Mediação Pedagógica nas Comunidades Virtuais de Aprendizagem¶
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Autores
Especialista em Tecnologias e Educação Aberta e Digital (UFRB - UAb Portugal). Especialista em Educação a Distância (UNEB). Especialista em Politicas Públicas, Gestão do Conhecimento e Desenvolvimento Regional (UNEB). Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior (FAZAG). Graduado em Pedagogia (UNEB). E-mail: reginaldoaraujo19@hotmail.com.
Doutor e pós-doutor em Educação. Professor adjunto no Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas (CECULT), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Professor permanente no Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Educação Científica, Inclusão e Diversidade (mestrado), da UFRB. Coordenador adjunto do Sistema Universidade Aberta do Brasil na UFRB. Coordena o Programa de Extensão Digital para Qualificação Discente e o Programa de Extensão Formação Docente Continuada em Tecnologias Digitais. É vice-coordenador do grupo CNPq de Pesquisa em Tecnologias Educacionais, Robótica e Física (G-TERF) e pesquisador do Grupo CNPq Formação e Investigação em Práticas de Ensino (FIPE), desenvolvendo projetos de pesquisa nas temáticas das Tecnologias Digitais na Educação; Competências Digitais dos Professores (DigCompEdu) e Aprendizagem Online e Diversão Emancipatória. Avaliador do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior do INEP /MEC. E-mail: eniel@ufrb.edu.br.
Resumo: O presente artigo trata da mediação pedagógica nas comunidades virtuais de aprendizagem e terá como metodologia uma abordagem qualitativa. Quanto à tipologia, a pesquisa está relacionada área de educação e tecnologias e classifica-se como exploratória, envolvendo revisões bibliográficas, analisando os princípios que norteiam o ato de construir conhecimentos através dos ambientes virtuais de aprendizagem. O estudo tem por objetivo identificar as estratégias utilizadas para que a mediação pedagógica utilizada nas Comunidades Virtuais de Aprendizagem (CVA) proporcione a efetiva aprendizagem e, como objetivos específicos, pretende-se identificar: a participação dos professores e tutores na mediação pedagógica em CVA, analisando questões relacionadas à afetividade na mediação pedagógica. O artigo contribui para a reflexão da temática, colaborando com a expansão e implantação, com qualidade e afetividade, nos cursos realizados através das tecnologias emergentes. Nas conclusões, constata-se a relevância da efetivação da colaboração, cooperação e afetividade no processo de ensino aprendizagem; bem como a imprescindível utilização de estratégias adequadas para a mediação pedagógica. Ademais, verificou-se que as CVA têm proporcionado infinitas possibilidades de aprendizagem e o fato em que as tecnologias emergentes proporcionam a democratização dos saberes. Quanto à mediação pedagógica nas CVA, com o suporte das tecnologias digitais, foi verificado ser essencial os princípios da interação de forma colaborativa, cooperativa e afetiva em todos os níveis de ensino.
Palavras-chave: Comunidades virtuais de aprendizagem. Mediação pedagógica. Afetividade. Cooperação. Colaboração.
Introdução¶
Considerando-se a dinamicidade das Tecnologias da Informação e Comunicação (TDIC) na contemporaneidade, percebe-se que estas tecnologias possuem infinitas possibilidades em contribuir no processo de ensino e aprendizagem na construção de efetivos conhecimentos. Desta forma, este artigo possui como tema central as especificidades das comunidades virtuais de aprendizagem, haja vista a importância de se analisar os princípios que norteiam o ato de aprender nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) que, inclusive, configura-se de relevante significado para todos àqueles que atuam como mediadores nos espaços virtuais.
Nesta perspectiva, torna-se necessário entender como ocorre a mediação pedagógica nestes espaços, considerando que a aprendizagem pode ser mediada por fatores diversos, onde o alcance da efetiva aprendizagem não está limitado, apenas, às capacidades cognitivas dos indivíduos e, por isso, a importância de estratégias adequadas principalmente no ambiente virtual que possui especificidades distintas da aprendizagem nos espaços presenciais.
Por conseguinte, diversas estratégias devem ser levadas em consideração para o êxito no processo de ensino e aprendizagem, sendo necessário que os sujeitos da aprendizagem, principalmente na modalidade a distância, compreendam que devem ser autônomos e responsáveis pelo seu aprendizado, pois, diante das tecnologias emergentes, novas competências e habilidades são atribuídas tanto para os alunos quanto para professores. Desta forma, conforme assevera Moore (2011), a mediação através de recursos tecnológicos impõe a junção de diferentes mídias no processo de aprendizagem e quanto mais diversificadas forem estas mídias, maior eficácia haverá para uma faixa mais ampla de alunos e, por isso, a comunicação deverá está lastreada em princípios elementares, tais como o respeito mútuo entre os envolvidos no processo de aprendizagem e cuidados com a linguagem, pois, o entendimento de presença em ambientes virtuais está muito além da localização geográfica.
Assim sendo, este artigo buscará respostas à pergunta problematizadora que se coloca diante do tema central: como a colaboração, cooperação e afetividade podem ser efetivadas no processo de ensino aprendizagem nos ambientes virtuais de aprendizagem? Esta problematização será analisada, haja vista a relevância das quais estão revestidas, pois, os aparatos tecnológicos não devem ser vistos, apenas, como simples mediadores nas relações dos indivíduos, haja vista a impossibilidade do ser humano e a técnica serem concebidos de forma dicotômica e, sim, como realidades interligadas. Desta forma, a preocupação educacional passa a ser a elaboração de estratégias didático-metodológicas que problematizem os modos de comunicação, compartilhamento da informação e produção do conhecimento, sem esquecer que a afetividade é fator preponderante no processo de ensino aprendizagem.
