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As Contribuições do Tutor Online na Mediação da Aprendizagem entre Aluno e Professor Formador

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Autores

Mestra em Administração (UNIFACS). Especialista em Tecnologias e Educação Aberta e Digital (UFRB - UAb Portugal). Especialista em Gestão Pública (UNEB). Especialista em Gestão de Projetos (UNEB). Graduada em Serviço Social (UNIFACS). Graduada em Administração (FMN). E-mail: daisylsouza@gmail.com.

Mestra em Desenvolvimento Regional e Local (UNEB), Especialista em Formação de Docentes para EAD (UNINTER). Especialista em Educação Ambiental (IESCFAC). Especialista em Gestão Ambiental com Ênfase em Recursos Hídricos (UNYAHNA). Docente EAD da FACEMP. E-mail: marcia.bezerrag@gmail.com.

Resumo: A educação a distância se configura como um modelo disruptivo em relação ao processo e os atores que ele compõe. Em destaque, este trabalho apresentou o papel e a contribuição do tutor online na mediação entre alunos e professor formador. A pesquisa foi desenvolvida por meio de revisão de literatura em periódicos da área educação e tecnologias, anais de congressos e livros sobre o tema. O estudo concluiu que as formas de contribuição do tutor online na mediação da aprendizagem entre alunos e professores formadores se dá por intermédio do auxílio pedagógico na orientação do processo de ensino/aprendizagem. Esse auxílio se fortalece por meio da comunicação, motivação e acompanhamento do tutor online para com os discentes e professores formadores da disciplina. Outro aspecto relevante da pesquisa é a capacidade do professor online apresentar competências de conteúdo, metodológicas e tecnológicas, e ainda assim, desempenhar funções pedagógicas, sociais e gerenciais no ambiente virtual de aprendizagem.

Palavras-chave: Tutor online. Professor formador. Educação a Distância.

Introdução

O tutor é responsável por criar um sentimento de coletividade na turma que conduz. O tutor também exerce a função pedagógica, pois as suas tarefas envolvem elaborar atividades, incentivar a pesquisa, fazer perguntas, avaliar respostas, relacionar comentários, coordenar as discussões, sintetizar os seus pontos principais e desenvolver o clima intelectual do curso, intermediando a construção do conhecimento (MATTAR, 2012).

Costa (2013), nos revela que o tutor assume papeis em concordância com o tempo de experiência nos ambientes aos quais foi inserido, criando assim, um perfil em cada instituição. O seu papel tem se tornado de um profissional comprometimento, com conhecimento da EAD e possuidor de competências e habilidades tecnológicas.

O tutor tem um importante papel na Educação a Distância, pois garante uma inter-relação personalizada e contínua do aluno no sistema e viabiliza a articulação necessária entre os elementos do processo e execução dos objetivos propostos (PRADO, 2012).

Diante do exposto, esta pesquisa pretende responder a seguinte pergunta: de que forma o tutor online contribui na mediação da aprendizagem entre alunos e professores formadores? Neste sentido, estudar a importância do tutor no contexto do curso, é colocar em prática o que vivenciamos nas disciplinas ao longo do curso.

Para alcançar o resultado proposto nesta pesquisa, tem-se como objetivo geral: identificar as contribuições do tutor online na mediação da aprendizagem entre aluno e professor formador. Neste contexto, para atendimento ao objetivo geral, foram elaborados os seguintes objetivos específicos: relacionar as atribuições do tutor online e do professor formador; analisar a forma de abordagem do tutor online em relação aos alunos e; verificar de que forma o tutor contribui na relação entre alunos e professores formadores.

A pesquisa foi desenvolvida por meio de revisão de literatura em periódicos da área educação e tecnologias, anais de congressos e livros que se debruçam sobre o tema.

