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O topônimo Gongogi no contexto da mobilidade ubíqua: Produções de objetos digitais de aprendizagens

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Autores

Mestre em Relações Étnicas (UESB). Especialista em Tecnologias e Educação Aberta e Digital (UFRB - UAb Portugal). Graduado em Pedagogia da Terra (UNEB). Professor da rede municipal SEC/Gongogi-BA. Coordenador pedagógico da rede estadual SEC/Bahia. E-mail: eudes-oke@hotmail.com.

Mestra em Saúde Pública (Universidad Americana). Mestra em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente (FAMAM). Especialista em Saúde Coletiva com ênfase em PSF (FAMAM). Graduada em Fisioterapia (FAF). E-mail: mlqueimados@gmail.com.

Resumo: O presente texto procura analisar como a mobilidade ubíqua pode contribuir para a produção de objetos digitais de aprendizagens relativos à história e cultura local na cidade de Gongogi-BA. A pesquisa tomou como objeto de análise algumas produções circuladas na internet a respeito do topônimo Gongogi, apresentando propostas didáticas baseadas na criação de repositórios digitais escolares, a partir do planejamento de projetos interdisciplinares em todos os campos de conhecimentos, levando em consideração o eixo Educação, Inovação e Tecnologia.

Palavras-chave: Mito fundador; Ubiquidade; Cibercultura; Repositórios digitais escolares.

Introdução

Apesar da expansão tecnológica e do surgimento da internet, com a popularização das redes sociais e a movimentação constante de sujeitos e informações por meio da mobilidade ubíqua1, percebemos que esses processos estão longe de representar progressos em contextos diversos da Educação. Ainda é raro encontrar produções científicas, tecnológicas e educativas nas páginas da internet e redes sociais, que busquem suprir a necessidade de acervos sobre as histórias e culturas de grande parte das cidades brasileiras, especialmente aquelas de porte pequeno.

Gongogi2 é um município localizado na região sul do Estado da Bahia, onde se observa a ausência de acervos sobre as histórias e culturas da cidade, de modo que a comunidade escolar e a população em geral encontram dificuldades para a realização de estudos diversos sobre o município. Por outro lado, nas últimas duas décadas vem sendo realizados estudos3 sobre as tradições de matrizes africanas em Gongogi, que traz em sua formação cultural a presença marcante de legados africanos. A partir de leituras realizadas nesses estudos, verificou-se que o nome Gongogi está presente nas línguas africanas dos grupos bantos4, havendo ainda outras pesquisas que analisam as aproximações do topônimo Gongogi com línguas indígenas5. Nos últimos anos, a população gongogiense adotou um novo topônimo para a cidade, o nome de 3G. Conforme veremos neste trabalho, o nome 3G se apresenta como um apelido carinhoso, por indicar os laços de identidade dos munícipes, que exibem um orgulho peculiar, principalmente nas redes sociais digitais.

Diante destas problemáticas, esta pesquisa tomou como objeto de análise algumas produções circuladas na internet a respeito do topônimo Gongogi, partindo de três questões iniciais: a escassez de estudos sobre a origem e significados do nome Gongogi; as relações entre os nomes Gongogi e 3G; e a necessidade de objetos digitais de aprendizagens sobre histórias e culturas locais.

A partir destes pontos, procuramos analisar como a mobilidade ubíqua pode contribuir para a produção de objetos digitais de aprendizagens relativos à história e cultura local na cidade de Gongogi-BA, buscando contemplar os seguintes objetivos específicos: identificar a circularidade de conteúdos na internet sobre a origem e significado do nome Gongogi; analisar o topônimo Gongogi no contexto da mobilidade ubíqua; refletir sobre a elaboração de objetos digitais de aprendizagens relativos à história e cultura local.

Quanto aos aspectos teórico-metodológicos, nos amparamos nos seguintes autores: Silveira & Córdova (2009), a tratar de pesquisa qualitativa; Fonseca (2002), a tratar de procedimentos bibliográficos e documentais; Santos (2015), a tratar de mobilidade e ubiquidade; Isotani et al (2009), Teixeira & Silva (2014), a tratar de hiperligações no ciberespaço; Assis (2014), a tratar de topônimos; Santos (1994), a tratar de espaço/tempo; Thompson (1995) a tratar de cultura e simbolismos; Santana (2016) a tratar de legados africanos; dentre outros.

Caminhos metodológicos

A coleta e análise dos dados desta pesquisa fazem uma aproximação maior com a tipologia qualitativa. A pesquisa qualitativa, conforme Silveira & Córdova (2009), "não se preocupa com representatividade numérica, mas sim com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc." (SILVEIRA & CÓRDOVA, 2009, p. 31). Destacamos algumas características da pesquisa qualitativa que entendemos ser primordiais para o presente estudo:

objetivação do fenômeno; hierarquização das ações de descrever, compreender, explicar; precisão das relações entre o global e o local em determinado fenômeno; observância das diferenças entre o mundo social e o mundo natural; respeito ao caráter interativo entre os objetivos buscados pelos investigadores (...). (SILVEIRA & CÓRDOVA, 2009, p. 32).

A pesquisa procura analisar aspectos descritivos6 e explicativos7 dos objetos analisados, identificando fatores determinantes que contribuem para a ocorrência dos fenômenos e, ao mesmo tempo, traz reflexões em relação aos enfrentamentos dos problemas analisados. Os procedimentos adotados neste estudo podem ser classificados como bibliográficos e documentais. Enquanto bibliográficos privilegiou o "levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites"; e enquanto documentais recorreu a "fontes mais diversificadas, sem tratamento analítico" (FONSECA, 2002, p. 32). A pesquisa analisou documentos e objetos diversificados que são circulados na internet. "A ubiquidade da informação vai muito além das tecnologias, da rede e do acesso irrestrito: a ubiquidade é uma propriedade da informação" (FORESTI, et al, 2018, p. 193). Assim, entendemos que qualquer objeto coletado na internet pode ser analisado como documental, levando em consideração que esses objetos trazem a dimensão do registro, da comunicação e do significado, sem desprezar o seu caráter indispensável: a interação.