Nesta perspectiva, o objetivo geral deste artigo é identificar se as estratégias estão sendo adequadas para que a mediação pedagógica utilizada nas comunidades virtuais de aprendizagem proporcione a efetiva aprendizagem e, como objetivos específicos, pretende-se identificar: a importância dos professores e tutores na mediação pedagógica em comunidades virtuais de aprendizagem e identificar se a afetividade é fator preponderante na mediação pedagógica em ambientes virtuais de aprendizagem.
Quanto à metodologia, esta pesquisa possui uma abordagem qualitativa, vez que buscará entender as causas e consequências dos fatos, reconhecendo-se que o conhecimento do pesquisador não é ilimitado. Quanto à tipologia, a pesquisa classifica-se como exploratória, envolvendo revisões bibliográficas sobre o problema pesquisado, haja a vista a característica deste tipo de pesquisa, possibilitando-se maior familiaridade com o problema e, conforme Gil (2008), com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. E, mais além, importante destacar-se que a pesquisa bibliográfica parte do principio do levantamento de referências teóricas já analisadas e publicadas.
Neste sentido, a escolha desta metodologia está lastreada em benefícios para a análise da problemática estabelecida, pois, conforme Gil (2008), a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente.
As bases de dados utilizadas foram sites confiáveis, tais como, o Scielo, ABED, artigos publicados em revistas especializadas em Educação e Tecnologias e outras fontes confiáveis que estarão registradas nas referencias bibliográficas do presente trabalho. A temporalidade dos artigos e livros foi limitada ao período entre os anos de 2010 a 2019 e as palavras-chave utilizadas foram: Comunidades virtuais de aprendizagem; mediação pedagógica; colaboração; cooperação e afetividade.
Comunidades virtuais de aprendizagem¶
O estudo das comunidades virtuais de aprendizagem revela que estas comunidades se configuram como relevantes possibilidades de aprendizagem. Ao contrário do que acontece nos ambientes presenciais, onde professores e alunos se encontram em um mesmo espaço físico, os ambientes online são caracterizados, exatamente, pela não presença física dos sujeitos aprendentes e, portanto, importante destacar que o ciberespaço e a Cibercultura estão a proporcionar diversas formas de socialização, de transmissão e de aquisição de saberes, haja vista que a conectividade permitida pelo ciberespaço possibilita o compartilhamento de ideias e a construção de conhecimentos em rede.
Importante destacar-se que as comunidades virtuais de aprendizagem, conforme Paz (2015), não existe uniformidade quanto à definição do termo, considerando-se que, por um lado, os conceitos de comunidade e de ciberespaço apresentam aspectos mais estáticos, por outro, o conceito não apresenta especificidade quanto aos múltiplos conceitos de ensino e aprendizagem. Ainda de acordo com Paz (2015), o incremento das comunidades virtuais está ancorado na interconexão e nas junções de interesses, de saberes, projetos recíprocos e na ação de cooperação, independente das fronteiras territoriais e, neste aspecto, de bom alvitre destacar que as Comunidades Virtuais de Aprendizagem são formadas tendo como suportes online os Ambientes Virtuais de Aprendizagem.
Note-se que tais comunidades são definidas através da participação voluntária, pelo caráter intelectual e/ou de interesse relacionado a determinados assuntos e, mais além, considere-se a importância do diálogo entre os membros, da colaboração e compartilhamento de informações significativas entre os interessados. Importante alertar para o fato em que, considerando-se os aspectos didáticos pedagógicos, "o desafio está na escolha de ambientes virtuais que privilegiem não apenas a exposição de conteúdos, mas também a interação e a colaboração coletivas no processo de ensino e aprendizagem". (AMARILLA FILHO apud NASCIMENTO; SILVA, 2018, p.72).
Todavia, muitos cursos ofertados em ambientes virtuais não formam comunidades de aprendizagem, haja vista que, conforme Santo (2017), muito embora o ideal seja que os cursos, na modalidade EaD, possibilitem a formação destas comunidades, não significa que a não formação destas em determinados cursos seja fator desqualificante, porquanto a existência de liberdade de escolha dos idealizadores e de suas respectivas propostas pedagógicas e, complemento, devido a escolha de muitos indivíduos que buscam a certificação oferecida por cursos abertos massivos online oportunizados por algumas instituições e, note-se que muitas instituições têm oferecido cursos com excelentes resultados de qualidade.
Fundamental neste estudo, considerar que a educação online que ocorre através das comunidades virtuais de aprendizagem, conforme Carvalho (2016) não transpõe a sala de aula presencial para o ciberespaço, mas, sim, utiliza-se da infraestrutura do ciberespaço, buscando-se estimular a interatividade entre os atores deste processo, partindo-se do pressuposto de que todos aprendem e ensinam e, mais adiante, entender-se que as CVA possibilitam a intensificação da Inteligência Coletiva a partir da dinâmica de redes, onde a participação de todos é essencial para a constituição de uma CVA.
Em síntese, as CVA realizam o que há muitos anos os teóricos das correntes pedagógicas progressistas tanto lutaram para a educação presencial: a superação dos métodos de transmissão de conteúdos e, sim um modelo construtivista e o sociointeracionista, onde seja possibilitado o surgimento de alianças entre os membros, que passam a entender a importância da interatividade que proporciona o aprendizado através dos princípios da colaboratividade e cooperatividade.
