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A autonomia discente na produção do conhecimento em ambiente virtual de aprendizagem

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Autores

Especialista em Tecnologias e Educação Aberta e Digital, pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) em convênio com Universidade Aberta de Portugal (UAb). Especialista em Gestão e em Tecnologia da Informação, ambas formações pela UNINASSAU. Graduado em Redes de Computadores. Atua com professor de educação profissional na Escola Técnica Estadual Porto Digital (Recife-PE). E-mail: david.remigio@gmail.com.

Pedagoga, Especialista e Mestra pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Especialista em Metodologia do Ensino, Pesquisa e Extensão pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Especialista em Estudos Étnicos e Raciais pelo Instituto Federal da Bahia (IFBA). Especialista em Educação, Pobreza e Desigualdade pela UFBA. Especialista em Filosofia Contemporânea pela Faculdade São Bento. Orientadora de trabalho de conclusão de curso da Especialização de Tecnologias e Educação Aberta e Digital da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). E-mail: daniela_ufba@hotmail.com.




Resumo: O presente artigo analisa o protagonismo do estudante na produção do conhecimento na Educação a Distância. Para tanto, adotou-se a seguinte questão de investigação: de que forma o Ambiente Virtual de Aprendizagem pode potencializar autonomia dos estudantes no processo de ensino e aprendizagem? Do ponto de vista metodológico, trata-se de uma pesquisa bibliográfica, fundamentada nas seguintes categorias de análise: Autonomia, Educação a Distância, Educação Online e Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), que foram analisadas a partir das contribuições de Pierre Lévy (1999), Santos, Carvalho e Rossini (2015), Silva (2011), Ribeiro, Carvalho e Santos (2017) e Paulo Freire (1996). O resultado da investigação aponta que o uso adequado das ferramentas disponíveis nos AVAs pode potenciar o processo de ensino-aprendizagem para a promoção de uma aprendizagem autônoma, proativa e colaborativa na Educação a Distância.

Palavras-chave: autonomia; educação online; ambiente virtual de aprendizagem.

Introdução

Com o avanço das comunicações, bem como da internet, a educação a distância (EAD) vem ocupando um vasto espaço no campo educacional, com o propósito de sanar algumas lacunas no ensino presencial. Cumpre ressaltar que do ponto de vista histórico não consenso entre os pesquisadores em relação ao surgimento da modalidade. Entretanto, é possível afirmar que no século XVIII houve a oferta de cursos por correspondência. Posteriormente, estimulados pelos avanços tecnológicos, científicos e pela demanda social, a oferta de cursos à distância aumentou e novas mídias surgiram, sendo utilizadas como base para educação a distância.

Por outro lado, a expansão da Internet, nos anos 90, permitiu a construção de ambientes virtuais de aprendizagem através dos quais a comunicação entre os participantes pôde acontecer em qualquer lugar e hora na modalidade de um para um, um para muitos, muitos para um e muitos para muitos (MORAES, 2004).

Do ponto de vista conceitual, as Diretrizes políticas instituída pelo governo brasileiro através do decreto 2.494, de 10.02.1998, definem a educação a distância como:

Uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação. (BRASIL,1998)

Para fins desta investigação, entende-se a Educação a Distância (EAD) a partir da concepção preceituada no Decreto 5.622, de 19.12.2005 a qual concebe como uma modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

Por conseguinte, a EAD reúne diferentes recursos para disponibilizar os materiais didáticos em diversos formatos. Podendo ser elaborados na forma hipertextual, escrita, oral ou audiovisual. Tais recursos podem ser trabalhados paralelamente por uma grande equipe e por grupos menores, tendo os benefícios de superar o espaço-tempo, como consequência, reforçar o trabalho pedagógico do educador, colaboração e cooperação no processo de ensino-aprendizagem e potencialização à interatividade. Vale ressaltar que é constantemente lembrada pela alta capacidade de atender estudantes tanto do sistema de educação superior quanto o ensino fundamental, médio e técnico a fim de manter a qualidade do ensino e da formação profissional. Para tanto, a modalidade faz uso de diversos recursos, tais como: material impresso, rádio, TV, computador entre outros.

Os recursos tecnológicos disponíveis, hoje, diminuem as dificuldades existentes pela distância física entre estudantes e professores. A tecnologia da informação permite criar um ambiente virtual em que discentes e docentes sintam-se próximos, contribuindo para o aprendizado colaborativo. Além disso, possibilitam o armazenamento, distribuição e acesso às informações independentemente onde estão armazenados.

