avalia as atividades que os discentes fizeram sozinhos em casa e, do mesmo modo, pode encontrar quais as dificuldades de cada um, reforçando habilidades e competências para que estes aprendam. De acordo a Bergmann (2018), professores sentem-se pressionados pela obrigação de passar o dever de casa seja em relação às pressões externas ou porque sempre foi realizado dessa maneira.

Hoje, porém, há uma discussão entre os educadores sobre a problemática do dever de casa, pois há uma reflexão acerca de quem irá ajudar os alunos no momento de dificuldade na realização das atividades propostas. Isto acontece, sobretudo, pela a falta de acompanhamento dos pais, ou seja: pela falta de tempo, de presença ou mesmo competência para ensinar o seu filho. De acordo com o National Centre for Family Literaçy, em 2013 (REID, 2013), pais declararam que 50% deles têm dificuldades de ajudar os seus filhos, nas tarefas das atividades para casa, referindo-se a vários motivos. Segue o resumo do estudo na Figura 4.

Entretanto, com a SAI, o dever de casa sofre uma alteração no local de sua realização, já que agora ele é realizado na sala de aula, junto com o professor. Dessa forma, há um acompanhamento especializado do próprio docente, solucionando as dúvidas, aprofundado melhor o conteúdo e acelerando os alunos que não têm dificuldades, resolvendo em grande parte as dificuldades dos pais em relação ao dever de casa. Para Bergmann (2018), na educação invertida, o dever de casa deixa de ser um drama e torna-se uma atividade que prepara os alunos, para aprenderem profundamente, tornando-se ativos no dia a dia da sala de aula.

Figura 4: Dificuldades dos Pais no Dever de Casa.


Fonte: adaptado Reid (2013).

A taxonomia de Bloom e a aprendizagem invertida

A taxonomia de Bloom é um modelo muito utilizado para ser seguido nas instituições educacionais em formato de pirâmide, auxiliando no planejamento pedagógico, nomeadamente na avaliação, objetivos educacionais, organização e estruturação. Foi desenvolvido nos Estados Unidos, no ano de 1956, por uma equipe multidisciplinar de psicólogos, liderada por Bejamin S. Bloom, tendo como alvo organizar os objetivos educacionais de forma hierárquica.

Segundo Bergmann (2018), na sala de aula tradicional, os níveis inferiores da taxonomia de Bloom são desenvolvidos na sala de aula, e os alunos deverão realizar a escalada do processo rumo ao topo em casa, sendo que os desafios para completar o processo são praticados pelo aluno sozinho, sem a presença de um professor em um momento de dúvidas e incertezas sobre a aprendizagem. Ou seja, na aprendizagem tradicional, o professor acaba a maior parte do tempo ensinando a lembrar e entender "fácil" e depois manda os alunos para casa para aplicar, avaliar, criar e analisar "difícil".

Na SAI, de acordo a taxonomia de Bloom, no formato de pirâmide, as camadas inferiores são entregues aos alunos de forma individualizada, para serem realizadas em casa, e o restante, no qual necessitam de um maior nível cognitivo é realizado na sala de aula, junto com professor e colegas.

Assim, Bergmann e Sams (2014) resolveram inverter a pirâmide da taxonomia de Bloom, direcionando para a aprendizagem invertida, em que a maior parte do tempo no trabalho difícil com as tarefas cognitivas, discentes estão com a presença do professor em sala de aula, e as tarefas mais fáceis são realizadas em casa no ensino on-line. Bergmann (2018) descreve que quando compartilha a taxonomia de Bloom invertida com professores, eles ficam abismados com a quantidade de tempo gasto no topo das camadas da pirâmide na avaliação e criação. A Figura 5 mostra a taxonomia de Bloom no ensino tradicional e na educação invertida.

Figura 5: Taxonomia de Bloom e o ensino invertido .


Fonte: Adaptado Bergmann (2018).

Enfim, é muito importante observamos que escolas no modelo tradicional estão trabalhando de ponta-cabeça; as atividades que necessitam de um maior suporte de um especialista são direcionadas para casa a serem resolvidas sem um apoio técnico e as atividades básicas ficam sendo realizadas na escola junto com o professor. Dessa forma, alunos não são beneficiados, e o pior, o tempo de aula não está sendo utilizado de forma correta, aumentando as distorções de aprendizagem entre alunos na mesma classe.

