A importância das tecnologias da informação e comunicação para a aprendizagem em rede¶
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Autores
Especialista em Redes de Computadores pela Escola Superior Aberta do Brasil (ESAB). Especialista em Tecnologias e Educação Aberta e Digital (UFRB - UAb Portugal). Técnico em Tecnologia da Informação na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. E-mail: fagner.fernandes@ufrb.edu.br.
Mestre em Geografia (UFBA). Especialista em Aplicações Pedagógicas dos Computadores (UCSAL). Especialista em Produção de Mídias para Educação Online (UFBA). Professora do Núcleo de Tecnologia Educacional 04 na formação continuada (presencial e a distância) de professores da rede pública na incorporação das TIC, por 17 anos. Professora do Núcleo de Inovação em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (NIAVA / IAT) por 03 anos. Professora de Informática para Deficientes Visuais no Centro de Apoio Pedagógico CL Aurélio Pires. E-mail: ana.passos2@enova.educacao.ba.gov.br.
Resumo: As tecnologias digitais de informação e comunicação viabilizam, por meio de programas, mídias e equipamentos a interconexão entre indivíduos, ambientes e sistemas de rede de computadores, possibilitando a comunicação e a troca de conteúdos entre seus atores. Este artigo tem como objetivo discutir a importância do processo de ensino e aprendizagem em rede, mediados pelo uso das tecnologias digitais de informação e comunicação, na medida em que compreende como pessoas, grupos e instituições utilizam esses recursos para ensinar, aprender e se relacionar, dentro e fora das instituições de ensino. Consiste em uma revisão bibliográfica que discute acerca dos meios e propostas contemporâneas que viabilizam as práticas colaborativas de ensino e aprendizagem mediadas pelas tecnologias digitais. Inicialmente, o texto aborda a visão conectivista sobre a evolução das redes de aprendizagem como resultado de uma mudança sociocultural baseada no avanço tecnológico no cenário global. Em seguida, apresenta os meios e recursos que viabilizam a educação em rede, concluindo que é preciso compreender os desafios enfrentados pelos profissionais da educação e pelas instituições de ensino para que a educação seja reformulada e capaz de atender às novas formas de comunicar, aprender e se relacionar.
Palavras-chave: conectivismo; aprendizagem em rede; TDICs.
Introdução¶
Este artigo foi elaborado com o objetivo de discutir a importância do processo de ensino e aprendizagem em rede, mediados pelo uso das tecnologias digitais de informação e comunicação, identificando principais tecnologias digitais e sua relevância na educação, na medida em que compreende como pessoas, grupos e instituições utilizam esses recursos para ensinar, aprender e se relacionar, dentro e fora das instituições de ensino. A proposta inicial foi responder aos seguintes questionamentos: como as instituições de ensino, pessoas e grupos estão utilizando as tecnologias digitais para ensinar e aprender em rede, e qual a relevância dessas tecnologias no processo de construção do conhecimento coletivo?
Deste modo, os objetivos específicos foram: discutir a importância do processo de ensino e aprendizagem em rede mediados pelo uso das tecnologias digitais de informação e comunicação; identificar as principais tecnologias digitais usadas como recurso para obtenção de conhecimento em rede e sua relevância na educação; investigar como as tecnologias digitais são utilizadas para ensinar e aprender de forma colaborativa através da rede mundial de computadores e entender os principais desafios da educação nos dias atuais. A pesquisa consiste numa revisão bibliográfica, a partir da análise de publicações e estudos de caso que apresentaram relação direta entre aprendizagem em rede e as tecnologias digitais de informação e comunicação, as TDICs e a educação, escritos em Língua Portuguesa. A base de dados para a pesquisa foi o Google Scholar, em textos com publicação dos últimos cinco anos.
Essa estratégia permitiu delinear um panorama da sociedade contemporânea e esboçou um recorte sobre suas novas formas de se comunicar e aprender. Logo, era necessário um exame de como as pessoas aprendem no contexto informacional atual, tendo inúmeros recursos tecnológicos e conteúdos acessíveis a qualquer momento e em qualquer parte do mundo. Por fim, os estudos e análises trouxeram resultados práticos sobre onde essas tecnologias foram experimentadas, a fim de ensinar e capacitar pessoas em contextos diversos. Dessa forma, foi possível fomentar a discussão sobre as novas possibilidades, voltadas ao ensino e a aprendizagem através da rede mundial de computadores.
Os principais pensamentos abordados envolvem a teoria conectivista de Siemens (2004), que fala, entre outras coisas, sobre a evolução das redes de aprendizagem e sua relação com o desenvolvimento da humanidade ao longo dos últimos anos; Castells (2002) para explicar a formação da sociedade em rede como resultado de uma relação sociocultural fundamentada na evolução das tecnologias da informação em um cenário econômico globalizado; Buchingham (2010), para situar o lugar da escolarização, no contexto educacional mediado pelas tecnologias multimídia e Bonilla e Pretto (2015) que trazem a reflexão sobre a falta de sintonia entre as práticas realizadas dentro e fora das instituições de ensino, dentre outros estudos que abordam as tendências para utilização das TDICs nos diversos contextos da aprendizagem em rede, além da importância das relações sociais para a educação contemporânea.