Na primeira etapa, analisamos conteúdos circulados na internet sobre a origem do topônimo Gongogi. Nesta etapa, além de um levantamento bibliográfico de autores que embasam as categorias discutidas, definimos o sítio de buscas google como caminho para pesquisar os conteúdos circulados, fazendo buscas com a palavra Gongogi. Ao realizar essas buscas, definimos como amostragem os seguintes objetos: uma reportagem da Rede Bahia sobre a I Colônia de Férias em 3G, postada pelo GNN Notícias -- Portal Gongogi -- em página do youtube8; um texto denominado Gongogi-Bahia9, disponível em página denominada Biblioteca do IBGE; uma página também do IBGE, com fotos e um breve histórico de Gongogi denominado Gongogi/histórico10; um texto denominado Gongogi, o que significa?11, disponível numa página do blog Gongogi; além de fotos postadas em redes sociais.

Na segunda etapa, fizemos a publicação de uma imagem estática numa página do facebook. Com os dados obtidos nesta etapa, analisamos algumas relações do topônimo Gongogi no contexto da mobilidade ubíqua, considerando seus aspectos histórico-culturais, conflitos e aproximações. Na terceira etapa apresentamos propostas didáticas sobre a elaboração de objetos digitais de aprendizagens na produção do conhecimento local.

As bases de dados consultadas na revisão de literatura foi a Scielo, no entanto, a pesquisa contou com textos variados de outras plataformas. As consultas foram realizadas com as seguintes palavras-chave: ubiquidade; Gongogi; cibercultura.

Aspectos histórico-culturais de Gongogi

Conforme publicações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas -- IBGE, o povoamento de Gongogi ocorreu na primeira metade do século XX, mais precisamente na década de 30, quando passou a se chamar Pedrinhas. Já o processo de emancipação foi iniciado na segunda metade do século XX, registrada em 12 de abril de 1962.

Ao analisar as publicações do IBGE sobre a cidade de Gongogi, foi possível destacar alguns marcos relevantes: o documento relata que as terras gongogienses eram habitadas por grupos indígenas, mas não cita qualquer referência social, étnica ou política dos povos indígenas; na década de 20, iniciou-se a formação do povoado de Itajaí, que em 1934 foi elevado a Distrito de Paz e em 1944 passou a se chamar Tapirama; na década de 30, iniciou-se a formação do povoado de Pedrinhas, cujo nome originou-se pelo fato de no local existir grande quantidade de pedras; também na década de 30, ocorreu a construção da Capela de Senhora Sant'Ana no povoado de Pedrinhas; em 1942, ocorreu a locação da Estrada de Rodagem da BA-2, partindo de Jequié a Itabuna, ligando o povoado de Pedrinhas ao distrito de Ubatã (cidade emancipada em 1952) e à cidade de Ubaitaba (sede do distrito de Tapirama e do povoado de Pedrinhas); em 1945, foi construída uma ponte de cimento armada sobre o rio Gongogi, hoje um dos principais símbolos da cidade de Gongogi. O documento do IBGE destaca ainda dois importantes marcos12 sobre a formação político-administrativa da cidade de Gongogi:

Em 22.06.54, o povoado foi elevado à categoria de Distrito de Pedrinhas, do Município de Ubaitaba, ficando em igual condição o Distrito de Tapirama. Em 12.04.62, por força do Decreto nº 1.668, que trata das Emancipações, foi criado o Município de Gongogi desmembrado do Município de Ubaitada, e elevada a Sede à categoria de cidade, passando o Distrito de Tapirama a pertencer ao município recém-criado. (IBGE, Publicado em 2017, Consulta em março de 2020)

A Imagem 1, abaixo, registrada de cima da ponte sobre o rio Gongogi apresenta algumas características do rio que inspirou o nome da cidade: as sinuosidades. Essas sinuosidades possibilitam, por exemplo, a existência de pequenas ilhas, que são habitadas por pescadores e ribeirinhos.

A Imagem 2, abaixo, registrada há 53 anos em relação à Imagem 1, mostra a mesma visão panorâmica do rio, trazendo contrastes geográficos com a primeira imagem, como a ocupação da margem direita do rio (conforme visão frontal da imagem) por construções de residências. Subindo, rio acima, existem várias ilhas que se localizam entre pontos importantes do rio: Sequeiro do Cemitério, Fazenda Gongogi (onde desagua o afluente rio Três Braços), Paripe, Areão da São Carlos, Cabana de Gunde, Barragem da São Carlos, Poço da Casa de Farinha, Pinguela, Balsa da São Pedro, Fazenda Propriá (onde desagua o afluente rio Pontal), Cabana de Deri, Cabana do Narciso, Esquina, etc.

Figura 1: Rio Gongogi em Gongogi (BA) -- 1953 -- (Autoria não divulgada).


Fonte: Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/gongogi/historico. Acesso em: março de 2020.

Figura 2: Rio Gongogi em Gongogi -- (Autoria: Binho de Ziza).


Fonte: Disponível em: https://mapio.net/pic/p-4977286/. Acesso em: abril de 2020.

Figura 3: Vista do rio Gongogi, de cima da ponte sobre o rio Gongogi. (Autoria não divulgada).


Fonte: Disponível em: https://www.giroemipiau1.com.br/2014/02/03/sub-bacia-do-rio-gongogi-sofre-co/. Acesso em: abril de 2020.

Na Imagem 3, acima, é possível ver parte da Igreja Matriz Senhora Sant'Ana, à direita; ao fundo, a sede da fazenda Pedrinhas, que tem esse nome em homenagem ao antigo povoado de Pedrinhas; e ao lado direito, um dos pilares principais da antiga ponte de madeira que, até a década de 40, ligava as duas margens do rio, quando foi construída a ponte de cimento. Entre as cercas de madeira, há um corredor que dá acesso ao antigo Areão da igreja, que até a década de 90 era um dos principais pontos de banho da população. Descendo, rio abaixo, encontramos outros conhecidos pontos de referência: Poço de Nazinha, Tombo, Sequeiro Raso, Pancada Alta, Pé do Golfo, entre outros, até o rio Gongogi desaguar no rio de Contas, fazendo fronteiras com a cidade de Ubaitaba.