Ao longo dos anos os métodos de ensino e aprendizagem também tiveram mudanças no seu formato, não só em sua forma presencial, mas na modalidade que utiliza os ambientes virtuais de aprendizagem. Conforme os avanços tecnológicos dos softwares e plataformas que atendem à Educação a Distância, vislumbra-se um aprimoramento dos recursos, desempenhos, usabilidade, confiabilidade e segurança. Procura-se entender o modo como era formado os AVAs em sua conjuntura arquitetônica e o que forneciam para o protagonismo estudantil no âmbito da aprendizagem.

Para fins, deste estudo optou-se pelo enfoque nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs), que é considerado um recurso tecnológico onde consiste em aprimorar o ensino-aprendizagem.

Dessa forma, o presente artigo visa analisar o protagonismo do estudante na produção do conhecimento na Educação a Distância. Com este intuito, adotou-se a seguinte questão de investigação: de que forma o AVA pode potencializar autonomia dos estudantes no processo de ensino e aprendizagem? Do ponto de vista metodológico, trata-se de uma pesquisa bibliográfica voltada para a seleção de um conjunto referências que representam o estado da arte do assunto pesquisado (FILHO e RABELO, 2012). Para tanto, o processo envolveu a formação de uma base de dados assentada nas categorias de análise: cibercultura, Educação Online e Ambiente Virtual de Aprendizagem, que foram analisadas a partir das contribuições de Pierre Lévy (1999), Santos, Carvalho e Rossini (2015), Silva (2011), Ribeiro, Carvalho e Santos (2017) e Paulo Freire (1996).

Os desafios da educação na cibercultura

O ambiente tecnológico computacional contemporâneo é formado por um gigantesco fluxo de informações, no qual qualquer pessoa pode produzir, processar, armazenar e disseminar a informação sobre vários formatos, ambientes e sistemas na rede mundial de computadores à internet.

O ciberespaço é o novo formato de comunicação que surge das inúmeras conexões existentes dos dispositivos conectados à internet. Pierre Lévy (1999, p.17) comenta que "ciberespaço é o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores", ou seja, o termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo quase infinito de informações que ela abriga, e assim os indivíduos navegam e captam as informações desse universo.

Quanto ao neologismo "cibercultura", compreende-se como um "conjunto das técnicas (materiais e intelectuais), as práticas, as atitudes, as maneiras de pensar e os valores que se desenvolvem conjuntamente com o crescimento do ciberespaço" (LEVY, 2000, p. 17). Dessa forma, a cibercultura atua como uma teia de ligações econômicas, humanas e sociais, propiciando a um indivíduo a interligação a milhões de outros indivíduos, criando um ambiente de comunicação simultâneo, nas quais partilha-se e cria-se conhecimento (SILVA, 2011).

A cibercultura, conforme Santos, Carvalho e Rossini (2015), se caracteriza pela mobilidade ubíqua, pela conectividade com o ciberespaço e as mais diversas formas de interação na construção do conhecimento. Neste contexto, destacam-se os potenciais comunicacionais e pedagógicos dos artefatos das ciberculturas, principalmente porque potencializam os procedimentos didáticos dos docentes para produzir e recriar conhecimento em rede.

Harasim e colaboradores (2000) foram pioneiros em identificar os ciberespaços como ambiente propício à educação e aprendizagem. Citam em seu estudo que todos estão aprendendo juntos num espaço comum, denominado de ciberespaço, utilizando um ambiente em redes que conectam com pessoas ao mundo digital.

Em torno dos pressupostos de E-learning e de Educação Online, estando mais presentes nos textos que norteiam os novos ambientes de aprendizagem (SILVA, 2011), alguns ciberespaços estão sendo utilizados em favor do ensino e aprendizagem, a exemplo, o Flick, Facebook, YouTube e Wikipédia.

Ao passar dos anos as páginas da web foram sendo criadas e adaptadas deixando de ser estáticos e para que apresentem um layout claro e direcionado aos usuários. Dessa forma, algumas terminologias foram sendo avançadas conforme as demandas. As quais passaram de Web 1.0, Web 2.0 e Web 3.0, termo criado pelo jornalista John Markoff, do New York Times, baseado na evolução do termo Web 2.0 criado por O'Really em 2004. Outras denominações desse mesmo momento são "Web Semântica" ou "Web Inteligente", que especifica uma internet cada vez mais próxima da inteligência artificial. Com sites e aplicações mais inteligentes, experiência personalizada e publicidade baseada nas pesquisas e no comportamento de cada indivíduo.