A sociedade em rede e o conectivismo¶
As tecnologias digitais da informação e comunicação influenciam no processo de ensinar e aprender em rede, por isso é importante entendermos, segundo Castells (2002), as questões socioeconômicas advindas da era da informação, assim como os efeitos causados pelo uso dessas tecnologias na contemporaneidade. O autor aponta o fenômeno da globalização e suas características como sendo o principal fator de implicações tecnológicas na sociedade, dentro de uma perspectiva econômica mundial.
Na sua visão, as formas de se relacionar e comunicar foram desenhadas dentro de um processo de transformação pós-revolução tecnológica informacional, na qual todas as economias globais mantiveram relações cada vez mais interdependentes, apresentando novos vínculos sociais, econômicos e de Estado. Castells tenta elucidar questões sociais e econômicas da era digital no que tange aos efeitos provocados pelas TDICs em nossa sociedade. A mais relevante delas são as transformações tecnológicas provocadas após o surgimento do hipertexto, responsável por reunir todas as modalidades de comunicação humana em um único ambiente.
Para ele, a importância principal das TDICs e os seus recursos midiáticos são as mudanças na forma fundamental do caráter comunicacional que mudaram a forma com que as pessoas interagem umas com as outras, não sendo vista apenas como novos recursos pedagógicos ou ferramentas educativas, mas como meios e linguagens comunicacionais que mudam toda uma maneira de interagir e se relacionar em escala global, o que caracteriza:
A integração potencial de texto, imagens e sons no mesmo sistema - interagindo a partir de pontos múltiplos, no tempo escolhido (real ou atrasado) em uma rede global, em condições de acesso aberto e de preço acessível - muda de forma fundamental o caráter da comunicação (CASTELLS, 2002, p. 413).
Dessa maneira, é importante ter em mente que tais mudanças socioeconômicas também tiveram papel fundamental nas formas de ensinar e aprender, dentro ou fora das instituições formais de ensino.
A mudança primordial foi o surgimento da rede mundial de computadores. Inicialmente, criada pelo departamento de defesa dos EUA, com interesses bélicos, a Arpanet acabou se difundindo por universidades e, posteriormente, se expandiu pelo mundo, culminando no que é hoje a internet. Assim, era permitindo a conexão de pessoas geograficamente distantes, além do compartilhamento de recursos computacionais e informações de interesse coletivo.
Para Castells, (2002, p. 433) "A internet, em suas diversas encarnações e manifestações evolutivas, já é o meio de comunicação interativo universal via computador da Era da Informação". Segundo ele, a internet é a espinha dorsal da comunicação global, pois ela permite uma grande quantidade de computadores e usuários conectados, desde o seu surgimento até os dias atuais.
No que tange a educação em rede, o autor traz uma questão importante para reflexão, que é o problema da desigualdade no acesso às redes. Revela a concentração da distribuição das mesmas, na sua maioria, em países mais industrializados ou cidades mais desenvolvidas economicamente, o que evidencia um dos fatores de desigualdade na internet, uma vez que exclui uma parcela da população mundial por não possuir acesso à rede.
Contudo, aponta a popularização do uso do software, principalmente o de código aberto, pelo seu baixo custo e a possibilidade de criação de comunidades de pessoas que interagem entre si, a fim de aprenderem umas com as outras e trocar experiências, como argumentos para justificar a importância de estar conectado. Embora, a rede permita a criação de laços fracos, liga pessoas de diversas características sociais, expandindo assim a sociabilidade para além dos limites definidos do autorreconhecimento. Esses fatores evidenciam a importância e o caráter educativo das redes.
As comunidades virtuais, assim como os grupos de discussão online, são mais fortes do que muitos acreditam. São exemplos de solidariedade mútua na rede, mesmo entre pessoas desconhecidas e sem nenhum laço afetivo, formam grupos de pessoas com interesses afins. Consideradas por Castells irreais, operam em outro plano de realidade, o virtual, tendo como principal característica romper barreiras comunicacionais e distâncias geográficas, desenvolvendo, por meio da internet, diversos tipos de atividades.
Hoje, sabemos que existem diversos usos para a internet. Sem muito esforço, podemos executar tarefas profissionais sem sair de casa, realizar operações bancárias, participar de eventos e cursos, enviar e receber e-mails, acessar websites, fazer compras e vender produtos, acessar redes sociais, assistir filmes e séries, ouvir músicas, produzir e compartilhar conteúdos, tudo online. Por esse motivo, Castells (2002) define multimídia como o novo sistema caracterizado pela integração de diferentes veículos de comunicação e seu grande potencial interativo e transformador.
Nesse sentido, porque a educação ficaria fora da rede? De que maneira as instituições de ensino podem utilizar as mídias para promover a aprendizagem por meio da internet? Na tentativa de responder como esses recursos digitais impactaram as pessoas na forma de viver, se comunicar e aprender é que surge a teoria do Conectivismo. A proposta conectivista de Siemens (2004) fala sobre o tempo do conhecimento que antes era mantido durante a vida, mas hoje cresce de forma acelerada e pode se tornar obsoleto na mesma proporção. Também relata que essa baixa duração coloca-nos diante de desafios por consequência da quantidade de informação que é produzida por todo o mundo.
O autor relata as tendências que considera mais significativas para o aprendizado, a descentralização do aprendizado, a aprendizagem informal, o conhecimento transversal, dentre outras formas de obter conhecimentos, como características principais de uma educação em rede. O aprendizado não é mais como um conhecimento aprendido e consolidado durante a vida, ele muda e se aprimora constantemente. Portanto, devido aos novos paradigmas gerenciais do conhecimento, a educação também pode ser repensada, pois "as necessidades de aprendizagem e teorias que descrevem os princípios e processos de aprendizagem, devem refletir o ambiente social vigente" (SIEMENS, 2004, p. 1).