A educação a distância -- definições e breve histórico

De acordo com Keegan (1991, p.15), os elementos centrais dos conceitos de EAD são:

1 separação física entre professor e aluno, que distingue o EAD do ensino presencial; (2) influência da organização educacional (planejamento, sistematização, plano, projeto e organização rígida), que a diferencia da educação individual; (3) uso de meios técnicos de comunicação, usualmente impressos, para unir o professor ao aluno e transmitir os conteúdos educativos; (4) comunicação de mão-dupla, onde o estudante pode beneficiar-se da iniciativa no diálogo; (5) possibilidade de encontros ocasionais com propósitos didáticos e de socialização; e (6) participação de uma forma industrializada de educação, potencialmente revolucionária.

Para Moore e Kearsley (2008) e Carlini e Tarcia (2010), em termos gerais, a Educação a Distância é uma modalidade de educação na qual professores e alunos encontram-se em locais diferentes "durante todo ou grande parte do tempo em que aprendem, ou ensinam" (MOORE e KEARSLEY, 2008, p.1). Contudo, é importante ressaltar que o distanciamento físico entre os participantes "não implica em distanciamento humano" (VALENTE; MATTAR, 2007, p.19).

Uma vez que a educação sempre fez uso das tecnologias disponíveis de acordo com a época, os registros da EAD não são precisos. Moore (2013), por exemplo, explica o processo histórico da EAD a partir de cinco gerações: na primeira situam-se os cursos por correspondência; na segunda, os cursos por rádio e televisão; na terceira, os cursos oferecidos pela universidade aberta; no quarto a teleconferência e no quinto a internet/web.

Alguns passos dados importantes relacionados à modalidade foram: a implantação das escolas internacionais em 1904 e da rádio-escola do Rio de Janeiro em 1934, segundo Alves (apud DIAS 2010), a oferta do ensino por correspondência a partir das décadas de 1930 e 1940, o qual foi explorado pelo Instituto Universal Brasileiro e pelo Instituto Monitor e intensificado nos anos seguintes com a possibilidade de educação de adultos (LINDEN, 2011).

Bizarria, Tassigny e Bezerra (2015) relatam que, no ano de 1979, a Universidade de Brasília (UnB) passou a desenvolver diversas ações em EaD, com apoio da Open University. Tais ações tomaram uma grande proporção e se institucionalizaram em 1989 por meio da criação da Coordenação de Educação Aberta e a Distância (CEAD) na UnB, momento de referência como lançamento da EaD no Brasil (AZEVEDO, 2012). Vale salientar que a Universidade Federal de Mato Grosso e a Universidade Federal de Santa Catarina também foram precursoras da EAD no Brasil. Conforme pontua Santos (2011), essas instituições desenvolveram estudos sobre tecnologias e iniciaram cursos a distância em 1995.

Outras experiências de destaque foram: em 1990, a criação da Fundação Roberto Marinho, com a propagação de novas versões do Telecurso 1º Grau e o 2º Grau; em 1995, a criação da Rede Nacional de Pesquisas (RNP), favorecendo a EAD nas IESs; em 1999 e 2002, o credenciamento de várias IES para atuar com EAD; em 2000, a fundação da Universidade Virtual Pública do Brasil (UniRede); e, em 2006, a fundação da UAB (LINDEN, 2011).

O fato é que as Instituições de ensino a distância estão lentamente modificando a educação superior pelo menos de quatro formas (PETERS, 2003): em primeiro lugar, proporcionando educação superior para estudantes adultos (que trabalham); em segundo lugar, desenvolvendo e expandindo a educação profissional continuada, sem a interrupção da atividade profissional; em terceiro lugar, permitindo a admissão de um número maior de estudantes nas universidades; e em quarto lugar, melhorando o custo-benefício da educação superior.

Em função desse cenário marcado pelas dificuldades de acesso da população ao ensino formal e pelas altas taxas de defasagem de escolarização e de analfabetismo, decorrentes de uma carga horária de trabalho que impossibilita o investimento em educação continuada, de acordo com Corrêa (2007), a EAD tem sido uma alternativa de ensino/aprendizagem. Ela aparece cada vez mais como uma modalidade de educação adequada e desejável para atender às novas demandas educacionais decorrentes das mudanças na nova ordem econômica mundial (BELLONI, 2009).