A cibercultura tem como pressuposto, um novo desafio para tanto para os usuários de uma forma mais ampla, bem como à educação, à escola e aos professores pelas suas potencialidades flexíveis e de interconexão entre todos usuários, nas mais variadas escalas, possibilitando uma verdadeira comunidade de aprendizagem (SILVA, 2011).

Porém, a evolução da internet e do jeito de como a utilizamos, pode se tornar um dos maiores desafios da educação na era da cibercultura, que seria o domínio das tecnologias e/ou como e quais formas os alunos poderiam explorar os ambientes virtuais de aprendizagem na sua educação online.

Autores como Ribeiro, Carvalho e Santos (2017, p. 3) mencionam que:

Entre os desafios contemporâneos da educação temos uma sociedade envolvida pelas tecnologias digitais, por redes sociais, por estudantes que vivem o digital com seus dispositivos móveis, com suas páginas pessoais nas redes sociais. Por isso, um dos grandes desafios da educação online é fazer com que professores e alunos possam vivenciar situações de aprendizagem nesse novo contexto sociotécnico, cuja característica principal não está mais na mídia de massa, mas na informação digitalizada e em rede. Desse modo, defendemos uma educação que seja refletida e sistematizada sobre as experiências que professores e estudantes têm com o contexto cibercultural do nosso tempo. Uma educação que se aproprie das potencialidades comunicacionais e pedagógicas das mídias digitais e das redes sociais.

No estudo de Silva (2011) percebe-se que os maiores obstáculos enfrentados pelo modelo pedagógico utilizado pela cibercultura, é a imersão cibercultural, onde exige dos docentes, alunos e instituições um desenraizamento do modelo tradicional para outros modos de comunicação educativa. O estudo aponta também que, sem a participação individual não é possível a criação e funcionamento de uma real comunidade virtual de aprendizagem (HARASIM, et al., 2000).

Contudo, a evolução da internet e do jeito de como a utilizamos, é um dos maiores desafios da educação na era da cibercultura. O domínio das tecnologias e/ou como e quais formas os alunos poderiam explorar os mais diferentes modelos de ambientes virtuais de aprendizagem na sua educação online deve ser estimulado a fim de potencializar as práticas pedagógicas.

Análise os modelos de aprendizagem na educação online

A ênfase da aprendizagem é a educação online, sendo o destaque da cibercultura, da junção híbrida de práticas, técnicas, modos de pensamento, valores, e atitudes que evolui juntamente com o progresso do ciberespaço. Por esse termo entenda-se o novo ambiente comunicacional que surge com a interconexão mundial de computadores (SILVA, 2003); a partir do início do século XXI, sendo o mais importante base de permuta e de memória da humanidade; novo ambiente de sociabilidade, de comunicação; de informação, de organização, de conhecimento e de educação. Como afirma Silva (2003, p. 11).

A educação online é demanda da sociedade da informação, isto é, do novo contexto socioeconômico-tecnológico engendrado a partir da década de 1980, cuja característica geral não está mais na centralidade da produção fabril ou da mídia de massa, mas na informação digitalizada como nova infraestrutura básica, como novo modo de produção. O computador e a internet definem essa nova ambiência informacional e dão o tom de nova lógica comunicacional, que toma o lugar da distribuição em massa própria da fábrica e da mídia clássica, até então símbolos societários.

O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) é considerado como coleções de ferramentas computacionais que permitem a elaboração e o gerenciamento de cursos e disciplinas sejam elas de forma presencial e semipresenciais, proporcionando melhorias nos métodos de interação e colaboração (NUNES et al., 2015).

Numa visão mais tradicional de como eram os ambientes de aprendizados, Matte (2009) descreve como uma sala de aula, com frente e fundos para uma organização interna que nos modelos tradicionais, seriam a melhor forma de garantir a atenção do educando e obter melhores resultados nos aprendizados. Essa visão privilegia o modelo de aula explicativa, com pouco espaço para exploração dos conteúdos abordados.

Com o surgimento da tecnologia e suas ferramentas para gerenciamento de atividades educacionais, os ambientes criados e denominados como ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) contribuem para que os alunos possam se reunir, compartilhar, colaborar e aprender juntos (MATTE, 2009). Dessa forma, são nos AVAs que saberes são produzidos, principalmente no que se refere a aprender com o outro e em conjunto, construindo uma rede de aprendizagem em um ambiente aberto, atemporal e ininterrupto.