Necessário admitir-se que os saberes, através das mídias digitais, deixaram de ser exclusividade de alguns e passam a ser democratizados, afinal, conforme nos ensina Lévy (1999), as tecnologias resultam das relações culturais dos indivíduos que integram a sociedade, levando em consideração a sua cultura, a qual está inserida na Cibercultura. A Cibercultura é um mundo universal, onde podem ser compartilhados valores, pensamentos e interações diversificadas e, por conseguinte, as novas mídias digitais possuem enormes possibilidades de adquirimos conhecimentos. Assim, urge que tenhamos a clara visão de que a evolução da sociedade contemporânea, as possibilidades de mudança nos processos educativos ou quaisquer outros processos sociais, econômicos e culturais estarão alicerçados nas novas tecnologias que, obviamente, deverão ser vistas como instrumentos que podem e devem ser utilizados para a busca do efetivo conhecimento.
Ainda devemos considerar que os aparatos tecnológicos, que proporcionam a formação das CVA, não devem ser vistas, apenas, como simples mediadores nas relações dos indivíduos com o mundo, haja vista que não podemos perceber o ser humano e a técnica em separado, mas como realidades interligadas. A esta interligação, Lèvy (1999) denomina ecologia cognitiva, onde a convivência é precípua para a consolidação das suas próprias inter-relações, pois, estas tecnologias oportunizam novas maneiras de acesso à informação, raciocínio e conhecimento, possibilitando o surgimento da inteligência coletiva dos grupos. E, definitivamente, para que não sejamos alijados do processo social, precisamos compreender que, conforme Moreira e Dias-Trindade (2019), na contemporaneidade, tem se percebido grande dinamicidade nas relações sociais e pedagógicas devido ao crescimento das TDIC e estas estão a promover verdadeiras mudanças culturais e sociais e, por conseguinte, impossível negligenciar tal fato nos ambientes de aprendizagem.
Assim sendo, evidenciada está a constatação em que o ciberespaço e a cibercultura estão a proporcionar infinitas possibilidades para construção de conhecimentos e, desta forma, imprescindível que os cursos realizados através das tecnologias emergentes sejam executados com muita responsabilidade, haja vista a importância em proporcionar cursos que atendam aos interesses dos sujeitos e, mais além, que tais cursos possuam estratégias que possibilitem a apresentação de conteúdos que possuam a devida contextualização, proporcionando, inclusive, a progressão para uma matriz construtivista e o sociointeracionista, onde prevaleçam os princípios elementares da colaboratividade e cooperatividade. Finalmente, indiscutível a importância das TDIC, vez que estas estão a possibilitar a democratização, onde todos podem ter as oportunidades de adquirir conhecimentos.
Mediação pedagógica nas comunidades virtuais de aprendizagem¶
Considerando a importância da mediação pedagógica, imprescindivel que sejam considerados aspectos relacionados à colaboração, cooperação e afetividade e, mais à frente, entender-se que o alcance da efetiva aprendizagem não está circunscrito, apenas, às capacidades cognitivas dos indivíduos e, por isso, a importância de estratégias adequadas principalmente no ambiente virtual que possui especificidades distintas da aprendizagem em ambientes presenciais, vez que, conforme Santo (2017), as distâncias geográficas proporcionam desafios a serem enfrentados, principalmente na elaboração de mecanismos pedagógicos diferentes dos utilizados na educação presencial, pois,
Cabe aos professores e tutores reduzir o distanciamento transacional (comunicacional e psicológico) com a ampla utilização das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), pois fornecem ferramentas que impulsionam o processo de mediação do professor no ciberespaço educativo (SANTO, 2017, p.5).
O processo de mediação apoiado pelos recursos tecnológicos impõe a combinação de diferentes mídias no processo de aprendizagem e quanto mais variadas forem estas mídias, maior eficácia haverá para uma maior faixa de alunos e, por conseguinte, a comunicação deverá está lastreada em princípios elementares como: respeito mútuo entre os envolvidos no processo de aprendizagem e cuidados com a linguagem, pois o entendimento de presença em ambientes virtuais está muito além da localização geográfica. Logo, conforme Masetto (2015), imprescindível que docentes, na condição de mediadores do processo de ensino e aprendizagem, ancorados em diversas estratégias, apropriem-se das tecnologias, proporcionando que os discentes se concebam e sejam autores de suas próprias ações, levando-os a alcançar seus escopos e, com isso, alcançarem a autonomia necessária para, de forma colaborativa e cooperativa, alcançarem os conhecimentos desejados.
Assim sendo, para que a mediação pedagógica seja exitosa, importante a existência de diversos meios para a efetivação das estratégias pedagógicas que serão utilizadas, aí se incluindo os recursos humanos e materiais. Não obstante, necessário que as estratégias levem em consideração as causas do "silêncio virtual" dos alunos e a colaboração, interação e compartilhamento nos fóruns de discussão, destarte, os aparatos tecnológicos não devem ser vistos, apenas, como simples mediadores nas relações dos indivíduos, vez não ser possível pensar, de forma separada, o ser humano e a técnica e, sim, como realidades associadas. Nessa perspectiva, o meio social e cultural, num enfoque sócio - interacionista é preponderante para o sujeito construir o conhecimento, porquanto, conforme ensinamentos vygostikianos analisados por Souza (2016), através das interações sociais é que os sujeitos têm a oportunidade de efetivar suas trocas cognitivas e atribuindo novos significados as informações e conceitos para a construção dos conhecimentos.