O esforço de descrever esses objetos, ainda que de forma resumida, não ocorre por acaso. Em todas as circunstâncias, o rio Gongogi se apresenta como o principal mito fundador da cidade, constituindo-se um elo entre a sua antiga sede (a cidade de Ubaitaba), o distrito de Tapirama, o povoado de Nova Palma e as pequenas comunidades rurais. Como descreve Chauí (2000), o mito fundador, na perspectiva antropológica, se traduz em "solução imaginária para tensões, conflitos e contradições que não encontram caminhos para serem resolvidos na realidade" (CHAUÍ, 2000)13. Conforme a autora, à maneira de toda fundação, o mito fundador "impõe um vínculo interno com o passado como origem, isto é, com um passado que não cessa, que não permite o trabalho da diferença temporal e que se conserva como perenemente presente", agindo como "aquele que não cessa de encontrar novos meios para exprimir-se, novas linguagens, novos valores e ideias, de tal modo que, quanto mais parece ser outra coisa, tanto mais é a repetição de si mesmo" (CHAUÍ, 2000).

De acordo com Eliade (2007), o mito não é atemporal, ele é essencialmente histórico e alimenta categorias como identidade, cultura, memória e todos os ritos da vida. O mito "é uma realidade cultural extremante complexa, que pode ser abordada e interpretada através de perspectivas múltiplas e complementares" (ELIADE, 2007, p. 11). Desde o primeiro nome adotado para o povoado (Pedrinhas), fica evidente a relação de pertencimento com o rio. Uma das características mais marcantes do rio são os extensos corredores formados por pequenas quedas d'água, correntezas, sequeiros e lajedos. As pedras evocadas no nome Pedrinhas estruturam o movimento das águas e desses movimentos nascem os sentidos vivenciados pelos sujeitos na relação pessoas-rio-pessoas. É neste contexto que o topônimo Pedrinhas se transforma em Gongogi. Esses processos são frutos das condições locais de vivências, mediatizadas pelo contato com a globalização e a mundialização, onde os espaços se convergem e se interagem, proporcionando interações culturais de várias dimensões.

Apoiado em Max Weber, Geertz (2008) afirma que "o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu", assumindo "a cultura como sendo essas teias e a sua análise; portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa, à procura do significado" (GEERTZ, 2008, p. 4). Thompson (1995) acrescenta que "cultura é o padrão de significados incorporados nas formas simbólicas, que inclui ações, manifestações verbais e objetos significativos de vários tipos, em virtude dos quais os indivíduos comunicam-se entre si e partilham suas experiências, concepções e crenças" (THOMPSON, 1995, p. 176). Argumentando que "as formas simbólicas diferem dos padrões naturais de pedras em uma praia ou de nuvens no céu", o autor infere que "tais padrões, geralmente, não são formas simbólicas precisamente por que não são expressões de um sujeito e não são percebidos como tais" (THOMPSON, 1995, p. 184). O autor argumenta ainda:

Em certos sistemas de crenças animistas, padrões naturais podem adquirir um caráter simbólico e ser vistos como 'significativos' em certo sentido; entretanto, os padrões naturais adquirem esse caráter na medida em que são vistos como expressão de um sujeito intencionado, com propósitos, seja ele um ser humano, um quase humano ou um ente sobrenatural. (THOMPSON, 1995, p. 184).

Em Gongogi, as pedrinhas estão nas margens do rio e dentro de suas águas, onde os sujeitos tem uma relação de vivência direta ao pescar o acari, o pitu e a curuca. O acari é um peixe conhecido como cascudo, entre outros nomes, conforme a localidade. O pitu e a curuca são crustáceos de grande semelhança com o camarão, que são pescados no rio Gongogi como os principais frutos de água doce. Esses pescados, dentre outros, ajudam a movimentar a economia e o sustento da cidade. As formas de pesca destes frutos do rio dependem de técnicas de mergulho, que propiciam o contato direto com as locas de lajedos submersos e com as pedrinhas que se movimentam nas correntezas.

Além disto, tantos outros fatores se apresentam como primordiais nas mediações culturais gerados a partir da relação com o rio, por exemplo: o trabalho das lavadeiras de roupa, que dependem das pedras para as técnicas de bater, coarar e estender as roupas para secagem; e os pontos do rio denominados "areão", uma corruptela de areial, que são grandes porções de areias, frequentados por banhistas e turistas. Falar destas pedrinhas é falar das culturas que emergem no espaço denominado cidade, das mediações que se constroem entre os sujeitos que convivem em um dado lugar. Santos (1994) nos ensina que "somente a História nos instrui sobre o significado das coisas. Mas é preciso sempre reconstruí-la, para incorporar novas realidades e novas ideias ou, em outras palavras, para levarmos em conta o Tempo que passa e tudo muda" (SANTOS, 1994, p. 4).

O estudo das cidades se confunde com a história do urbanismo, mas "o urbano é frequentemente o abstrato, o geral, o externo", enquanto 'a cidade é o particular, o concreto, o interno''. (SANTOS, 1994, p. 34). Neste sentido, "o estudo da cidade exige a necessidade de articular o conceito de espaço, sem o que nem mesmo saberemos do que vamos tratar", pois, "o espaço é uma categoria histórica e, por conseguinte, o seu conceito muda, já que aos modelos se acrescentam novas variáveis no curso do tempo. (SANTOS, 1994, p. 34).

Assim, quando apelamos para a junção das palavras história e cultura, formando o termo histórico-cultural, estamos nos atentando para o fato de que, independentemente de sua grandeza territorial, econômica ou industrial, a produção de conhecimentos a respeito de uma cidade só é possível se considerado o enfoque das histórias e culturas locais, posto que a globalidade se realiza por meio de mediações entre pessoas em determinados espaços e tempos. O culturalismo "como esforço de compreensão da diversidade humana" (CONSORTE, 1997, p. 12) contribui para a compreensão de que a cultura e a história sempre vêm à tona com um S implicadas, mesmo quando os termos aparecem no singular. Não será possível, em nenhuma circunstância, produzir conhecimento local sem se atentar aos pluralismos que cada contexto histórico-cultural revela.