Para Bates (1997), uma das grandes vantagens oferecidas por essa modalidade é a possibilidade de se gerar produtos customizados, ajustados e adaptados às necessidades dos clientes, possibilitando ganhos em tempo e adequação no atendimento a demandas específicas, que não estejam contempladas a contento em estruturas educacionais tradicionais. Com vistas a atender tais demandas, o processo de ensino e aprendizagem é totalmente diferente na educação a distância.

Segundo Peters (2004), a abordagem, os estudantes, os objetivos, os métodos, as mídias e as estratégias são distintos, assim como devem ser os objetivos da política educacional. Uma vez que existem tais diferenças, torna-se adequado avaliar a modalidade de acordo com os critérios da educação face à face.

Peters (2004) sugere diferentes modelos para EaD:

  1. Preparação para exame;

  2. Educação por correspondência;

  3. Multimídia (de massa) cujo ícone é a Open University;

  4. Em grupo, no qual as aulas são assistidas por grupos de alunos em classes, sem material impresso, sendo portanto, quase presencial;

  5. Aluno autônomo, que tem a responsabilidade de selecionar conteúdos, estratégias e mídias;

  6. Rede, oriundo da transformação digital vivenciada atualmente;

  7. Sala de aula estendida tecnologicamente, e

  8. Híbridos.

Tais modelos devem ser utilizados para estimular a construção de sistemas instrucionais mais apropriados, visto que a universidade do futuro terá que combinar educação a distância, aprendizagem num ambiente informatizado e aulas tradicionais.

A educação a distância e o aluno

Um dos grandes desafios enfrentados pela EaD é que os alunos frequentemente não compreendem que precisam assumir uma grande responsabilidade por seu aprendizado e não esperar que o instrutor ou orientador os conduza (MOORE, 2013). A evasão também é considerada uma barreira no que se refere a essa modalidade. Os relatos encontrados na literatura são enfáticos em afirmar que na EAD o nível de evasão ainda é bem maior do que o encontrado em cursos presenciais (TORRECILLAS; VARGAS, 2008).

Ademais, conforme destaca Vieira (2011), há uma ausência da cultura de que no virtual o aluno real aprende, uma resistência ao novo, pouco uso dos recursos oferecidos pelas TIC's (tecnologias de informação e comunicação) e a distância virtual que não permite focar "olho no olho" de quem aprende.

Esse distanciamento, por sua vez, segundo Magalhães, Coracini e Grigoletto (2006) interfere na formação da identidade dos discentes, visto que elimina as emoções e os sentimentos e isola os indivíduos, tornando-os cada vez mais sós com as suas máquinas. Nesse contexto, as autoras veem a EAD como uma espécie de imobilidade que age sem se locomover, feita apenas com o simples movimento de mexer os dedos sobre o teclado ou sobre o mouse.

Por outro lado, nota-se que essa imobilidade também interfere na formação do discente. Ela influencia o processo de aprendizado, dando autonomia ao aluno e responsabilizando-o pela sua própria aprendizagem. Isto é, a EAD interfere na identidade do sujeito, na medida em que exige uma atuação mais dinâmica e crítica (SANTOS, PEREIRA e SOARES, 2010). Essa constatação é corroborada por Kleiman e Vieira (2006), quando destacam que apesar da noção de identidade parecer distante no campo da tecnologia, a atual tradição social tem considerado relevante o estudo dos impactos de novas tecnologias em todas as áreas.

Dessa forma, o sucesso no processo de aprendizado depende principalmente da postura adotada por esse aluno autônomo. É imprescindível que ele tenha, de acordo com Filipe (2005): capacidade de organização, de planejamento dos estudos e de atendimento aos prazos para realização e postagem das atividades. Ou seja, é fundamental que o aluno possua autodisciplina.