Para tentar explicar a sua teoria Siemens mostra que o behaviorismo, o cognitivismo e o construtivismo, três teorias educacionais relevantes, possuem limitações às novas exigências educacionais na era digital. E destaca que "em algum ponto, no entanto, as condições subjacentes se alteraram tão significativamente, que as modificações posteriores não são mais perceptíveis. É necessária uma abordagem inteiramente nova" (SIEMENS, 2004, p.3), para explicar esses novos fenômenos. Siemens ainda afirma que essas teorias falham em não tratar de aspectos da aprendizagem que acontecem "fora do indivíduo" e que são desenvolvidos por meio das tecnologias midiáticas, enfatizando que o mais relevante do que a forma de aprender é a relevância da informação.
A problemática conectivista gira em torno da forma de produção do conhecimento e as diversas maneiras com que usamos e nos adaptamos a toda essa demanda por informação. O mais importante não é aprender e guardar, mas sim desenvolver a habilidade de buscar o conhecimento de maneira correta. Suas principais ideias baseiam-se na aprendizagem não linear, no armazenamento e recuperação de informação, procedimento muito bem realizado pelas tecnologias de busca, na atualização diante da rápida evolução do conhecimento, na qual o conhecimento necessário e pontual é mais importante do que o conhecimento completo e a importância da intertextualidade.
Seu objetivo é trazer uma visão mais contemporânea sobre o conhecimento e a experiência, que pode ser do outro, pois podemos armazená-las em outra fonte, acessá-las e aprender com elas, uma vez que não podemos experimentar de tudo na vida. Agora, é necessário encontrar padrões em meio ao caos onde tudo e todos estão conectados. Siemens defende uma teoria baseada no conceito de que se as condições que levaram a tomada de decisão para sustentar as antigas teorias mudam, logo, as próprias decisões se anulam e devem ser alteradas com o fim das condições pré-estabelecidas na sua origem. A saber:
Uma rede pode, simplesmente, ser definida como conexões entre entidades. Redes de computadores, grades de poder e redes sociais, todas funcionam através do princípio simples de que as pessoas, grupos, sistemas, nós, entidades podem ser conectadas para criar um todo integrado. Alterações dentro da rede têm efeitos de onda no todo (SIEMENS, 2004, p. 5).
Por esse motivo, a teoria do Conectivismo pode ser relevante para explicar as novas formas de aprender, construir conhecimento e compartilhá-los em rede. Os novos tempos exigem habilidades para distinguir entre quais são informações úteis ou não. É necessária uma curadoria daquilo que se aprende. Essa, então, seria a função principal do professor, filtrar as informações, ensinando não apenas conteúdos prontos, mas sim a melhor escolha para se aprender no ambiente onde a informação é descentralizada, volátil e difusa, porque:
Apesar de haver uma resposta certa agora, ela pode ser errada amanhã devido a mudanças nas condições que cercam a informação e que afetam a decisão, e, para que isso aconteça, o conhecimento que fica em uma base de dados precisa ser conectado com as pessoas certas nos contextos certos para que possam ser classificadas como aprendizagem (SIEMENS, 2004, p. 6).
Portanto, "o ponto de partida do Conectivismo é o indivíduo. O conhecimento pessoal é composto por uma rede que alimenta as organizações e instituições, que por sua vez alimenta de volta a rede e então continua a prover aprendizagem para o indivíduo" (SIEMENS, 2004, p. 7). A ampliação da aprendizagem, conhecimento e compreensão, na extensão da rede individual é o resumo do conectivismo, enxergando o conhecimento como algo necessário, mas que não precisa ser carregado todo tempo, porque a "nossa habilidade em aprender aquilo que precisamos para amanhã é mais importante do que aquilo que sabemos hoje" (SIEMENS, 2004, p. 8), assim como as qualidades necessárias para se conectar e encontrar conteúdos.
Obviamente, o Conectivismo não é a única teoria que trata a questão da educação em rede ou educação para as mídias. Buchingham (2010) diz que é contra a ideia da escola como a conhecemos e que ela seria ultrapassada e defende que elas têm um papel pró-ativo relacionado às mídias digitais. Ele afirma que, até hoje, a escola, enquanto instituição, persiste da mesma maneira, mesmo após a telefonia móvel, os jogos de computadores, a televisão interativa e a própria internet, sendo o uso dessas tecnologias visto como lazer. Um dos seus argumentos é que desde 1970 já existiam computadores nas escolas e que isso não foi suficiente para que todos os desejassem.
Sua adesão em massa pelos jovens só aconteceu após o avanço da cultura pop entre as décadas de 1980 e 1990. Ele também questiona a eficiência das tecnologias, que por si mesmas, não seriam suficientes para alcançar os objetivos educacionais, e que as escolas são vetores da formação midiática; as grandes corporações, pessoas influentes e visionárias, por tentarem de alguma maneira obter lucros e desmerecer o papel das instituições de ensino, ao afirmar que as escolas tradicionais seriam substituídas integralmente pelas tecnologias computacionais e da informação, o que não aconteceu até o momento.