Gongogi: interações, conflitos e aproximações

Ainda são escassas as referências bibliográficas que tratam das histórias e culturas da cidade de Gongogi. Apesar desta realidade, encontramos algumas páginas e sítios na internet, onde se percebe uma preocupação constante da população em registrar festividades oficiais, eventos educativos, personalidades marcantes da população, festas populares, patrimônios culturais, paisagens, pontos turísticos e acontecimentos do cotidiano. Em muitos casos, é possível encontrar internautas questionando a origem e significado do nome Gongogi nas redes sociais e blogs criados com a finalidade de divulgar notícias sobre a cidade de Gongogi. O blog denominado Gongogi, criado em 2007, traz um texto denominado Gongogi, o que significa?, datado de 9 de outubro de 2007:

Figura 4: Imagens recortadas em forma de printing (foto/imagem), do Texto Gongogi, o que significa?


Fonte: Disponível em: http://gongogi.blogspot.com/2007/10/gongogi-o-que-significa.html. Acesso em: abril de 2020).

Conforme observamos nos printings fotografados do blog, dois comentários se seguem ao texto Gongogi, o que significa?14. O primeiro comentário corrobora com as dúvidas provocadas pelo texto. Já o segundo comentário trata-se de referência a uma pesquisa sobre topônimos no sul da Bahia. A partir destas postagens, foi possível encontrar a dissertação de mestrado de Assis (2014), que traz contribuições imprescindíveis para o conhecimento dos nomes de cidades da região sul da Bahia, onde ele destaca a análise de 19 topônimos, entre eles o nome Gongogi. Segundo informações do autor, descritas na parte da Etimologia da ficha lexicográfico-toponímica nº 6, o topônimo Gongogi provém do tupi e pode designar os seguintes significados:

Segundo Monteiro (1929), o topônimo gongogi vem da palavra indígena botocuda grungugi. O vocábulo é constituído de uma modificação dialetal da expressão Burum = (o homem índio), seguida da palavra cuji ou codji = (pequeno), formando-se assim a palavra Guerén + gugi = 'pequeno Guerén', como têm sido designados os últimos descendentes da tribo dos Gueréns (ramo da família dos Aimorés) que ainda habitam aquela região. Para Falcão (2001), é uma palavra indígena (termo da língua dos índios Camacans), alteração de congugi, que significa "sagui". Etimologia controversa (HOUAISS, 2001). (ASSIS, 2014, p. 86)

Já na parte das Informações Enciclopédicas da ficha lexicográfico-toponímica nº 6, o autor traz novas informações:

Conforme Teodoro Sampaio (1955), o vocábulo congogy não é tupi, mas, da língua dos Camacans. Conguegi é o mesmo que 'saguim' na Língua Geral. Pinto (1894), no final do século XIX, já registrava em sua obra o vocábulo Gongogi, designando o rio do Estado da Bahia que nasce na serra do Periperi, atravessa os municípios de Poções e Barra do Rio de Contas e deságua no rio do mesmo nome. Informando que muitos pronunciavam Grongogi. (ASSIS, 2014, p. 86)

Conforme Assis (2014), os topônimos são nomes de lugares, estudados pela "Toponímia (parte da Onomástica que investiga o estudo das denominações de lugares através da análise da motivação de natureza semântica desses nomes próprios)" (ASSIS, 2014, p. 15). Citando Cavalinhos (2005), o autor infere que "Saber a origem dos topônimos é uma maneira de resgatar a identidade cultural de um povo ou de uma comunidade" e nisso reside a "importância de se conhecer a origem dos nomes de lugares (os topônimos) que de alguma forma abrigaram os povos que os antecederam" (ASSIS, 2014, p. 15-16). Noutro trecho do trabalho, a partir de contribuições de Dick (1990), o autor informa:

Sabe-se que muito pode ser descoberto e analisado a partir do estudo dos nomes de pessoas (antroponímia) e dos nomes de lugares (toponímia). Aspectos sociais, culturais, históricos podem ser resgatados, como também, a identidade cultural de um povo ou de uma comunidade pode ser traduzida mediante um estudo minucioso sobre as origens dos nomes dos lugares que os abriga. (ASSIS, 2014, p. 15)

A partir destes enunciados, o autor flexibiliza o método utilizado, mencionando dois importantes aspectos dos estudos dos topônimos, a saber: os aspectos linguísticos e os aspectos socio-histórico-culturais. Além disso, ele afirma que os topônimos escolhidos para a sua pesquisa "foram catalogados como de possível origem motivada nas línguas ameríndias brasileiras", mostrando um quadro com "os municípios da Região Litoral Sul Baiano distribuídos pela década de emancipação (SEI, 2001, p 77-78), cuja designação remete a uma origem ameríndia" (ASSIS, 2014, p. 15). Ao dar ênfase ao termo "origem ameríndia", o autor justifica que os topônimos no Brasil são frutos de relações culturais híbridas entre os povos indígenas, os portugueses e povos africanos. Para ele, "o fato que se relaciona às características internas da toponímia remete à constituição étnico-histórica do Brasil, por que os três principais grupos étnicos formadores do povo brasileiro (indígena, africano e português) deixaram sua influência nos nomes de lugares" (ASSIS, 2014, p. 69).

Apesar dessas argumentações, não encontramos no trabalho de Assis (2014) referências bibliográficas sobre as línguas africanas no Brasil, no preenchimento dos itens "Etimologia, Histórico, Informações enciclopédicas e Contexto" para a elaboração da Ficha lexicográfico-toponímica apresentada. Verificamos que todas as referências utilizadas tratam de línguas indígenas e da língua portuguesa.