Pallof e Pratt (2004) complementam essa observação, apresentando as qualidades determinantes para um aluno virtual ter sucesso num curso a distância. São elas: a) Conhecimento básico de internet: o aluno virtual precisa ter acesso a um computador e saber usá-lo; b) Interação com o grupo: o aluno virtual de sucesso tem a mente aberta e compartilha detalhes sobre sua a vida, trabalho e outras experiências educacionais e; c) Possuir automotivação e autodisciplina: o aluno precisa ter a consciência que é o sujeito ativo responsável pela sua própria aprendizagem, pois é ele quem gerencia e organiza a sua rotina de estudos.

Analisando o perfil do aluno EAD, pode-se inferir que o mesmo é protagonista da sua aprendizagem, pois é autônomo e dinâmico, características que o tradicional não exerce na sua essência. Essa geração de alunos EAD é marcada por, na sua maioria, jovens envolvidos na interatividade e com ambientes digitais. Tendo nas suas características a de ser considerada a geração do computador em busca pela qualidade de vida e pela flexibilidade. Aspectos como a facilidade para desenvolver trabalhos em equipe, a facilidade de adaptação e a mobilidade também são elencados como características de uma geração informal, criativa, independente e inovadora.

As grandes transformações no mundo vêm proporcionando, de maneira muita rápida, o avanço das tecnologias, que transforma, de maneira definitiva, o acesso à informação (e as formas de aprendizagem) e às relações interpessoais (entre elas a relação professor x aluno), por isso, torna-se um tema bastante relevante e atual que demanda maior aprofundamento acadêmico. Observar as mudanças e comportamentos em relação à educação a distância permite refletir sobre ações, estratégias, tendências e desafios da EAD para os próximos anos.

O papel e as contribuições do tutor online

A palavra Tutor é originada do latim tutoris, significa aquele que defende, preserva, sustenta, socorre, projete e tutela alguém. Este profissional também esclarece dúvidas, promove cenários de aprendizagem para construção do conhecimento e cria uma interação pedagógica entre o aluno e o professor, aquele responsável pelo conteúdo específico da disciplina. Entretanto, o uso do termo tutor vem sendo ao longo dos anos utilizado para várias atividades na Educação a Distância.

De acordo com Santos e Maciel (2017) são consideradas quatro funções referentes ao tutor: função pedagógica (ações que proporcionem o ensino/aprendizagem coletivo ou individual), função gerencial (organização das atividades, cumprimento de prazos, correção de tarefas, entre outras), função social (criador de um espaço ou cenário de ensino/aprendizagem acolhedor e motivador) e função técnica (dar suporte aos alunos e desenvolver competências e habilidades no âmbito online).

Neste contexto, em 2014, foi elaborado um texto pelo Conselho Nacional de Educação numa audiência pública sobre a educação a distância, discutido na Comissão de Diretrizes de Educação a Distância da Câmara de Educação Superior do CNE. Foi discutido que

Nos cursos e nos programas de Educação a Distância, docentes e professores-tutores são compreendidos como profissionais do magistério superior com direitos (plano de carreira, política salarial, formação, condições de trabalho) e obrigações relativas às atividades de ensino e de pesquisa definidos e assegurados pela IES. Os tutores devem contextualizar o conhecimento, esclarecer dúvidas e orientar os estudantes através de e-mail e fóruns de discussão pela Internet, por telefone, por participação em videoconferências, canais de comunicação que devem estar previstos no projeto pedagógico (BRASIL, CNE, 2014, p.27).

Outro ponto relevante deste documento é a descrição sobre o papel do tutor, vejamos:

No contexto da EaD, os tutores desempenham importante papel no processo educacional e, especialmente, na mediação didático-pedagógica do ensino e aprendizagem. Dependendo do formato dos cursos oferecidos na modalidade EaD, as atribuições do tutor podem variar um pouco, mas, de forma geral, os tutores participam ativamente da prática pedagógica, já que estão em contato direto com os estudantes, mediando o uso de materiais e recursos didáticos idealizados e elaborados pelos docentes responsáveis pelos cursos e programas. Para tanto, devem ter formação específica e qualificada para atuar na educação superior, já que o domínio do conteúdo e de práticas pedagógicas é imprescindível para o exercício de suas funções, que devem ser condizentes com o previsto no PPC. Um sistema de tutoria necessário ao estabelecimento de uma educação a distância de qualidade deve prever a atuação articulada entre professores e tutores (BRASIL, CNE, 2014, p.28).