São visões distintas, não apenas acerca do uso das tecnologias, mas do contexto em que elas estão sendo inseridas e utilizadas. Conforme o referido autor, as tecnologias como projetores e monitores de televisão tornaram-se obsoletos e ineficazes com o passar do tempo, mesmo após grandes investimentos nesses recursos. O problema está na comparação entre essas mídias já experimentadas e que não deram certo, com as tecnologias da informação e comunicação, hoje conhecidas como TDICs, levando os professores a recusar o seu uso, uma vez que não acreditam que existam benefícios reais nas diversas formas de ensinar a aprender.
Mas será que a culpa está nas tecnologias em si ou na forma com que as utilizamos no ambiente escolar? Uma das respostas para essa pergunta, segundo esse autor, é a alocação dos investimentos, sendo sua maior parte em hardware, dando menor importância ao software e ao treinamento dos professores, entre outros fatores como programas de computadores mal desenvolvidos, desgaste de peças e mudança acelerada de tecnologias, o que as tornam obsoletas em pouco tempo.
Defende ainda que uma revolução ou reforma na educação, hoje, só é possível com a participação dos professores, juntamente com os profissionais da educação. Criticando, também, a pura utilização das tecnologias como fórmula mágica para resolver questões metodológicas ou cognitivas, sem levar em conta os contextos socioeconômicos na qual são aplicadas, além das pessoas que as utilizam. Outra crítica, é a questão do determinismo tecnológico, o autor alerta sobre o uso generalizado do termo geração digital, os chamados nativos digitais, tendo em vista as desigualdades e diferenças entre os jovens. Também trata sobre a maneira como as pessoas consomem as tecnologias de forma passiva e fala sobre a diferença no uso da internet dentro e fora do ambiente escolar, o que pode causar desinteresse e frustração em comparação ao que estão habituados a ver fora da escola.
Para Buchingham (2010) a escola deve atentar para a influência midiática na vida dos jovens fora do ambiente escolar, como um desafio institucional no que diz respeito às desigualdades de acesso às tecnologias. O posicionamento dos autores citados sobre o uso das tecnologias na educação apesar de parecerem antagônicas, na prática, não são. Ambos falam do papel da escola no processo de ensinar e aprender em rede, porém cada um de uma perspectiva diferente, levando em consideração o contexto social de seu tempo, assim como as tecnologias e o papel fundamental das instituições de ensino para uma educação aberta às tecnologias da informação e comunicação e pelas novas formas de ensinar e aprender em rede.
Possibilidades e desafios para a educação em rede¶
A seguir serão apresentadas possibilidades de uso das TDICs para promover uma educação em rede. O importante aqui não é definir as melhores tecnologias, nem elencar modelos pedagógicos de ensino, mas tentar entender como elas podem ser empregadas na promoção de uma aprendizagem em rede. Diversos autores tratam a questão do uso das tecnologias como sendo algo mediador da aprendizagem ou mesmo uma ferramenta de apoio pedagógico, quando, na verdade, deveriam tentar entender como elas ocorrem e por qual motivo instituições, grupos e pessoas as utilizam cada vez mais.
Levando em consideração o uso da rede, nota-se que sua interação principal é marcada pelo compartilhamento de experiências de interesse coletivo como, por exemplo, fazer negócios, se relacionar on-line, além de contribuir para difusão do conhecimento. Autores como Giglio, Souza e Spanhol (2015) acreditam que essas características podem ajudar na construção de uma aprendizagem que atenda às necessidades educacionais da sociedade contemporânea. Por isso, afirmam que é preciso ter uma visão mais ampla sobre a sociedade, a economia e a cultura, no contexto de pós-revolução tecnológica informacional, dentro da perspectiva produtiva que impacta os setores da sociedade.
Se mostram também otimista ao falar sobre o empoderamento possível através da expansão das redes, principalmente pelos jovens, uma vez que permite o compartilhamento de informação através de plataformas criadas para esse objetivo, o que altera radicalmente a forma como pessoas interagem e se relacionam, pois "as tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) introduziram uma série de transformações nas diversas esferas que compõem a sociedade, tornando a comunicação mais rápida, flexível e ubíqua" (GIGLIO, SOUZA, SPANHOL, 2015, p. 106).
Algumas questões precisam ser esclarecidas, como quais tecnologias são mais usadas atualmente, por quem e para qual finalidade. O Comitê Gestor da Internet no Brasil divulgou pesquisa revelando que 83% das crianças e adolescentes utilizam a internet para assistir conteúdos em formato de vídeo, filmes e séries, o que mostra o crescimento das mídias digitais, principalmente fora do ambiente escolar. Outra parcela da sociedade utiliza as redes para atividades online, que necessita da interação do outro, por meio de aplicativos de troca de mensagens instantâneas, jogos online e até mesmo transmissão de cultos online, etc.
De acordo ainda com os autores, nos ambientes focados em redes sociais, o conhecimento ocorre por meio das relações e interações entre atores e conexões. Devem ocorrer também dentro da escola, de maneira híbrida, dando maior ênfase às formas de organização humana e de articulação entre comunidades e instituições, uma vez que esta última é quem provê os recursos de infraestrutura física que permite a diversificação dos canais de comunicação na rede. É importante enxergar as redes sociais, além dos sites de relacionamentos. Elas têm um grande potencial na construção do conhecimento e no compartilhamento de informações e experiências entre discentes e docentes.