Entre os anos de 2004 a 2010, foi realizado um estudo15 sobre o Ilê Axé Orussalê16, discorrendo acerca do aprendizado das zuelas17 (cantigas de terreiro), debatendo possibilidades de abordagens dessas cantigas na Educação. Entre 2014 e 2016, este estudo foi retomado e defendido no Programa de Pós-Graduação em Relações Étnicas e Contemporaneidade (PPGREC/UESB), onde se investigou as relações étnicas presentes nos rituais de padê18. Este trabalho19, intitulado HOJE É DIA DE FESTA N'ARUANDA: identidades étnicas, simbolismos e ancestralidades no Ilê Axé Orussalê, investigou as identidades étnicas no terreiro e os traços diferenciadores de seus simbolismos: comidas, musicalidades, danças, línguas, nomes, mitos/ritos etc. Tomando como referência os dados coletados no campo, a pesquisa procurou compreender as relações étnicas no interior do terreiro estudado, a partir das seguintes categorias: etnicidades, identidades étnicas, grupos étnicos, ancestralidades, simbolismos, culturas negras, palavras, dentre outras.

A partir desta pesquisa, novas indagações passaram a ser feitas acerca das relações étnicas, da produção do conhecimento afro-brasileiro e do estudo dos legados ancestrais africanos na cidade de Gongogi, com ênfase em variados aspectos histórico-culturais do município: as origens e reinvenções do nome Gongogi, a participação da juventude nos movimentos negros, as manifestações artístico-culturais de Gongogi, a presença dos bantos e suas relações com outros grupos étnicos na formação das populações que vivem no entorno do rio Gongogi, os mitos fundadores da cidade, dentre outras questões.

Durante o percurso das pesquisas acima citadas, em contato com a obra Falares Africanos na Bahia, de Yeda Pessoa de Castro (2005), uma das maiores produções científicas do estudo das línguas africanas no Brasil, encontramos o nome Gongogi na seção Vocabulário da referida obra. Conforme a autora, o nome Gongogi é de origem banto. Gongoji, escrito na obra de Castro (2005) com "j" na última sílaba, significa literalmente centopeia, o gongo que tradicionalmente conhecemos no Brasil. As palavras gongo e gongoji provém de ingongo, que também significa centopeia.

As palavras ingongo e inganga estão presentes nas zuelas (cantigas de terreiros de candomblé) que são cantadas para diversos ancestrais. Essas palavras aparecem em zuelas cantadas em terreiros de origem congo-angola, como é o caso de grande parte dos terreiros da região sul da Bahia, a exemplo do Ilê Axé Orussalê (em Gongogi), que se denomina de nação queto-angola. Gongogi também é lembrada em expressão comum na Bahia, quando se diz de alguém que está "enrolado como (in) gongó, em situação difícil" (CASTRO, 2005, p. 204).

Conforme a obra consultada, gongogi se relaciona com palavras do tronco banto como gongolô ou gongolo (barulho, confusão, bololô, muvuca), gongom (pequeno tambor feito de lata), gongapemba (senhor dos caminhos), gonganiumbanda (senhor das coisas sagradas) e ingoroci (reza do ritual congo-angola). Gongogi também tem aproximações com palavras de outros troncos linguísticos africanos como o yorubá e o fon.

Diante desses conflitos e aproximações, criamos um cartaz (imagem estática) que possibilitou a interação de internautas no facebook, onde expuseram opiniões a respeito da origem e significado do nome da cidade. O cartaz publicado no facebook traz uma foto da ponte sobre o rio Gongogi, com o tema "Gongogi, berço amado e fecundo" -- fragmento do hino a Gongogi -- e duas perguntas: Qual sentido o nome Gongogi lhe desperta em relação à cidade? Por que a população gongogiense adotou o nome de 3G?

A maioria dos internautas usaram da criatividade para expressar o sentimento de pertença com o lugar, escolhendo palavras que dão ênfase à letra "G", como guerreiro, gigante e gentil. Outro grupo ressaltou características nobres do povo gongogiense e os atrativos da cidade. Foi possível destacar duas falas20 que revelam histórias sobre o nome Gongogi.

Internauta 1. "quem colocou o nome conguge antiga Pedrinhas foi o pessoal que construiu a ponte por causa do leito do rio".

Internauta 2. "Por que a cidade e cheia de gongos".

Os dois comentários se referem a um fator em comum: às semelhanças do rio com o gongo, devido às características sinuosas do leito. A internauta 1 se refere à construção da ponte, na década de 40, trazendo a possível influência dos estrangeiros que coordenaram a construção da ponte na definição do topônimo Gongogi. A internauta 2 se refere a um processo muito mais antigo e difícil de definir com precisão, pois a relação entre a forma do curso do rio e a presença dos gongos nesta região se traduz como uma referência, um legado que se modifica, mas que permanece vivo na cultura da cidade desde seus primórdios.

Figura 5: Imagem estática publicada em página do facebook, em abril de 2020, por Eudes Batista Siqueira -- Ponte sobre o rio Gongogi, um dos principais patrimônios culturais e arquitetônicos da cidade de Gongogi, construída na década de 40. A foto foi registrada do lado da margem do território de Aurelino Leal-BA, com vistas para a outra margem do rio, mostrando parte da cidade de Gongogi-BA.


Fonte: Não informada.

Desde o processo de emancipação da cidade surgiram diversas especulações em relação ao nome Gongogi: algumas que demonstram desprezo, como justificativa do atraso urbanístico e econômico de Gongogi, em que se faz referência ao animal gongo, que se encolhe e se enrola quando é tocado; e outras que demonstram orgulho, já que o nome da cidade fortalece as potencialidades locais, como os pontos turísticos, os patrimônios naturais/ambientais e as espécies nativas. Isto é o que torna o nome um topônimo: os movimentos vivos da cultura.

Os sentidos reconstruídos pela população não se desvencilham de uma particularidade: a herança. Conforme Santana (2014), "os saberes e práticas dos africanos constituem-se como conhecimentos necessários para tratarmos de exemplos práticos, em que o conhecimento africano se alia ao conhecimento ocidental" (SANTANA, 2014, 66). Os legados africanos dialogam com as culturas ocidentais numa esfera de mediações étnicas e identitárias plurais, mas sem perder determinados sentidos de suas particularidades. Como lembra Santana (2014), "os elementos simbólicos presentes na totalidade da cultura brasileira indicam o que é real a cada grupo étnico" (SANTANA, 2014, 65). Se por um lado, o processo de colonização no Brasil assumiu desde cedo uma atuação devastadora nas tentativas de apagamento da diversidade cultural, étnica e religiosa das cidades brasileiras, por outro lado, as populações negras conseguiram deixar heranças na nossa cultura, que são o contraponto da cultura brasileira, o que a torna tão particular.