Com base nesse documento do CNE, infere-se que o papel do tutor online não diz respeito meramente as suas atribuições ou funções, mas também, ao processo de autonomia, direcionamento e como o seu processo de desenvolvimento profissional é constituído (SANTOS; MACIEL, 2017).

Outro ator com papel importante na EaD é o docente conhecido como "professor formador", aquele que é responsável pela disciplina em sua totalidade. No documento do CNE, foram atribuídas as atividades do docente da educação a distância, vejamos:

O docente atua formulando e construindo o programa do curso/disciplina em sua totalidade selecionando com os gestores as TIC e os meios e mediando o processo pedagógico junto a estudantes e tutores geograficamente distantes ou em momentos presenciais. Além disso, seleciona materiais de apoio e aprofundamento teórico dos conteúdos, promovendo espaços de construção coletiva do conhecimento, bem como participar dos processos avaliativos de ensino-aprendizagem, e de formação dos tutores. Referente ao currículo, os docentes devem selecionar e elaborar o conteúdo curricular, bem como definir bibliografia, videografia, iconografia, audiografia, tanto básicas quanto complementares, que possibilitem diversificar as possibilidades de acesso ao mesmo currículo. O conteúdo deve estar articulado com procedimentos e atividades pedagógicas, bem como os objetivos referentes a competências cognitivas, habilidades e atitudes, propiciando a mediação da aprendizagem. É preciso, também, que definam estratégias didáticas adequadas ao percurso formativo do aluno nas disciplinas e no curso. De modo a realizar a gestão acadêmica do processo de ensino-aprendizagem, é preciso que motivem, orientem, acompanhem e avaliem os estudantes e, ainda que se avaliem continuamente como profissional participante do coletivo de um projeto de ensino superior a distância (BRASIL, CNE, 2014, p.27).

Neste sentido, é papel do professor formador a responsabilidade pelas atividades de ensino e aprendizagem da disciplina, realizando o desenvolvimento pedagógico dos conteúdos, a gestão, o acompanhamento e avaliação do processo. Cada professor formador é responsável por uma disciplina específica, enquanto o tutor online atua como mediador entre os discentes e os professores das disciplinas de todo o curso, conforme (SCHNEIDER; SILVA; BEHAR, 2013).

Mil (2009), fez uma importante reflexão ao considerar a necessidade de compreensão do lugar ocupado pelo tutor online no contexto da EaD, pois este espaço ainda traz muitos desafios para este docente. O autor chama a atenção para as relações da docência em um espaço multifacetado e hierarquizado (coordenador, professor formador e tutores online/presencial). Esses desafios estendem-se ainda ao ambiente da prática pedagógica, que já não cabe mais nos contornos convencionais de uma sala de aula.

Ainda de acordo com Mill et al. (2009, p.114) o tutor,

É um elemento central no processo educacional e, portanto, a qualidade do seu trabalho é primordial para a aprendizagem do estudante. Além disso, o tutor acaba sendo visto pelo aluno como a cara da instituição; isto é, o tutor e os estudantes estabelecem uma relação de proximidade de forma que a identidade do curso ou da instituição, na visão do aluno, passa pela imagem criada pelo tutor que o atende.

O tutor online é considerado por Schneider (2014) como um professor auxiliar, pois orienta o processo de ensino/aprendizagem, auxiliando na mediação entre professor-aluno, instituição de ensino-aluno, acompanha a realização das atividades pelo aluno, esclarece dúvidas e estabelece um vínculo afetivo e de motivação das atividades para continuidade da trajetória dos discentes. A autora ainda classifica o tutor como uma "figura-chave" nos cursos de Educação a Distância, sendo considerado como uma "ponte" entre todos os atores do modelo/processo de ensino. Segundo Toschi (2013), o tutor virtual é considerado um parceiro que cria coletivamente o conhecimento com os alunos.