Atualmente no Brasil, ambientes virtuais, ou plataformas para educação on-line, ficaram consagrados com o nome de ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs), porém, já foram denominados com outros nomes e siglas em inglês, tais como ambientes integrados de aprendizagem (Integrated Distributed Learning Environments -- IDLE); sistema de gerenciamento de aprendizagem (Learning Management System -- LMS); e espaços virtuais de apren*dizagem (Virtual Learning Spaces* -- VLE).

Na década de 1990, com a difusão da internet, inúmeras ferramentas foram desenvolvidas e comercializadas com o propósito educacional. Em 1998, McGreal (1998, p. 28-29) mencionava 23 tipos de AVAs: Fórum, Virtual-U, Learning Space, LearningServer, Symposium, Web-CT, FirstClass, TopClass, ClassNet, CourseSite Generator, Flax, IBT Author, Mallard, Oracle Learning Architecture, Peebblesoft, Polis, Serf, ShareKnowledge, Socrates, The Learning Manager, ToolBook II Librarian, Web Course in a Box, e Zebu. Na época, esses aplicativos eram caros, então começaram a ser desenvolvidos plataformas gratuitas. Atualmente os aplicativos pagos estão sofrendo forte concorrência dos que são oferecidos de forma gratuita, tais como o Moodle e TelEduc, que serão abordados logo em seguida, devido a sua vasta utilização no Brasil.

A presente investigação centra-se sua análise nos seguintes modelos de ambientes o Moodle e TelEduc. A opção por tais ambientes deu-se em função de serem software Open Source.

Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle

Com o propósito de promover o acesso, a comunicação e a interação entre professores e alunos, e assim gerar trocas e produção de conhecimento, os AVAs dispõe de um conjunto de ferramentas, que variam de AVA para AVA, mas normalmente seguem um mesmo padrão. As ferramentas do AVA podem ser divididas em três categorias (KUNTZ, 2010): ferramentas de interação; ferramentas de disponibilização e edição de material; e ferramentas de controle e manutenção do curso.

Tendo como principais ferramentas síncronas e assíncronas do Moodle destacando ainda suas perspectivas pedagógicas: página para perfil dos alunos, inserção de avatares, fóruns, calendário, gestão de conteúdo, página de perguntas mais frequentes, criação de grupos, questionários e pesquisas, blogs, wikis, bancos de dados, sondagens, chat, glossários, ferramenta para construção de testes, avaliação em par e diários. Essas ferramentas promove a interação, a autonomia dos discentes na produção do conhecimento. Ainda é reconhecido de uma forma geral como um valioso instrumento para a educação que permite uma postura cooperativa de interação, porém não se exclui a as possibilidades de melhorias. (NUNES, et al, 2015).

De acordo com o estudo de Ribeiro e Mendonça (2007, p. 2):

O AVA Modular Object Oriented Distance Learning (Moodle) é uma plataforma, Open Source, ou seja, pode ser instalado, utilizado, modificado e mesmo distribuído. Seu desenvolvimento objetiva o gerenciamento de aprendizado e de trabalho colaborativo em ambiente virtual, permitindo a criação e administração de cursos on-line, grupos de trabalho e comunidades de aprendizagem.

O Moodle também é caracterizado como um AVA que apresenta uma ampla comunidade de desenvolvedores, retrata uma estrutura modular, disponibiliza uma grande quantidade de informações, bem como apresenta uma grande quantidade de documentação, facilidade de uso, escalabilidade, interoperabilidade, estabilidade e segurança (FRANCISCATO, et al. 2008).

No estudo de Mozzaquatro e Medina (2008) relata alguns pontos sobre a experiência de alunos que utilizam o Moodle. Os resultados apontam que alguns estudantes constatam que a interface a as funcionalidades do ambiente é boa. Quanto ao download de arquivos, também foi considerado bom. Alguns aspectos que estão relacionados à navegação, foram considerados como boa, pois as telas proporcionaram uma navegação de forma rápida e agradável. No aspecto que se refere às avaliações do curso a distância através do ambiente Moodle em relação à aprendizagem, os alunos relatam que o AVA pode ser ou não contribuir para a aprendizagem.