As diferenças que se apresentam entre o nome Gongogi e os nomes de suas cidades vizinhas são evidentes, observáveis pela aproximação entre as significações do termo banto gongogi e de outras palavras desse mesmo tronco linguístico. A presença de tradições de grupos bantos misturados com culturas jeje-mina e nagô-queto deixou marcas imprescindíveis na cultura local, a exemplo do samba comum, do bumba-meu-boi, da capoeira de Angola e Regional, e dos terreiros de umbanda, quimbanda e candomblé. Outros aspectos como dialetos, medicamentos, o uso das folhas, saberes relacionados à prática do parto natural, dos cuidados com os mortos e a organização das cerimônias fúnebres também fazem parte do arcabouço de conhecimentos herdados das culturas africanas.

Mas um dado em particular nos chama atenção. Conforme constatado por Siqueira (2016), de acordo com as pessoas mais velhas de terreiros de Gongogi, até a década de 70 não existia rituais de iniciação nos modelos jeje-mina e nagô-queto. Os terreiros eram denominados de umbanda ou quimbanda, denominações que fazem referência às línguas umbundo e quimbundo, dos povos bantos, referências linguísticas dos terreiros de nação congo-angola. Isto nos traz um novo desafio: como ocorreu a ocupação das terras em torno do rio Gongogi pelos africanos e seus descendentes? Ora, tratar do topônimo Gongogi vai além de estudar a própria cidade de Gongogi, que só recebeu esse nome no ano de 1962. A cidade não está sozinha.

Repositórios e Objetos digitais na cibercultura

Como já foi anunciado na introdução deste trabalho, em meados da década de 10 do século XXI, a população começou a chamar a cidade de Gongogi pelo apelido de 3G, o que se tornou tão logo um topônimo popular conhecido na região, despertando ainda mais a curiosidade de pessoas que se questionam sobre a peculiaridade do nome Gongogi. As redes sociais e diversas páginas da internet estão lotadas de postagens que identificam a cidade de Gongogi como 3G.

Em janeiro do ano de 2017, a Associação Cultural e Beneficente Antônio Pereira Barbosa -- ACAPEB, uma instituição que é referência no fomento da educação e cultura em Gongogi desde 1998, promoveu um evento denominado I Colônia de Férias em Gongogi, com "atividades esportivas, de arte-educação, cultura, economia solidária e manifestações culturais"21. Conforme constatada na reportagem da Rede Bahia, afiliada da Rede Globo sobre a I Colônia de Férias em Gongogi, a recriação do nome 3G em relação ao topônimo Gongogi foi a constatação de que o nome Gongogi repete a letra G três vezes e, por tanto, existe uma relação de grafia com o nome 3G. No entanto, o símbolo 3G é a denominação da terceira geração de padrões e tecnologias de telefonia móvel, hoje disponível em praticamente todas as partes do mundo. As conexões simbólicas entre os três G da palavra Gongogi e a denominação 3G só foi possível na medida em que sujeitos de pertencimentos gongogienses interagiram com o mundo cibercultural e suas interfaces, principalmente por meio das redes sociais.

Foi esta evidência que nos levou a formular a segunda pergunta da Publicação "Gongogi, berço amado e fecundo" no Facebook: por que a população gongogiense adotou o nome de 3G? A maioria dos participantes ressaltaram que 3G é uma forma de abreviar o nome, o que seria também uma forma de carinho. Entre as postagens, destacamos aquelas que se referem diretamente ao nome:

Internauta 1. "Tranquilidade. 3G para modernizar o nome da cidade!";

Internauta 2. "O nome 3G é por causa dos vícios das abreviações na internet";

Internauta 3. "Minha Net E 3G ir Não Trava Nota 10";

Internauta 4. "Quando se ligava pra fazer algum cadastro ou solicitar algum serviço perguntavam qual a sua localidade nós dizíamos Gongogi más eles entendiam Gongoji Pesquisavam e não encontrava chamavam a perguntar se tinha no mapa KKK Quem já sabia quando ligava já dizia Gongogi com 3G de gato kkkk".

Internauta 5. "3g na minha opinião é mais sofisticado moderno tecnológico e bem prático".

Com o desenvolvimento das tecnologias computacionais, o surgimento da internet e o desencadeamento das redes sociais, a participação da população em maior escala no uso de dispositivos móveis e seus aplicativos se tornou uma realidade. Nas páginas da internet, sujeitos de diferentes faixas etárias se colocam, se impõem e constroem uma nova cultura, a chamada cibercultura.

Conforme Santos (2015), o ciberespaço é um conjunto de espaços mediados por interfaces digitais. A autora faz um apanhado histórico sobre a evolução do ciberespaço, da Web 1.0 para a Web 2.0, afirmando que as tecnologias da informação e das telecomunicações estão sempre em constante diálogo com as cidades, mediatizados pela mobilidade ubíqua. Por isso, a cada dia estamos menos acessando a internet presa a uma estação de trabalho, o chamado "desktop", pois além dos dispositivos e aparelhos móveis, houve uma evolução grandiosa de tecnologias sem fio para o acesso ao ciberespaço, a exemplo do 4G, 3G, 2G, Wi-Max e Wi-Fi. Esses imperativos têm permitido a expansão da mobilidade ubíqua e, por tanto, a instituição de novas práticas culturais no ciberespaço.

Assim, as tecnologias da mobilidade ubíqua se caracterizam pela conexão com os espaços urbanos e com as suas diversas interações, de modo que não são apenas os dispositivos que se movimentam com seus usuários, mas a convergência dos arquivos socializados constantemente nas múltiplas redes de relações sociais em constante interação no ciberespaço. Santos (2015) chama atenção para o desafio da inclusão cibercultural de professores no contexto da Web 2.0 e da mobilidade ubíqua, destacando ações que podem ser adotadas para a potencialização da educação, tecnologias e mídias no ambiente comunicacional das escolas.