Desta maneira, todas as estratégias para a aprendizagem em ambientes virtuais devem levar em consideração os aspectos da mediação pedagógica, pois, conforme Santo (2017), a fundamentação teórica da Ead indica que professores, tutores e alunos devem assumir, com responsabilidade, o processo de ensino aprendizagem, cabendo aos professores e tutores apresentar as possibilidades para que o estudante adquira o necessário discernimento para analisar a grande quantidade de informações que estão disponíveis no ciberespaço, internalizando os conhecimentos para dominarem as competências que lhes são exigidas. Destarte, se entendermos que ao professor cabe a tarefa de ser o mediador entre os alunos e o conhecimento, fica evidente que ao professor cabe à tarefa de criar as metodologias adequadas para que se alcance o objetivo maior da educação que é, sem dúvida, fazer com que os alunos se apropriem dos conhecimentos que lhes serão exigidos para a vida em sociedade.
Todavia, precisamos compreender que a mediação pedagógica, em ambientes virtuais ou não, deverá está centrada nas pessoas. Além disso, compreender que a prática pedagógica deve ser realizada baseada na compreensão da relação existente entre a prática pedagógica e o momento histórico e social da sociedade em que vivemos e, logo, exige-se que os conhecimentos sejam adquiridos de forma contextualizada, dando significado para aquilo que se aprende, cabendo ao mediador compreender que a sua prática não deverá ser, apenas, transmitir conhecimentos, mas subsidiar o aluno na construção dos saberes.
Ainda há de se considerar que os fatores interesse, motivação e necessidade exercem forte influência e naturalmente que tais fatores são imprescindíveis. Contudo, pensando a questão de como operacionalizar a mediação pedagógica, compreendermos ser fundamental que os debates ultrapassem o pensamento tradicional da educação, não encarando as novas tecnologias, apenas, como ferramentas instrumentais e, sim, buscando novos caminhos pedagógicos, explorando as potencialidades derivadas das tecnologias de tal forma que estas sejam vetores de alcance da efetiva aprendizagem. Por conseguinte, partindo-se do pressuposto que vivenciamos uma nova cultura social, evidenciado está que precisamos analisar e criar novos caminhos para os processos de ensino e aprendizagem, haja vista a emergência de uma sociedade dinâmica, permeada pelas tecnologias digitais que conectam os sujeitos através das TDIC e que têm respondido aos desafios da sociedade e dos seus ecossistemas digitais.
Por conseguinte, necessária à observância do entendimento em que na mediação pedagógica virtual deve prevalecer a característica fundamental de uma prática educacional fundada na valorização dos saberes dos sujeitos. Será por meio desta prática que os docentes conseguirão possibilitar ambientes onde os sujeitos reflitam sobre os conhecimentos conquistados a partir de suas vivências e dos saberes que foram alcançados através das interações ocorridas nas comunidades virtuais de aprendizagem. Finalmente, para alicerçar estes entendimentos, importante relembrar que "ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção" (FREIRE, 1996, p. 76).
Assim sendo, fundamental que na mediação pedagógica seja considerado que para o alcance dos êxitos no processo de ensino e aprendizagem, imprescindivel atentar para os aspectos cognitivos sem perder de vista a criação de estratégias pedagógicas adquadas ao ensino online. E, mais além, perceber que a mediação pedagógica, ocorrida através das tecnologias emergentes, deverá estar ancorada em estratégias que levem em consideração os principios da colaboração e cooperação, onde os sujeitos aprendentes consigam alcançar os conhecimentos e, para tanto, necessário que todos os profissionais envolvidos no processo de aprendizagem induzam os discentes a terem discernimento para dominarem as competências que lhes são exigidas para os estudos online. De igual forma, ressaltar que as estratégias pedagógicas não podem ocorrer alheias ao momento histórico e social e, por isso, a necessidade da contextualização dos conteúdos apresentados, onde os sujeitos possam dar significado para aquilo que aprendem.
Professores e tutores na mediação pedagógica virtual¶
É fato que estamos a vivenciar profundas transformações na contemporaneidade e uma das causas que explicam estas renovações está relacionada ao fenômeno neoliberalista e sua consequente reestruturação das formas de produção capitalista que passaram de uma base taylorista-fordista -- em que os trabalhadores devem cumprir procedimentos rígidos e manuais para uma base toyotista -- com procedimentos flexíveis, onde se requer habilidades intelectivas e de relacionamento social, tais como criatividade e discernimento para enfrentar as dinâmicas modificações decorrentes deste novo modelo de organização do trabalho.
Neste sentido, o processo educacional não está excluído desta lógica neoliberal, pois, este passa a exigir professores que possuam os conhecimentos e discernimento suficientes para atender ao modelo social, ora, presente na sociedade, até porque os professores necessitam compreender as estruturas de poder nas relações sociais; além do fato de a evolução tecnológica e o advento da Internet propiciam, conforme Moreira (2018), o surgimento de uma sociedade digital marcada por mudanças marcantes na economia e no mercado de trabalho, proporcionando o advento de novos modelos, processos de comunicação educacional e, por consequência, novos modelos de aprendizagem.