Um outro recurso tecnológico na educação são os Ambientes Virtuais de Aprendizagem, os AVAs, atualmente ferramentas indispensáveis na aprendizagem a distância. Segundo Giglio, Souza e Spanhol (2015) a educação EaD (Educação a Distância) é a forma mais próxima do conceito de educação em rede. Um dos motivos é o surgimento de comunidades virtuais e ferramentas que ampliam os recursos tecnológicos na área da educação. E para que isso ocorra, eles devem possuir características similares as encontradas nas redes sociais, para suprir um dos principais problemas dos AVAs: a falta de interação entre os atores ou a ocorrência de conexões não realizadas, tornando-se um dos principais desafios para a modalidade de ensino.
A plataforma, seja qual for, em si não funciona sozinha. É o que afirma Souza e Simon ao criticarem os AVAs, afirmando que eles não trazem uma percepção do outro nos ambientes e que carrega um sentimento de isolamento nos usuários por falta de relacionamentos. Comparam a importância das redes desde o surgimento da humanidade e a sua necessidade de se relacionar em rede. Através desses recursos tecnológicos podemos favorecer a interação social e a comunicação entre as pessoas. Após o surgimento das comunidades virtuais e a ampliação da web 2.0, os usuários puderam criar seus próprios conteúdos e compartilhá-los para que outros tivessem acesso. Essa é a base da aprendizagem em rede, produzir e compartilhar conteúdos, proporcionando novas experiências que "apontam para uma educação com ambientes de aprendizagem inovadores" (SOUZA, SIMON, 2015, p. 141), promovendo uma educação a distância mais próxima e interativa.
O Moodle,1 uma das plataformas mais utilizadas no mundo, devido a sua proposta libertadora, atraiu pessoas, formando uma grande comunidade que a desenvolve, possibilitando maior flexibilidade e adaptação ao contexto de ensino desejado ao permitir a inserção de ferramentas adicionais como: o Ebah, rede social acadêmica, com objetivo de proporcionar o compartilhamento de informações e arquivos entre discentes e docentes de graduação e pós-graduação; o Edmodo, rede social educativa, similar ao Facebook, que permite acesso a materiais didáticos, textos, livros, e compartilhamento de mensagens, além de possibilitar agendamentos, realização de tarefas e obtenção de notas; o ClassDojo e o Remind, desenvolvidos para melhorar a comunicação entre docentes, discentes e pais de alunos, fortalecendo a relação entre eles.
Outra opção é a criação de redes sociais escolares, mais focadas nas instituições de ensino como, por exemplo, o Linkedin, plataforma desenvolvida para promover relações de trabalho entre grupos, empresas e profissionais livres de diversos ramos da sociedade. Essas ferramentas tornam possíveis a criação de novas propostas de expansão de currículos educacionais e aprimoramento das relações entre os atores da educação. Sendo assim, importante a realização de estudos sobre o uso das TDICs na educação e suas práticas para poder ampliar o debate sobre o tema.
"Compreender a sociedade em que vivemos a partir do conceito de rede ganhou importância com a disseminação das redes sociais na internet" (KOEHLER, CARVALHO e FRANCO, 2015, p. 714). Por isso pontuam que é preciso entender quais as principais contribuições das interações sociais on-line, em grupos de estudo do ensino superior, através da rede social Facebook. Neste estudo, defendem a redefinição dos processos de ensino e aprendizagem, principalmente por causa da nossa convivência atual, antes industrial, agora em rede, propondo a substituição das formas mecanizadas de aprendizado para obtenção de uma educação descentralizada e dinâmica.
As redes são vistas como um ponto de encontro de interesse comum, a exemplo dos grupos de trabalho que, através da rede, tentam solucionar problemas e trocar conhecimentos e experiências afins, caracterizando-se como um aprendizado coletivo de atividades compartilhadas entre os seus atores. São habilidades que o profissional contemporâneo precisa prestar atenção. As tecnologias que permitem acesso, compartilhamento e armazenamento de informação estão acelerando a produção do conhecimento, no qual um livro publicado hoje, a depender da complexidade do seu conteúdo, poderá se tornar obsoleto muito rapidamente. Por isso é necessário acompanhar essa evolução e a escola, sem dúvidas, é o local ideal para essa mudança.
Em seu artigo sobre redes sociais e MOOCs2, Souza e Simon (2015) realizaram uma análise sobre essas mídias e suas potencialidades para o ensino e a aprendizagem colaborativa, característica importante na promoção de uma educação em rede. Os autores afirmam que muitas ferramentas ajudaram na consolidação da aprendizagem como espaço de criação de compartilhamento do conhecimento através da internet. Citam os movimentos livres de Creative Commons, que permitiram criação e expansão de conteúdos públicos e colaborativos na web, o que fortaleceu os canais de mídias alternativos, considerados muito importantes para a alfabetização audiovisual, midiática e multimídia da população mais jovem.
O movimento possibilitou a criação de conteúdos mais atrativos e dinâmicos, porque muitos deles continham técnicas de edição, filmagem e produção de conteúdo, entre outras que ajudam a aumentar a qualidade da produção de material didático. Até iniciativas governamentais foram estimuladas através de políticas de Recursos Educacionais Abertos, os REAs. Todos esses conteúdos e materiais produzidos e compartilhados fazem parte de uma grande rede de interesses, na qual todos podem produzir e consumir conteúdos. A interação é uma consequência de um jogo de interesse comum. As relações só ocorrem por causa da necessidade de obter essas informações e na expectativa que outros possam aproveitar aquilo que foi produzido por determinado ator ou instituição para atender a um público específico.