Na nossa interpretação, foi deste mundo cibercultural que os gongogienses trouxeram a inspiração para a reinvenção do nome Gongogi em 3G, como parte de um movimento de positivação das identidades locais, de afirmação com um lugar, em meio à cibercultura. Processos como a popularização das redes sociais e a mobilidade ubíqua representam uma grande evolução da humanidade, que está constantemente compartilhando dados e informações das mais diversas formas, principalmente nos aparelhos móveis, como parte de um processo de descentralização de conhecimentos, mídias e publicidades.

No entanto, esses processos não representam por si só avanços educacionais. No contexto local que estamos pesquisando, ainda não encontramos produções de objetos digitais de aprendizagens nas páginas da internet e redes sociais relativos às histórias e culturas gongogienses produzidos pelas instituições de ensino. A maioria dos resultados de trabalhos escolares não são aproveitados para trabalhos futuros ou não são inseridos em nenhum tipo de plataforma para consulta. Esse fato não se encerra na Educação Básica, pois ainda são raras as produções científicas publicadas com temáticas sobre a cidade de Gongogi, embora exista um grande número de graduados e pós-graduados na cidade.

Dentro dessas configurações, as propostas didáticas22 aqui apresentadas se constituem na articulação da mobilidade ubíqua com as histórias e culturas da cidade, tendo em vista a produção de objetos digitais de aprendizagens, a partir de arquivos socializados na própria internet. Todo o presente trabalho foi realizado a partir de objetos circulados na internet, de produções do cotidiano, da mobilidade ubíqua23, da cibercultura. O investimento em tecnologias educacionais pode possibilitar aos sujeitos da aprendizagem interagir com mais qualidade através da Web e potencializar novos conhecimentos, já que "as informações conectadas possuam significados que são compreensíveis e compartilháveis por pessoas e computadores" (Isotoni, et al, 2009, p. 31).

Estes autores destacam duas linhas de pesquisa que estão em crescente expansão: a Web Semântica (que privilegia a construção do significado da informação pelo computador) e a Web 2.0 (Web Social -- que privilegia a ação do usuário, as suas formas de interação e colaboração). A Web Semântica diz respeito a nova criação de tecnologias que procuram representar a informação de modo que os computadores sejam capazes de interpretá-la. Ou seja, o uso dessas tecnologias e o desenvolvimento de seus serviços visam transformar a Web da Informação (tradicional) na Web do conhecimento. Esse tipo de compartilhamento de informações permite que os computadores realizem inferências sobre os dados disponíveis na Web de maneira mais "inteligente".

Já a Web 2.0 (Web Social) privilegia o poder aos usuários, de modo que estes possam intervir na transformação, interação e compartilhamento do conhecimento. Nessa nova forma, os usuários conseguem se encontrar e, através de ferramentas de comunicação síncrona e assíncrona, os usuários podem interagir criando a inteligência acumulada. São exemplos deste tipo de ferramentas: Wikis; Sites de compartilhamentos de fotos, vídeos e materiais educacionais; e Sites de Relacionamento. A junção dessas duas formas de tecnologias educacionais proporciona os chamados sistemas de conhecimentos coletivos, dando origem à Web 3.0.

A partir destas duas linhas de pesquisa, da Web Semântica e da Web Social, as escolas podem produzir objetos digitais de aprendizagens que privilegiem a interação dos estudantes na produção de conhecimentos locais, de modo que essas produções integrem uma rede de saberes interdisciplinares, devendo ser publicados em sítios virtuais, blogs, páginas de redes sociais e plataformas digitais.

A criação de repositórios digitais (RDs)24 escolares institucionais ou temáticos possibilita o acesso de estudantes, professores e população em geral a acervos e bibliotecas virtuais, alimentados por trabalhos escolares. Esses acervos poderão ser alimentados na medida em que escolas, professores e estudantes desenvolvam objetos digitais (ODs)25, que poderão ser expressos em forma de imagens, vídeos, relatos etc., a depender dos objetivos de cada projeto.

Na elaboração dos objetos digitais de aprendizagens é preciso se atentar para alguns aspectos salutares, tais como: ser fidedigno às informações conforme as fontes consultadas; valer-se de procedimentos técnicos que assegurem a veracidade das informações; expor as fontes consultadas nas referências bibliográficas, eletrônicas ou de sujeitos pesquisados no caso de pesquisas in loco; construir estratégias que possibilitem a otimização de ferramentas da Web para o fortalecimento da aprendizagem; exercitar a iniciação científica como parte primordial do trabalho de produção dos objetos; indagar-se sobre as maneiras como essas produções poderão ser aproveitadas em trabalhos futuros; explorar a curiosidade e a criatividade dos estudantes sobre as ferramentas da Web em face da produção de conhecimentos diversos. Entendemos, destarte, que uma educação de qualidade, que busca a formação integral, crítica e autônoma do ser humano não pode desprezar o seu caráter científico, tampouco o eixo da Educação, Inovação26 e Tecnologia.

Considerações para não concluir

Pedaços de histórias que versam estritamente sobre aspectos isolados da história político-administrativa não dizem o que é a cidade. Essa forma reducionista de produção escolar pauta-se quase exclusivamente num ideário de colonização, que despreza personagens, mitos fundadores, patrimônios, artes e memórias que estão a emergir nos espaços diversos da cidade.

Neste contexto, a tecnologia móvel, a internet e as ferramentas digitais, como novos símbolos de urbanização e acesso à informação, são imprescindíveis para que possamos avançar em termos de inovação educacional. A criação de repositórios digitais escolares institucionais ou temáticos, alimentados por objetos digitais de aprendizagens, pode fomentar a produção do conhecimento local, com a divulgação de trabalhos escolares, estudos e pesquisas a respeito de suas histórias, culturas, ancestralidades, identidades, geografias, vocações socioeconômicas e tantas outras dimensões.

Referências

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  1. A ubiquidade pode ser entendida como a "co-presença", a possiblidade de "estar presente digitalmente, mas não fisicamente" Odendaal (2014, p. 43) apud Foresti, et al (2019). Refere-se, assim, ao processo de mobilidade de informações, usuários e dispositivos na cibercultura. 