Desta forma, considerando-se que a aprendizagem pode ser influenciada por fatores diversos, percebe-se, então, que o alcance da efetiva aprendizagem não está limitado, apenas, às capacidades cognitivas dos indivíduos e, por isso, a importância de professores e tutores e todos àqueles que participem de um projeto de educação possuir as competências necessárias para a criação de estratégias adequadas, principalmente no ambiente virtual que possui especificidades distintas da aprendizagem em ambientes presenciais. Por conseguinte, diversas estratégias devem ser levadas em consideração para o êxito no processo de ensino e aprendizagem, sendo necessário que os sujeitos da aprendizagem, principalmente na modalidade online, adquiram o entendimento em que devem ser autônomos e responsáveis pela construção dos conhecimentos.
Do entendimento anterior, vislumbra-se que, diante das tecnologias emergentes, novas competências e habilidades são atribuídas tanto para os alunos quanto para professores, porquanto, conforme asseveram Moran e Masetto (2015), a mediação através de recursos tecnológicos impõe a combinação de diferentes mídias no processo de aprendizagem e quanto mais diversificadas forem estas mídias, maior eficácia haverá para uma faixa mais ampla de alunos e, por isso, a comunicação deverá está lastreada em princípios elementares como: respeito mútuo entre os envolvidos no processo de aprendizagem e cuidados com a linguagem, pois, o entendimento de presença em ambientes virtuais está muito além da localização geográfica e, neste aspecto, importante destacar que, conforme (LÈVY, 1999, p. 76), enviar mensagem não se configura como ato de comunicação, pois, para comunicar é necessário partilhar sentidos.
Desta forma, todas as estratégias para a aprendizagem em ambientes virtuais devem levar em consideração os aspectos da mediação pedagógica, principalmente
professores e tutores não podem olvidar que as estratégias precisam proporcionar que os sujeitos aprendentes compreendam a significação das atividades desenvolvidas, haja vista que esta significação será propulsora na formação das comunidades virtuais de aprendizagem. Observe-se que, na maioria dos cursos, são os tutores quem promovem as orientações aos alunos e, consequentemente, possuem fundamental importância neste processo de significação das atividades realizadas. É oportuno lembrar que uma das maiores dificuldades para a qualidade dos cursos impulsionados pelas TDIC é ajustar os egressos da modalidade presencial, visto que estes ainda não possuem a autonomia suficiente para dar conta do modelo virtual.
Daí, mais um fato que corrobora a necessidade de cursos que tenham a responsabilidade com desenhos de tutoria, pois, os tutores serão os motivadores, orientadores e provocadores de interações entre os participantes e, obviamente, os tutores, além do já mencionado, devem possuir conhecimento sobre os conteúdos curriculares. Note-se que para os êxitos do processo de ensino e aprendizagem em ambientes virtuais, necessário que exista sintonia entre tutores, professores-formadores e todos os demais profissionais que compõem a equipe multidisciplinar dos cursos na modalidade Ead, porquanto,
Importante que se estabeleça uma vinculação dialogal e um trabalho de parceria entre o tutor, o professor/especialista e a equipe pedagógica. Isso valorizará a figura do tutor, garantirá a qualidade do ensino oferecido e servirá de 'exemplo' aos alunos ao ver ser posto em prática o processo pedagógico e educativo 'intencionalmente' proposto no desenho curricular do curso (PRETI, 1996, p. 45).
Por conseguinte, percebe-se que as comunicações mediadas pelas TDIC oportunizam a ampliação das concepções sobre o processo educativo que ocorre no ciberespaço e estas comunicações adquirem maior significação quando ocorrem com intencionalidade pedagógica. Perceba-se que a relação entre ensino e aprendizagem que ocorre nas comunidades de aprendizagem é configurada através das interações que ocorrem entre os participantes destas comunidades e importante considerar que a forma como professores e tutores utilizam nestas interações são decisivas para possibilitar os êxitos ou fracassos no processo de construção de conhecimento. Inclusive, Mill (2015, p. 78) destaca que o tutor é o principal docente das ações pedagógicas que ocorrem através das TDIC, vez que o tutor "[...] participa do ensino-aprendizagem como um mediador e um motivador na relação do aluno com os conteúdos e os materiais didáticos, na busca pelo conhecimento".
Quanto à mediação pedagógica dos professores, Masetto (2015) entende que o comportamento dos professores e Tutores deve ser o de facilitador, incentivador da aprendizagem. Para o autor, esse comportamento configura-se como uma ponte entre a aprendizagem e seu aprendiz, colaborando fortemente para o alcance dos objetivos e êxitos esperados. Para Belloni (2015), é fundamental a definição do papel do docente, haja vista que a mencionada definição passará do:
[...] monólogo sábio da sala de aula para o diálogo dinâmico dos laboratórios, salas de meios, e-mail, telefone e outros meios de interação mediatizada; do monopólio do saber à construção coletiva do conhecimento, por meio da pesquisa; do isolamento individual ao trabalho em equipes interdisciplinares e complexas; da autoridade à parceria no processo de educação para a cidadania (BELLONI, 2015, p.89).
Importante destacar que nos estudos de Mill (2015) percebe-se que a docência na modalidade a distância ainda não está, de fato, profissionalizada, configurando-se como uma força de trabalho ainda não valorizada. Este fato deve ser discutido exaustivamente, pois, impossível aceitar-se este tratamento inadequado, haja vista a grande quantidade de professores que tem adquirido as competências necessárias para conduzir o processo de ensino e aprendizagem através das TDIC, inclusive, com resultados extremamente exitosos. Por conseguinte, para obtenção dos êxitos almejados na educação através das TDIC, importante o entendimento onde,
La figura de "orientador" se señaló como efectiva y con aportes notorios. El acompañamiento del orientador fue pieza clave para los estudiantes que ingresaron al programa, especialmente para los tardíos. El proceso de adaptación del estudiante a la modalidad virtual tiene que darse con un acompañamiento en asistencia tecnológica y académica (CHACÓN; HERRERA, 2016, p.11 apud SANTO; LIMA, 2018, p.3).