Um dos problemas comuns para a consolidação de uma aprendizagem em rede é a falta de sintonia entre as práticas realizadas pelos discentes dentro e fora da escola. "Vivemos em tempos de codificação digital e articulação em rede, sendo a sociedade, atualmente, gestada, gerida e organizada a partir da digitalização das informações e das redes" (BONILLA E PRETTO, 2015, p. 500), onde não é mais possível viver isolado das transformações socioculturais que ocorrem no mundo. Outras questões são apontadas ainda pelos autores citados, dentre elas: a falta de articulação entre os diversos projetos e programas lançados pelo governo, a fragilidade na formação dos professores, além do engessamento das tecnologias em modelos pedagógicos que não mudam sua dinâmica, uma vez que o papel da máquina é a comunicação e a produção de sentidos.
Ao se relacionarem e criarem conteúdos, as pessoas movem a comunicação em diversas direções e campos do conhecimento, com infinitas possibilidades. Todas essas características dão destaque aos coletivos. Grupos de atores representam um conjunto que troca e compartilha informações e conhecimentos, no qual todos são produtores e consumidores de conteúdos e ensinamentos. Assim, Bonilla e Pretto chamam a atenção para o crescimento das práticas colaborativas em rede, que a cada dia ganham mais força, porém encontram dificuldade de se propagarem no contexto escolar. Ressaltando também que a lógica de transmissão de informações adotada pelas instituições, que controlam a direção da comunicação e a mantém em sentido unilateral, vai de encontro às características do uso da própria rede.
Trazem, desta forma, uma reflexão sobre os desafios e estratégias aplicadas na tentativa de consolidar iniciativas públicas para educação, precisamente, com ênfase na gestão e práticas pedagógicas aplicadas em sala de aula. Bem como sobre a relação entre as tecnologias digitais e a nossa cultura que começa a adquirir forma a partir das políticas públicas que favoreceram o seu uso no cotidiano brasileiro, a partir da década de 1990. Uma das estratégias que viabilizaram políticas públicas para intensificação do uso de tecnologias da informação e comunicação nas escolas foi o projeto Um Computador por Aluno, UCA, que distribuiu computadores pessoais para estudantes de escolas públicas. Por meio dele, eram mantidos laboratórios de informática, produção e distribuição de conteúdos destinados às práticas pedagógicas no ensino fundamental e médio.
Desde então surgem relações mais dinâmicas e mais livres no consumo de informações. A passividade foi dando lugar à busca cada vez maior por informações seletivas e de interesse pessoal de modo a ultrapassar a forma de uso dessas tecnologias apenas como recurso para capacitação profissional ou como forma de ensinar os mesmos conteúdos apresentados dentro das escolas, onde normalmente são proibidos o uso de redes sociais, chats ou salas de bate-papo. A importância dessas mídias transpassa unicamente a obtenção de conteúdos, tendo mais a ver com a convergência de linguagens que está relacionada à conectividade em tempo integral dentro e fora da escola.
As mídias permitem que docentes e discentes criem conteúdos e inovem em suas práticas, compartilhando-as em diversos tempos e espaços, aqui e no mundo. Mesmo em lugares remotos, como nas escolas do campo, pessoas podem ganhar o mundo, tornando possível o contato com outras culturas e conhecimentos educacionais antes inviáveis. Os autores, citados acima, também sinalizam que um dos problemas para consolidar essas práticas inovadoras, através da rede é de caráter estrutural, porque o Brasil ainda não disponibiliza acesso à banda larga para toda a população de forma igualitária. Uma das formas de resolver o problema seria a implantação de políticas públicas que levem essas tecnologias às escolas, porque ainda é um dos poucos espaços onde os jovens passam a maior parte do seu tempo, considerando que muitos não têm acesso a esses recursos em suas casas.
A escola deve conter meios para se tornar um ambiente de apropriação que permita o uso das TDICs de modo mais horizontal, como foi o caso do Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE), criado para levar conexão de alta capacidade para as escolas do país. Todas essas tecnologias e recursos são importantes para a educação de jovens e adultos. Porém, é preciso quebrar os paradigmas sobre o uso dessas tecnologias, que, apesar de terem muito potencial, não serão tão eficientes, a menos que novas propostas curriculares e pedagógicas surjam para atender as novas demandas contemporâneas de relacionar, comunicar e aprender, construindo uma educação inovadora que "provoca novas formas de pensar, sentir e agir". (BONILLA E PRETTO, 2015, p. 512).
Estudo relevante foi realizado sobre o uso de tecnologias como prática protagonista em uma sociedade da comunicação. A iniciativa buscou analisar o curso de formação de professores envolvendo docentes e discentes visando valorizar a aprendizagem em rede para além dos limites da sala de aula. E teve como objetivo beneficiar a interação e o acesso à informação, produção de conhecimentos por meio de inclusão digital e o resgate da cidadania, pois as "tecnologias e mídias digitais interativas na escola oferecem oportunidades às pessoas de participarem como protagonistas de outro modo de aprender nesta sociedade de comunicação" (SPEROTTO et al. 2015, p. 159).