Os benefícios da sala de aula invertida

A utilização da SAI modificou a forma e a prática docente. Agora, o professor tem mais tempo para o aluno em sala de aula, sendo que o próprio discente tem um papel mais ativo, controlando o tempo e o local de estudo, observando que essas não são as únicas benfeitorias desse ensino. Bergmann (2019) relata vários benefícios sobre a implantação dessa metodologia ativa:

  • A inversão fala a língua dos estudantes. Os alunos podem utilizar > celulares, computadores e internet como ferramentas que auxiliem > no processo de ensino-aprendizagem, diferentemente do ensino > tradicional que impede o seu uso, mesmo sabendo que alunos atuais > nasceram na era digital;

  • Ajuda alunos ocupados. Atualmente, a maioria dos discentes está > ocupada pelo trabalho ou outros afazeres. Com a inversão da aula, > estudantes podem assistir a vídeos em casa, controlando o ritmo e > o tempo do programa, sem que haja o prejuízo do conteúdo, havendo > uma maior flexibilização no processo educacional;

  • Um maior atendimento para o aluno com dificuldade. Agora, o > professor tem mais tempo para discentes com dificuldades de > aprendizagem, tanto na sala de aula no momento presencial, como a > distância por meio de mecanismos digitais;

  • Na educação especial, estudantes com necessidades especiais podem > assistir a vídeos quantas vezes quiserem, pausando em determinados > momentos para realizar anotações de conceitos importantes;

  • A interação aluno- professor: com o uso das TDs, elas melhoram > bastante, já que agora não há um momento único. Vale salientar, > entretanto, que, com a SAI, a figura do professor no momento > presencial é de máxima importância e, assim, não há substituição > do professor nessa metodologia;

  • A interação aluno-aluno: o professor agora tem o papel de > orientador, respondendo a perguntas e orientando individualmente > ou em grupos. Ao perceber dificuldades dos alunos, o docente reúne > alunos em grupos. Nesse momento, há uma interação de alunos com > dificuldades com outros que já dominam determinado conteúdo; > agora, e passam a se ajudar em vez de depender exclusivamente do > professor;

  • Verdadeira diferenciação: a inversão do ensino mostra a > diferenciação da aprendizagem dos alunos. O professor tem como > personalizar a aprendizagem, diminuindo a carga de atividades para > alunos que aprendem com rapidez como se estivesse implementando > contratos individuais. Aos discentes com dificuldades, o professor > pede para eles foquem apenas na compreensão básica do conteúdo e, > dessa forma, alcançarão os objetivos básicos e essenciais;

  • Modificação no gerenciamento da sala de aula: com a inversão da sala > de aula, acaba o estilo do estudante que distrai a turma em sala > de aula, porque agora o tempo de sala fica restrito a atividades > práticas ou em pequenos grupos. Colegas que distraiam a aula > passam a serem ignorados, visto que o restante está ocupado na > proposta da aprendizagem;

  • O modo de conversar com os pais: no ensino tradicional, com as > reuniões de pais, a pergunta sempre era a mesma; "como está o > comportamento do filho(a)?" Agora com a inversão, o foco é a > aprendizagem do aluno. Será que os alunos estão aprendendo? Esse é > um tema muito mais profundo que leva a muitas reflexões sobre as > razões pelas quais um aluno não está aprendendo;

  • As aulas tornam-se mais transparentes: agora que os vídeos das aulas > são postados na internet, pais sabem diretamente o que filhos > estão aprendendo na escola;

  • A ausência do professor: agora, o professor pode programar a sua > ausência de maneira eficaz, uma vez que ele pode pré-gravar a sua > aula; o docente substituto terá a função de abrir o arquivo de > vídeo e passar a sua aula.

A Sala de aula invertida e as tecnologias

Para implantar uma SAI, aparece uma vasta seleção de softwares e equipamentos tecnológicos, o que propicia ao docente criar e distribuir o seu conteúdo de maneira eficaz e dinâmica. Realizar a escolha dessas ferramentas é uma tarefa demorada e difícil, já que a todo momento aparecem e desaparecem essas tecnologias. Bergmann (2019, pag. 31) aconselha de maneira enfática: "só adote a tecnologia se ela for a ferramenta adequada para tarefa a ser executada. Recorra a seu julgamento profissional, converse com colegas e mentores e até pergunte aos alunos".