Portanto, imprescindível o entendimento em que lutas devem ser realizadas no sentido de oposição ao instrucionismo característico dos ambientes presenciais, e de alguns cursos na modalidade virtual, que, apenas, geram a mecanização e reprodução dos saberes, haja vista que os recentes paradigmas do conhecimento sinalizam a necessidade de formação de ambientes que possibilitem a construção do conhecimento de forma reflexiva, através da interatividade. Este entendimento possibilita o surgimento de novas concepções de ambientes de aprendizagem, onde, os ambientes virtuais se constituam, de fato, como comunidades virtuais de aprendizagem.
Dos entendimentos anteriores, percebe-se as enormes transformações da sociedade contemporânea, em que os sujeitos necessitam possuir discernimento para se adaptarem a estas transformações sem, contudo, deixarem de possuir raciocínio crítico sobre esta realidade. Por consequência, o processo educacional passa a exigir a formação de professores que sejam capazes de acompanhar os novos processos de aprendizagem, principalmente à aprendizagem através das TDIC.
Afetividade na mediação pedagógica em ambientes virtuais¶
O processo de ensino e aprendizagem com o suporte das TDIC é alvo de inúmeros estudos e percebe-se que a compreensão de como se apreende e de como se produz o conhecimento são questões objeto de vários estudos e muitas respostas ainda haverão de ser construídas e, inclusive, muitos acreditam que as TDIC podem solucionar os problemas educacionais. Contudo, não podemos acreditar que as novas tecnologias sejam o suficiente; porquanto, estas possibilitam novos caminhos cognitivos, mas, necessária à observação das formas de interatividade propiciadas e das metodologias utilizadas, não ignorando a dinamicidade das relações mantidas no ciberespaço e das múltiplas possibilidades de socialização no espaço virtual, realizando-se as adaptações necessárias para uma mediação pedagógica que considere os valores socioculturais adequados para a conquista de conhecimentos.
Considere-se ainda que, na atual sociedade, as TDIC ganham maior relevância, haja vista que estão mais evidentes e, por isso, a necessidade de reflexões de como se alcançar conhecimentos diante desta realidade, pois, para alguns, ainda persiste o entendimento em que a gestão do conhecimento está totalmente centrada nos meios tecnológicos. Todavia, necessário compreender que os aparatos tecnológicos permitem o intercambio de dados e informações e não do conhecimento e, mais além, a inteligência e os esforços pessoais jamais serão substituídos pelos artefatos tecnológicos.
Assim sendo, dúvidas não devem restar das infinitas possibilidades de construção de conhecimentos através das TDIC, mas, para os êxitos almejados, imprescindível esta análise a partir da perspectiva dos aspectos socioculturais que permeiam o processo de ensino e aprendizagem, principalmente relacionados às interações entre todos os participantes de comunidades virtuais de aprendizagem. Desta forma, na mediação pedagógica, principalmente nos fóruns de discussão, necessário ser considerado que a mediação pedagógica seja realizada observando-se que a afetividade é preponderante na condução do processo de aprendizagem; compreender que a afetividade é essencial à aprendizagem em qualquer modalidade de ensino, considerando que toda experiência de aprendizagem se inicia com uma experiência afetiva e, conforme nos ensina Silva (2015), está posto a impossibilidade de separar a afetividade da cognição, haja vista que aprendizagem e afeto estão, decisivamente, interligados.
Mais adiante, percebe-se que o processo de ensino e aprendizagem através das TDIC deve ser realizado através de metodologias que levem em consideração que o afeto possui destaque na construção do conhecimento, conforme os pressupostos das terias pscogenéticas, principalmente Piaget, Vigotski e Wallon. Contudo, neste Artigo, destacadas serão as teorias de Wallon. Contudo, note-se que Vigotski estreitou os entendimentos de Piaget, ao garantir que os sujeitos interagem com os objetos do conhecimento mediados pelo outro e esta interação é repleta de afetividade. (WALLON, 1997, p.172).
Tanto Wallon quanto Vygotsky, conforme Souza (2016) compartilham percepções quando o assunto é a afetividade, principalmente ao entenderem o aspecto social sob o enfoque afetivo. Ambos examiram a afetividade na instância professor-aluno como tema que caracteriza a relação destes com os objetos de conhecimento. Já nas teorias psicogenéticas de Wallon, observa-se o destaque para as questões afetivas que associam o sujeito com o meio, teorizando que a inteligência é precipuamente fundamental para o desenvolvimento.
Assim sendo, percebe-se que nas teorias deste autor, lastreadas sob a perspectiva histórico-cultural, a afetividade possui essencial importância na construção dos sujeitos e do conhecimento, além da existência das relações com o outro, pois é através do outro que os sujeitos se percebem como pessoa nesse processo em constante construção. Neste sentido, Wallon (1997) assevera que a vida psíquica é constituída por três dimensões que atuam de forma integrada: motora, afetiva e cognitiva. Assim, importante destacar-se que,
O eu e o outro constituem-se, então, simultaneamente, a partir, de um processo gradual de diferenciação, oposição e complementaridade recíproca. Compreendidos como um par antagônico, complementam-se pela a própria oposição. De fato, o outro faz-se atribuir tanta realidade íntima pela consciência como o Eu, e o Eu não parece comportar menos aparências externas que o Outro (WALLON, 1997, p.159).