Neste contexto, Mill e Fidalgo (2007, p.15), consideraram que o termo "parceria" concedido ao professor/tutor online é caracterizado por:

Esse trabalhador é, geralmente, subordinado a um coordenador de disciplina (ou conteudista), que é responsável pela elaboração do material didático que o tutor virtual vai utilizar no acompanhamento dos alunos. Essa relação está submetida, claro, a todas as implicações da divisão social e técnica do trabalho, influenciando aspectos como autonomia do trabalhador, subordinação e relações de poder, produção e distribuição do conhecimento etc.

A relação entre tutor-aluno pode ser caracterizada como mais afetiva, pois é a "figura" mais próxima do discente. Deve-se considerar que existem cursos na modalidade EaD que tem o professor/tutor presencial, um ator importante neste processo, mas que não foi objeto deste estudo. O tutor online ou virtual conforme chamado por Mil, Ribeiro e Oliveira (2014), e o professor/formador devem possuir algumas inteligências no trabalho polidocente, entre elas, a inteligência linguística e a interpessoal, pois precisam mediar a aprendizagem, resolver problemas de comunicação, gerir conflitos, dar feedbacks. Considerando essas habilidades, o tutor virtual contribui na mediação da aprendizagem entre aluno e professor/formador agindo como gestor do ambiente virtual para os alunos.

Amaro (2016) defende que é necessário ao professor online apresentar competências de conteúdo, metodológicas, tecnológicas, e ainda assim, desempenhar funções pedagógicas, sociais e gerenciais no ambiente virtual de aprendizagem.

De acordo com Velloso (2019), o tutor EAD precisa desenvolver capacidades, de modo a realizar seu trabalho de forma efetiva, garantindo a qualidade do processo de ensino e aprendizagem, pois desse profissional é exigida a mobilização de conhecimentos e capacidades indispensáveis à realização de processos formativos a distância; capacidades estas que quase sempre se fazem desacompanhar da adequada e efetiva formação e mesmo de condições de trabalho compatíveis com os desafios a serem enfrentados.

Considerações Finais

O modelo de ensino a distância trouxe atores que não eram vislumbrados na modelo de educação presencial. Esses atores têm um papel importante na construção do processo de ensino/aprendizagem. Este trabalho teve como objetivo identificar as contribuições do tutor online na mediação da aprendizagem entre aluno e professor formador.

Percebe-se que o tutor online atua como mediador entre os atores da EAD. É também atribuído ao tutor online a motivação e a orientação do ensino em relação aos discentes. Este aspecto foi considerado por Schneider (2014) quando destacou a comunicação como uma das formas de interação efetiva entre tutor online e discente.

Foi percebido também que para o tutor online é exigido um esforço maior de conhecimento, habilidades e atitudes para obter sucesso no desenvolvimento do processo de ensino/aprendizagem. Neste sentido, o tutor precisa desenvolver competências tais como: fluência digital; relacionamento interpessoal; ter planejamento; organização; boa comunicação e motivação para realização das suas atividades, desempenhando assim, um papel importante na formação do discente.

Neste aspecto, respondendo ao objetivo geral da pesquisa, as formas de contribuição do tutor online na mediação da aprendizagem entre alunos e professores formadores se dá por intermédio do auxílio pedagógico na orientação do processo de ensino/aprendizagem. Esse auxílio se fortalece por meio da comunicação, motivação e acompanhamento do tutor online para com os discentes e professores formadores da disciplina.

Portanto, o tutor online é um docente que além das questões pedagógicas, também precisa ter competências tecnológicas, não como uma ferramenta, mas como conhecimento essencial para desenvolver bem a sua prática e o seu saber-fazer pedagógico, pois também é exigido deste professor/tutor online, uma postura crítica e política no seu contexto de trabalho (VELLOSO, 2019).

Recomenda-se a partir desta revisão que se possa desenvolver outros estudos relevantes para continuidade desta pesquisa, fazendo emergir estudos da constituição dos processos de interação entre os atores da EaD, bem como sobre a relação entre tutor online, tutor presencial e professor formador.

Referências

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