  2. Gongogi é um município localizado no sul do Estado da Bahia, a 396 km da capital Salvador, com população estimada em 6.985 habitantes em 2020; faz fronteiras com as cidades de Aurelino Leal, Ubaitaba, Ubatã, Barra do Rocha e Itagibá, tendo como referências geográficas as microrregiões de Ilhéus/Itabuna e Jequié/Ipiaú. 

  3. Estes estudos se referem às pesquisas realizadas por Eudes Batista Siqueira nos cursos de graduação em Pedagogia da Terra (UNEB), com monografia defendida em 2010; dissertação de mestrado em Relações Étnicas (UESB), defendida em 2016; trabalhos realizados em parceria com o Órgão de Educação e Relações Étnicas (Odeere/UESB); artigos publicados como resultados de estudos no Curso de Especialização em Educação Científica e Cidadania (IF-Baiano, Campus de Uruçuca) em 2020/2021; dentre outros trabalhos realizados em parceria com entidades filantrópicas, movimentos sociais e escolas do município de Gongogi: Ilê Axé Orussalê, Ponto de Cultura ACAPEB, Colégio Estadual José Araújo Pereira (CEJAP), Associação Recreativa de Capoeira Nascente do Sol, e sujeitos mobilizadores de culturas afro-brasileiras no município. 

  4. Os grupos bantos são provenientes de etnias de Guiné, Congo e Angola, foram os primeiros a chegar no Brasil e compreenderam todos os ciclos do tráfico de africanos para o Brasil. Foram trazidos para praticamente todos as regiões que hoje compreendem os estados da federação brasileira. Ver: Siqueira (2016). 

  5. Ver: Assis (2014). 

  6. Sobre pesquisa descritiva, ver: Triviños (1987). 

  7. Sobre pesquisa explicativa, ver: Gil (2007). 

  8. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2wIFwrBFp-Y Acesso em: março de 2020. 

  9. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/bahia/gongogi.pdf Acesso em: março de 2020. 

  10. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/gongogi/historico Acesso em: março de 2020. 

  11. Disponível em: http://gongogi.blogspot.com/2007/10/sou-louco-por-gongogi.html Acesso em: abril de 2020. 

  12. Outro grande marco foi a composição do hino a Gongogi, hoje presente em várias páginas da internet. O hino a Gongogi foi composto por Antônio Pereira Barbosa, poeta, músico e tabelião de Gongogi. A letra do hino destaca aqueles constroem a história e a cultura gongogiense: "camponês, operário, estudante". Por sua profunda exaltação a esses sujeitos, por sua qualidade técnica e performance poética, o hino se constitui um patrimônio cultural de grande relevância no município. 

  13. O artigo consultado não está numerado por página, de modo que as citações trazem apenas o ano de publicação. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs2603200003.htm 

  14. Faz-se importante salientar as tantas maneiras como um objeto digital como esse pode ser trabalhado nas escolas, com vistas à produção do conhecimento local, explorando diversas áreas e dimensões do conhecimento: geográfica, histórica, literária, imagética, imaginária, informacional, tecnológica etc. 

  15. Monografia apresentada por Eudes Batista Siqueira no Curso de Pedagogia da Terra (UNEB/Campus XVII), em 2010. 

  16. Terreiro de origem queto-angola localizado no município de Gongogi-Bahia, que é comandado pela ialorixá mãe Léa. 

  17. Cantigas de terreiro. ZUELA (R) (banto) 1. (LS) --v. cantar, falar, rezar. Ver azuela. Cf. arirê, jihã, corim. Kik./kimb. zuela. Ver: Castro (2005, p. 357). 

  18. Ritual dedicados aos ancestrais (orixás, inquices e vodus) das encruzilhadas, das estradas, das ruas, da comunicação, da sexualidade, da vida e da morte. Esses ancestrais trazem nomes como Exu, Aluvaiá, Pombagira, Legbara, Maria Padilha etc., além de nomes que designam as suas diversas qualidades. O padê é de origem nagô-queto e jeje-mina, mas que está presente também nos terreiros da nação congo-angola. 

  19. SIQUEIRA, Eudes Batista. Hoje é dia de festa n'aruanda: identidades étnicas, simbolismos e ancestralidades no Ilê Axé Orussalê. Jequié, 2016, 96f. Dissertação (Mestrado em Relações Étnicas e Contemporaneidade) -- Pós-graduação em Relações Étnicas e Contemporaneidade, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Disponível em: http://www2.uesb.br/ppg/ppgrec/wp-content/uploads/2017/03/Eudes-Batista-Siqueira.pdf Acesso em: setembro de 2018. 

  20. As falas foram inseridas no texto exatamente como foram escritas nos comentários do cartaz, preservando todas as marcas da escrita e oralidade do/a internauta. 

  21. Ver reportagem de José Sorge Souza. Disponível em: http://portalgongogi.com/2017/01/26/colonia-de-ferias-em-3g-e-a-atracao-do-verao-em-gongogi/ Acesso em: maio de 2020. 

  22. As propostas didáticas aqui referidas se inspiram na Educação Intercultural Crítica e no Trabalho Centrado em Projetos, Ver: Candau e Coff (2015); e na Antropologia Afro-Brasileira: Proposta Didática para Educação das Relações Étnicas, ver Santana (2013; 2014; 2019). 

  23. Sobre ubiquidade e ciência da informação, ver: Foresti, et al (2019). 

  24. "Os repositórios digitais (RDs) são bases de dados online que reúnem de maneira organizada a produção científica de uma instituição ou área temática. Os RDs armazenam arquivos de diversos formatos. Ainda, resultam em uma série de benefícios tanto para os pesquisadores quanto às instituições ou sociedades científicas, proporcionam maior visibilidade aos resultados de pesquisas e possibilitam a preservação da memória científica de sua instituição". Consultar sitio do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, disponível em: https://ibict.br/informacao-para-a-pesquisa/repositorios-digitais#apresentacao 

  25. Sobre objetos digitais e repositórios digitais, ver: Pinto & Machado (2019). 

  26. Sobre educação e inovação, ver: Pacheco (2018).