Assim, deve-se buscar a qualidade das interações entre os envolvidos nos processos de ensino e aprendizagem em comunidades virtuais de aprendizagem, não significando que não deva existir o estabelecimento de limites nestes relacionamentos. Necessário, sim, usar a afetividade para que os sujeitos demonstrem disposição, interesse e motivação para o desempenho das atividades que lhes são exigidas e, por conseguinte, o âmago das relações afetivas (conflitosas ou prazerosas) será resultante das formas utilizadas na mediação experimentada pelo sujeito e sua relação com o objeto de conhecimento. Destarte, determinar relações de afetividade entre professores, tutores e alunos caracteriza-se como aspecto relevante que necessita estar presente no contexto das mediações ocorridas nas comunidades virtuais de aprendizagem.
Note-se que LA Taille et al (2019) assevera que nos pressupostos Wallonianos, prevalece a existencia de uma junção indivisível entre o desenvolvimento psíquico e o desenvolvimento biológico dos individuos, asseverando que existe uma real interligação entre entre o desenvolvimento psíquico e o biológico e, por consequencia, percebe-se uma atividade de correlação entre os sujeitos e o meio. Importante os entendimentos de Santos (2000) quando o mesmo utiliza a expressão "epistemologia da cegueira" demonstrando as interpretações equivocadas da realidade, concebidas pela modernidade, onde o ato de ver, parcialmente, é compreendido como absoluto. Esta "cegueira" impossibilita a percepção de relevantes questões de cunho pedagógico e de entendermos o que as vivências têm demonstrado: cognição e afetividade são, decisivamente, fundamentais na formação e nas interações humanas.
Diante da crescente procura por cursos na modalidade Ead, necessário que a questão da afetividade seja pensada, discutida e consolidada, haja vista que o processo de ensino aprendizagem através das TDIC é, essencialmente, configurado por meio da comunicação e esta envolve emoções, sentimentos que são imprescindíveis para o alcance do conhecimento, pois, percebe-se a importância deste processo educativo ser permeado de características socializantes que sejam marcadas por interações dialógicas e humanizantes como, por certo, deve ocorrer em ambientes presenciais.
Considerando as relações interpessoais que devem ocorrer nos ambientes virtuais de aprendizagem, percebe-se as possibilidades dos participantes criarem laços afetivos, tanto com o professor quanto com o tutor, comunicando-se de forma a constituir relações de entendimento mútuo, vez que não se pode desconsiderar a existência de possíveis conflitos nestas relações, pois, intermediar atritos, na modalidade EAD, impõe prudência, haja vista as especificidades observadas nas "falas virtuais", inclusive, Baldissera (2016) afirma que a comunicação é produção e disputa de sentidos. Logo, negar o conflito seria negar a própria possibilidade de comunicação. Assim, nítido está que as TDIC são inseparáveis das suas formas de socialização, pois, a consciência não representa um fluxo autônomo, apartado das ações e interesses individuais dos sujeitos, vez que, conforme Silva, et al (2015, p.29), "toda a complexidade do sujeito é inseparável dos seus pensamentos, assim como os pensamentos são inseparáveis do sujeito".
Percebe-se que existem várias pesquisas buscando entender a questão da afetividade e seus impactos produzidos nas comunidades virtuais de aprendizagem. Portanto, observando-se a superação dos impedimentos das interações face a face (características do ensino presencial), importante que os cursos na modalidade Ead utilizem instrumentos síncronos e assíncronos, objetivando ultrapassar estes obstáculos espaciais, pois, nos entendimentos de Santos (2019), as interfaces das tecnologias emergentes são dispostas de forma em que oportunize o encontro de duas ou mais faces em atitude comunicacional ou dialógica e estas interfaces devem promover os processos de comunicação e de construção de conhecimentos.
Desta forma, ainda de acordo com os entendimentos de Santos (2019), os sujeitos devem estar integrados, compartilhando suas autorias e, sobretudo, criando conexões sociais e afetivas. Logo, nos cursos na modalidade Ead, professores e tutores devem possuir discernimento suficiente para criar mecanismos de motivação para que os alunos consigam participar, efetivamente, das atividades propostas.
Diante da emergência e dinamicidade impostas pela sociedade do conhecimento, grandes desafios são exigidos, principalmente as questões relacionadas sobre as TDIC nos processos de ensino e aprendizagem, pois as TDIC estão em constante expansão e muito presentes nos sistemas educacionais que têm percebido que as tecnologias emergentes são extremamente vantajosas, tanto nos aspectos mercadológicos quanto nas infinitas possibilidades de êxitos no alcance do conhecimento e, também, na democratização do acesso a muitos que não têm as condições de participarem de cursos na modalidade presencial. Assim, imprescindível a existência de cuidados na execução dos cursos em Ead, onde professores e tutores contribuam para os sujeitos superarem as dificuldades e, daí, a importância da afetividade, pois, corroborando com os entendimentos de Wallon (1997), a afetividade configura-se tal quanto à cognição, considerando-se que,
O fortalecimento de vínculos na educação a distância aumenta a confiança dos alunos e o compromisso com os estudos, potencializando a participação na aula e melhorando a qualidade do processo de aprendizagem. Na perspectiva Walloniana, a afetividade e a inteligência estão associadas, visto que para este autor, a cognição é de extrema importância, mas não mais do que a afetividade ou a motricidade (Carvalho, 2016, p.7).