Então, já que a produção de vídeos é a base da inversão da sala, professores podem escolher alguns programas de capturas de telas, como o Screencast ou Camtasia; pode-se captar a tela de um computador com uma apresentação de um slide, no Power Point e, ao mesmo tempo, captar o rosto e a voz, por meio de uma câmera ou webcam. De acordo Bergmann (2019), os vídeos deverão ter uma duração de 10 minutos para os alunos do fundamental I e 15 minutos para o fundamental II, pois, ao assistir aos filmes, os alunos irão pausar e retroceder, para realizar anotações e duplicará o seu tempo.

Simultaneamente, o professor irá necessitar de equipamentos eletrônicos para a produção e divulgação de vídeos. Esses podem resumir-se em um computador ou notebook, uma câmera ou webcam, um microfone e uma mesa digitalizadora. Como os notebooks já vêm com a maioria desses recursos embutidos, o interessante é adquirir a mesa digitalizadora, principalmente para as aulas de matemática. Para a divulgação, o acesso à internet e a distribuição via Youtube ou até mesmo o Google Driver.

Depois que os alunos assistem aos filmes, podem dar feedback por meio de várias ferramentas on-line. Alguns coletam informações na hora e depois dos filmes. Assim, ferramentas como Formulário do Google, pacotes de avaliação on-line ou Kahott têm recursos de questionários, que permitem ao docente obter o feedback imediato sobre a aprendizagem. Essas ferramentas se apresentam em forma de um quizz ou questionário, no qual os alunos respondem depois dos vídeos (Bergmann, 2019).

Conforme os vídeos são produzidos, os questionários são desenvolvidos e as plataformas digitais auxiliam na implantação da SAI. Alguns programas podem gerenciar a aprendizagem dessa metodologia ativa, compartilhando e organizando o ambiente educacional. Software como o Google Driver, o WhatsApp, Google Classroom podem auxiliar nessa tarefa, visto que são ferramentas de grande facilidade em compartilhamento de conteúdo gratuitas e populares entre os alunos.

Para facilitar a comunicação e a interação entre estudantes e professores, podem ser utilizados Fóruns on-line, Facebook, WhatsApp, Wiki entre outros, proporcionando um ambiente colaborativo de comunicação com objetivo único para todos os usuários.

Uma opção muito interessante para o aluno observar a sua evolução da aprendizagem e compartilhar o seu progresso entre colegas são os portfólios digitais, nos quais registram as suas atividades e os seus projetos. Assim, o professor pode utilizá-lo como um instrumento de avaliação contínua que servirá de registro do trabalho anual. Alguns recursos digitais como o Google Site e Blogger podem servir de base para a criação de postagens, que podem ser compartilhadas e acrescidas a qualquer momento durante o ano letivo.

Enfim, Bergmann (2018) descreve que os melhores resultados sobre a implantação de ferramentas tecnológicas no ambiente escolar acontecem quando as escolas escolhem as ferramentas certas. Devem priorizar as que sejam fáceis de usar e que estabeleçam uma interface básica, para a estrutura tecnológica presente. Desse modo, com uma gama de recursos digitais, o melhor é escolher certos programas e desenvolver a consciência sobre a capacitação do seu uso.

Considerações finais

É inegável a necessidade de mudança na metodologia de ensino adotada nas escolas, uma vez que, geralmente, recorre-se ao ensino tradicional, centralizado no professor, com aplicação de técnicas não motivadoras. Neste modelo, o aluno é passivo e não enxerga sentido no que é aprendido na escola, podendo refletir nos baixos níveis de desenvolvimento. Assim, estudiosos buscam metodologias ativas que modifiquem esse panorama, transformando a forma de como conceber o aprendizado, utilizando principalmente as TDs como ferramentas que auxiliem esse processo.

Através deste estudo sobre o uso das tecnologias no modelo de EH: SAI como proposta de ensino, constatou-se que a mudança de metodologia "Ativa", faz com que o professor tenha mais tempo para os discentes com dificuldades de aprendizagem; o aluno, agora com um perfil ativo, comanda o seu estudo, desenvolve a autonomia e enxerga sentido no que aprende, principalmente, pelo uso das TDs. Atualmente, ele passa a maior parte do seu tempo, utilizando recursos, seja por prazer ou mesmo para estudar. Para Bacich, Tanzi Neto e Trevisani (2015), as alterações nas metodologias educacionais ocasionadas pelo EH são quase naturais e há diversos motivos para que sejam positivas.