A proposta era mostrar que através destas tecnologias é possível manter conexões apenas possíveis no mundo virtual. E enfatizar a importância do ciclo de formação, tanto para professores, quanto para alunos de graduação, devendo estes estarem preparados para a nova realidade. Toda a formação foi realizada com materiais oriundos de Recursos Educacionais Abertos, conhecidos como REAs. Essa tecnologia proporciona a criação e compartilhamento coletivo e gratuito de conhecimentos essenciais ao ensino, pesquisa e extensão. Esse projeto, em particular, envolveu diversos professores e alunos do curso da UFPel, além de alunos da rede pública municipal de ensino. É importante destacar a utilização de conteúdos midiáticos produzidos pela própria rede, de forma colaborativa e aberta, essencial para a realização do projeto.
A experiência mostra a alteração na forma com que temos acesso a informações que antes eram restritas e disponíveis apenas para professores e agora podem ser encontradas facilmente na rede, proporcionando aos jovens uma nova forma de aprender em um contexto digital que exige uma dinâmica diferenciada de ler e entender o mundo a sua volta através de diversas linguagens emergentes.
Os autores sugerem que as tecnologias da web 2.0 servem como forma de entrada na escola. Enfatizam seu alcance e facilidade de acesso, tanto de quem produz, quanto de quem consome, enxergando-as como ferramentas ideais para difusão do conhecimento, justificada pelo seu alto grau de acessibilidade, disponível em qualquer lugar do mundo, desde que haja conexão, estreitando a relação entre instituições, professores e alunos. Essas novas relações se dão de forma mais horizontal, facilitando o emprego das mídias interativas em ambientes educacionais e fortalecem as relações individuais, institucionais e coletivas por meio da aprendizagem em rede.
O estudo identificou as principais barreiras que impedem a utilização das tecnologias nas escolas. Identificaram as barreiras individuais que partem dos professores por não terem contato com recursos e tecnologias em suas formações acadêmicas e nem dispor de tempo para se aperfeiçoar. Por causa de sua estrutura rígida, algumas escolas que não desenvolvem políticas pedagógicas voltadas ao incentivo de trabalhos coletivos e interdisciplinares, além da falta de investimento em tecnologias, infraestrutura e nos profissionais da educação. Por último, as coletivas, que são abaladas pela carência de integração e atividades em grupo. Deixando evidente a importância de uma formação em rede que proporcione a transferência colaborativa de experiências e o estreitamento das relações de interesse entre professores e alunos.
A partir do entendimento da dinâmica necessária ao aprendizado em rede e da importância dessas tecnologias é possível explorar suas formas e possibilidades. Para Nunes et al. (2016) as tendências tecnológicas até o ano de 2010, revelam a implantação de dispositivos próprios de realidade aumentada e virtual, análise e aprendizagem adaptativa, makerspaces3, affective computing 4e robótica. Segundo eles, essas tecnologias acompanham o avanço da cultura de inovação em que as instituições de ensino superior terão papel relevante da promoção da economia, por serem incubadoras de novas descobertas e possibilidades.
Essas tecnologias podem ser convertidas em salas de aulas inteligentes com acesso à banda larga, conhecidas como salas de aula interativas, que permitem a comunicação colaborativa em rede, através de web conferências e aulas a distância. O que leva a pensar no surgimento de programas de extração de dados e na evolução da educação online, na aprendizagem híbrida e móvel. E os sistemas de gestão da aprendizagem serão programas de fomento a esses tipos de práticas de investigação, estimulando as análises de dados para acompanhamento do desenvolvimento dos estudantes, proporcionando o aumento da cultura de inovação, definindo o novo papel das instituições de ensino, com o aumento de demanda por aprendizagem mista, alterando profundamente o cenário educacional com foco na aprendizagem híbrida.
Os referidos autores ainda sinalizam que instituições de nível superior possuirão redes dinâmicas e globais, por meio da Internet das Coisas5, que estará presente e conectada a objetos e pessoas. O desafio, no entanto, é conciliar a educação formal e informal para alcançar a alfabetização digital, criar modelos concorrentes de aprendizagem em rede e equilibrar a vida conectada e desconectada para consolidar e enriquecer cada vez mais o processo educativo. A aplicação de tecnologia na educação como algo essencial ainda não é um consenso. Costa, Duqueviz, Pedroza (2015) questionam o uso das tecnologias apenas como auxílio para o acesso à internet e a mediação do aprendizado, principalmente, fora da escola e reconhecem a importância do uso em massa pelos jovens, por estarem em idade escolar, pois \"A perspectiva de mudança nas práticas sociais é mais presente entre os jovens, principalmente entre os estudantes com acesso às TDIC\" (COSTA, DUQUEVIZ, PEDROZA, 2015, p. 605).
É notório que o potencial das TDICs ultrapassa o conceito de ferramenta auxiliar, podendo ser aplicada em diversas áreas do conhecimento. Para eles as mudanças na forma de interação da sociedade contribuem para a construção subjetiva dos jovens, tanto dentro quando fora da escola. A tecnologia considerada ideal para promoção das mudanças educacionais são os smartphones e celulares, porque são mais acessíveis. Segundo pesquisa divulgada em 2017, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, 98,7% dos domicílios acessavam a internet via dispositivos móveis, ficando na frente dos microcomputadores, televisão e tablet.
Esses dados reforçam a importância do letramento digital para professores e alunos, como também para os profissionais da educação, uma vez que
"é preciso ter o domínio dos instrumentos do conhecimento, ou seja, saber utilizar as tecnologias digitais, pois esse meio é uma forma importante e bastante presente para se ter acesso ao amplo conhecimento acumulado ao longo da história da humanidade" (COSTA, DUQUEVIZ, PEDROZA, 2015, p. 606).