De acordo com os entendimentos de Wallon (1997), impossível separar-se a afetividade da cognição, em que a afetividade e aprendizagem estão entrelaçadas e, por conseguinte, as relações sociais, sobretudo, as de ensino-aprendizagem estão determinadas como relações afetivas que influenciam o desempenho dos sujeitos aprendentes. Inclusive, quanto a esta questão, Wallon (1997) e Vygotsky (1998) asseveram que a consequência do referido desempenho estar ligado ao processo de mediação dos professores. Logo, a forma como os professores e/ou tutores realizam suas práticas pedagógicas possui preponderância nas relações afetivas que devem existir nos ambientes virtuais de aprendizagem.
Mais além, a afetividade nas interações em ambientes virtuais é demonstrada através da comunicação, vez que o contato face a face é substituído pela interação dialógica e, ainda conforme os pressupostos de Vygotsky (1998) a afetividade exerce influência nas relações sociais e, também, é predominante no processo de desenvolvimento cognitivo; afinal, o ato de educar implica na construção conjunta entre educadores e sujeitos aprendentes, percebendo-se, a exemplo dos ambientes presenciais de aprendizagem, a necessária construção de relações de afetividade, visando o alcance do conhecimento.
Contudo, necessário atentar para o fato das dificuldades ainda existentes para a formulação de conteúdos hipertextuais, a sistematização de narrativas e de ambiências que proporcionem a socialização necessária para o processo de aprendizagem colaborativa e cooperativa. Desta forma, para que estas dificuldades sejam superadas, importante o entendimento em que,
Os discentes online também são constituídos por práticas docentes ainda sustentadas por pedagogias transmissoras e lineares. Muitos não entendem e não se dispõem à cocriação interativa, ainda preferem o consumo de conteúdos pré-fabricados e a replicação destes nos exames para certificação. Contudo, quando a mediação online é de qualidade, o aluno também se transforma, passando a vivenciar e valorizar mais as práticas interativas (SANTOS, 2019, p. 144).
Diante do que foi exposto, fica evidente a importância da afetividade nas interações que ocorrem nas comunidades virtuais de aprendizagem, inclusive da sua preponderância no desenvolvimento cognitivo dos sujeitos aprendentes, vez que o afeto inspira as interações e os processos de ensino e aprendizagem, exigindo-se ações inclusivas e capazes de garantir os êxitos desejados na formação educacional daqueles que participam dos cursos através das TDIC e, importante considerar que o ato de educar é uma atividade basicamente humana e, consequentemente, a afetividade deve ser entendida como componente precípuo na construção da aprendizagem e alcance dos conhecimentos.
Considerações Finais¶
Esta pesquisa objetivou identificar as estratégias para que a mediação pedagógica utilizada nas comunidades virtuais de aprendizagem proporcione a efetiva aprendizagem e, também, conhecer as percepções sobre limites e possibilidades da mediação para a aprendizagem através das CVA. Mais além, buscou-se respostas a questões elementares que devem ser observadas, tais como: a importância dos professores e tutores na mediação pedagógica e entender a afetividade na mediação pedagógica em ambientes virtuais de aprendizagem.
Desta forma, foi possível compreender a problemática do estudo quanto à importância da efetivação da colaboração, cooperação e afetividade no processo de ensino aprendizagem nos ambientes virtuais de aprendizagem e, mais além, este artigo atendeu aos objetivos, haja vista a identificação das estratégias utilizadas para que a mediação pedagógica proporcione a efetiva aprendizagem. Quanto ao objetivo geral foi possível identificar a imprescindível utilização de estratégias adequadas para que a mediação pedagógica promova a efetiva aprendizagem.
Assim sendo, foi constatado que as CVA têm proporcionado infinitas possibilidades de aprendizagem para pessoas que não mais toleram a rigidez dos cursos presenciais e não conseguem adequar seus tempos e espaços para frequentar cursos presenciais. Quanto a Mediação pedagógica nas CVA, foi constatado que para o alcance da aprendizagem, indispensavel que sejam observados principios essenciais como a interação de forma colaborativa, cooperativa e afetiva e, também, perceber que o alcance dos conhecimentos não estar restrito, apenas, às capacidades cognitivas dos indivíduos e, por isso, a imprescindibilidade da afetividade, pois, as TDIC são importantíssimas, mas não são suficientes para a concretização da aprendizagem, porquanto, a afetividade é dominante na condução do processo de aprendizagem, considerando-se que todos e quaisquer formatos de aprendizagem inicia-se com uma experiência afetiva. Desta forma, este artigo possibilitou o entendimento em que, diante da dinamicidade da sociedade contemporânea, fundamental constantes estudos e adequações ao sistema educacional, principalmente através das TDIC, haja vista a grande demanda de pessoas que têm buscado cursos na modalidade Ead. Todavia, fica claro que este artigo não pretendeu esgotar as discussões sobre os temas abordados e, assim sendo, um dos desafios que se colocam é que os sistemas educacionais, de ensino fundamental e médio, incorporem em suas arquiteturas curriculares conhecimentos aos seus discentes e até mesmo aos docentes quanto às novas tecnologias e as possibilidades de êxito nos cursos na modalidade a distância.
Referências¶
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