Foi verificado, também, que a pirâmide da Taxonomia Bloom deve ser invertida. Nela, as atividades de fácil compreensão são realizadas com o professor e as de maior dificuldade são mandadas para casa, para serem realizadas ou não sozinhas pelos alunos. Assim, com a inversão da pirâmide, o professor poderá resolver um dos grandes problemas da educação, a não realização do dever de casa, pois, a partir do ensino invertido, o conteúdo gravado é estudado em casa pelo aluno sozinho, com o auxílio das TDs e a tarefa para casa é realizada com o professor em sala. De acordo a Bergmann (2018), uma das grandes receitas para o fracasso é quando o professor manda para casa algumas tarefas, mesmo sabendo que os alunos não irão concluir.

Este estudo teve como objetivo geral analisar as possibilidades da abordagem do EH, por meio da SAI no desenvolvimento do ensino-aprendizagem e como as TDs têm sido utilizadas na implantação dessa abordagem pedagógica. Verificou-se que a aplicação dessa metodologia ativa fortalece a mudança de papel do aluno e professor, trazendo melhorias no processo ensino-aprendizagem e ratifica o uso das TDs, com um papel de fundamental importância no seu funcionamento; a cada dia, aparecem novas ferramentas tecnológicas que fortalecem o processo.

Em relação aos objetivos específicos, percebeu-se que no EH um dos maiores desafios é a capacitação dos professores. Por outro lado, uma das maiores potencialidades é o desenvolvimento da autonomia do aluno. Em referência às razões e contribuições da SAI, verificou-se que: ela fala a língua dos estudantes (eles podem utilizar celulares, computadores e internet); o professor tem um maior tempo para o aluno com dificuldades; as aulas têm uma maior transparência, (os pais podem observar de casa); há uma maior interação aluno professor e aluno com aluno; auxilia estudantes ocupados por falta de tempo. Uma das grandes contribuições é a melhoria da tarefa para casa, porque agora é realizada na escola. Em relação a quais tecnologias são utilizadas, foram citadas as ferramentas do Google, WhatsApp, Camtasia, formulários on-line quizz*,* Facebook*,* Wiki*,* fundamentais para a criação e gerenciamento do EH e da SAI.

O presente estudo teve como dificuldades encontrar trabalhos que analisassem pesquisas, comparando o ensino tradicional com a SAI, em relação à quantidade de alunos aprovados em ambos os modelos de ensino, que pudéssemos quantificar em percentuais, que demonstrassem qual aprovaria ou seria mais benéfica para a sociedade. Vale reforçar, porém, que, na atual pesquisa, foram citados grandes nomes relacionados ao EH e SAI, predeterminando ideias e reforçando conceitos, que, se adotados adequadamente, proporcionarão um aumento na qualidade do ensino, com reflexos nos índices de aprovação.

Este estudo apresenta para a sociedade conteúdos de extrema relevância, visto que, depois da pandemia do Coronavírus (COVID-19) e paralisação das aulas na maioria das escolas, muitos estados e municípios não estavam preparados para gerenciar a educação de forma remota. Pode-se destacar que precisamos de uma mudança na adoção de instrumentos metodológicos nas escolas. Nesse contexto, as metodologias ativas se apresentam como importantes alternativas para emancipar alunos e transformar o professor em um mediador, resultando em melhorias nos indicadores educacionais.

Finalmente, a metodologia ativa do EH com a proposta da SAI, com auxílio das TDs, pode contribuir para a melhoria da educação. Faz-se necessário que a atual reflexão sirva de referência na elaboração e planejamento de políticas educacionais. Como estudo futuro, considerando que nenhum trabalho acadêmico-científico é fechado em si mesmo e que seria impossível num texto breve como este esgotar as discussões acerca da temática em questão, esta análise pode ser ampliada, envolvendo pesquisas, focando na formação continuada de docentes, que queiram utilizar em seu exercício a metodologia do EH e da SAI, e as limitações socioeconômicas dos alunos, sobre a disponibilidade de acesso à internet, celulares ou computadores.

Referências

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