Além disso, é papel da escola desenvolver nos seus alunos a capacidade de produzir multimídia, habilidade exigida principalmente pelas novas gerações. Portanto, precisamos seguir na direção de uma aprendizagem crítica, com todo potencial escolar, promovendo o uso dos meios e ferramentas culturais necessárias ao aprendizado em rede, de forma colaborativa e alinhada às novas formas de se comunicar, relacionar e aprender.
Considerações finais¶
No intuito de discutir a importância das TDICs na educação, em sintonia com a forma contemporânea de viver e se relacionar, chega-se à conclusão que é necessário compreender melhor os desafios enfrentados, tanto pelos profissionais da educação, quanto pelas instituições de ensino, no que tange ao aprendizado em rede. A maioria dos autores apresenta uma visão favorável para uso de tecnologias na educação, não apenas como ferramentas mediadoras do aprendizado, mas como novas formas de se comunicar e construir conhecimento de forma coletiva.
Também foi possível entender o grande papel das instituições de ensino hoje, que possuem a missão de preparar os jovens para desenvolver novas habilidades e competências exigidas pela sociedade da informação, por meio dos seus diversos usos e práticas. Nota-se que atualmente as TDICs são utilizadas em diversos contextos. O seu maior uso é em atividades multimídia, fora do contexto escolar, principalmente para troca de mensagens instantâneas, acesso a sites, redes sociais, cursos online, jogos, produção de conteúdo em formato de vlogs, blogs, etc., sempre buscando a interação com o outro.
Para educação formal existem diversas iniciativas e plataformas que visam consolidar a educação em rede como, por exemplo, as salas de aulas interativas e inteligentes, cursos on-line abertos, comunidades virtuais, acervos digitais, recursos educacionais abertos, redes sociais educativas, etc. Também existem os ambientes virtuais de aprendizagem para a promoção da educação a distância.
Nesse sentido é importante deslocar as conexões e interações mantidas na rede para dentro da escola. Uma forma interessante para alcançar esses objetivos seria a criação de redes sociais escolares. Com elas seria possível criar comunidades de interesse comum e grupos de estudo online, onde todos consomem e todos produzem de forma descentralizada, dinâmica e multidirecional e o professor teria o papel de procurar as melhores fontes, conteúdos e informações. Essa dinâmica consolidaria o modelo de educação em rede de maneira prática para além dos muros da escola e do conhecimento. Dessa maneira, é possível realizar uma maior articulação entre professores e alunos, propondo novas metodologias de ensino que considerem os diversos contextos econômicos e culturais da sociedade.
Um dos principais problemas relatados no uso das TDICs na escola é a ausência de interação entre os atores da maioria dos ambientes virtuais de aprendizagem, assim como o modelo unilateral de transferência de conhecimento que seguem modelos tradicionais de ensino. Também existe déficit na formação de professores e o engessamento das tecnologias em modelos pedagógicos mais antigos que não levam em conta o real papel das mídias que é a comunicação e a criação de sentidos na rede onde todos são produtores e consumidores de conteúdos.
A maioria dos estudos atenta para o crescimento das práticas colaborativas e suas possibilidades possíveis com uso das TDICs para o aprendizado. Defendem a importância da utilização das mídias dentro e fora da escola pelas muitas conexões e atores envolvidos, considerando que esses elos podem estreitar as relações entre professores, alunos e até mesmo instituições, promovendo uma horizontalidade no processo de ensino.
Por fim, conclui-se que o estudo revela a importância do uso das TDICs na educação, e sugere a transposição do modelo já utilizado nas redes para o ambiente escolar, através de modelos de ensino mais dinâmicos, conectados e interativos, levando em consideração as relações sociais, culturais e econômicas. Para que isso ocorra é necessária a reestruturação dos processos de ensino e aprendizagem, além do aperfeiçoamento na sistemática de ensino através da criação de políticas públicas que viabilizem a realização de uma educação em rede que atenda as demandas da sociedade.
Referências¶
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KOEHLER, Cristiane; CARVALHO, Marie Jane Soares; FRANCO, Sérgio Roberto Kieling. Interação Social em Rede e nas Redes Sociais na Internet: reflexões para uma educação em rede. In: XX Congresso Internacional de Informática Educativa, 11, 2015. Anais... Santiago-Chile: TISE, 2015. p. 713-718. Disponível em: http://www.tise.cl/volumen11/TISE2015/713-718.pdf. Acesso em: 06 mar. 2020.
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SIEMENS, George. Conectivismo: uma teoria de aprendizagem para a idade digital. 2004. Disponível em: http://usuarios.upf.br/~teixeira/livros/conectivismo%5Bsiemens%5D.pdf. Acesso em: 02 mar. 2020.
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SPEROTTO, R.I. et al. Aprendizagem em rede: um toque na tela. Em Aberto, Brasília, v. 28, n. 94, p. 158-171, dez. 2015. Disponível em: http://rbepold.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/viewFile/1677/1648. Acesso em: 06 mar. 2020.
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Acrônimo de "Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment". É um Sistema de gestão da aprendizagem, baseado em software livre. ↩
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Cursos online abertos, geralmente desenvolvidos por instituições acadêmicas. ↩
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Laboratórios de fabricação equipados com ferramentas para desenvolvimento comunitário. Exemplo Fab Lab. ↩
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Tecnologias que utilizam emoções como forma de interação homem-máquina. ↩
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Conceito que se refere à interconexão digital de objetos do cotidiano à internet. ↩