Ambiente Virtual de Aprendizagem TelEduc

O AVA TelEduc, segundo Ribeiro e Mendonça (2007, p. 3) "É uma plataforma Open Source, um ambiente de suporte EAD. O seu desenvolvimento é realizado de acordo com as necessidades, tanto tecnológico como metodológicas". Também se destaca pela facilidade e flexibilidade quanto à sua funcionalidade e operacionalização. É um ambiente visual gratuito destinado à criação, participação e administração de cursos na Web (LIMA, 2007).

O AVA se distingue das demais plataformas em termos de apresentação, pois o ambiente TelEduc é flexível e está dividido em duas partes: as ferramentas e o conteúdo correspondente à ferramenta selecionada. A forma de como apresenta sua funcionalidade permite classificar os usuários em cinco categorias distintas: coordenador, formador, aluno, visitante e convidado. Cada categoria tem seus acessos e funcionalidades distintas conforme deve manter o uso da plataforma.

No estudo de Lima (2007) que teve como objetivo investigar e analisar a relevância da aplicabilidade do TelEduc na constituição de conceitos matemáticos básicos. Observou-se que o uso da plataforma TelEduc possibilitou maior interação dos agentes no processo de aprendizagem, bem como proporcionou a autoformação e autonomia do indivíduo.

As principais ferramentas do AVA TelEduc são: agenda, atividades, material de apoio, parada obrigatória, mural, fórum de discussão, bate-papo, correio, perfil, diário de bordo e portfólio. De forma geral, o AVA é de fácil manuseio, não requer conhecimento de qualquer linguagem de programação (WATAYA, 2006), O ambiente possui várias ferramentas groupware, dentre elas, fórum de discussão, sala de bate-papo, mural, portfólio e correio eletrônico. O que em partes, pode favorecer um pouco a autonomia do estudante no processo do ensino-aprendizagem.

A construção da autonomia dos estudantes no processo de sua aprendizagem em ambiente virtual de aprendizagem

O autor Paulo Freire relata sobre a temática muito bem quando diz: "O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros" (FREIRE, 1999, p. 25). De acordo com a obra: "Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa" de Paulo Freire. "Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando", quando ele diz que "Refere-se, novamente, ao respeito à individualidade comportamental, na aparência, na cultura, no gênero, entre outras características que se apresentem no estudante ..." (apud XAVIER, 2019, p.2).

A referência à autonomia na educação não é nova como a Grécia de Platão e Aristóteles, ao qual o "processo dialógico de ensinar contido na filosofia grega, preconizava a capacidade do educando de buscar respostas às suas próprias perguntas, exercitando, portanto, sua formação autônoma" (MARTINS, 2002, p. 224), sendo assim, há muitos séculos havia o incentivo a autonomia os educandos. Estando presente nas lutas sociais e sindicais, na era moderna, bem como nos movimentos autonomistas, conforme aponta Martins (2002, p.215). Sendo assim, percebe-se um os aspectos da dialogicidade, da capacidade de decisão e da autoria, estando presentes nas relações que possibilitam a construção da autonomia (OLIVEIRA, 2016).

As ideias de Rousseau e Kant são apresentadas por Zatti (2007) como precursoras de uma educação que tinha como princípios o pensamento livre e a criação autônoma dos estudantes.

Rousseau já defendia que a razão deveria substituir a autoridade para que a criança aprendesse a raciocinar, e, assim, pudesse desenvolver opinião própria. Kant nos mostrou a necessidade de uma educação que forme para uma vida racional, de uma educação que possibilite aos sujeitos a construção de si [...] (ZATTI, 2007, p. 65).

No processo de formação do ser, Zatti (2007), analisando as definições de Freire e Kant, afirma que para um ser deve adquirir a educação como processo de formação.

[...], podemos pensar a educação para a autonomia como processo de formação em que o homem faz a si próprio de acordo com projetos que estabelece racional e livremente para si. O homem só pode ser livre, autônomo, se formado, espontaneamente não o será. A educação entendida como processo de formação é indispensável para um homem conquistar sua autonomia. Podemos dizer que a possibilidade de formação do sujeito constitui o núcleo do pensamento educacional de ambos. Isso afirma a importância de que todos tenham acesso à educação humanizante e de qualidade. (ZATTI, 2007, p. 67).

A autonomia é um metodologias que é baseada nas várias experiências de decidir, pois "ninguém é autônomo primeiro para depois decidir e ninguém é sujeito da autonomia de ninguém" (SILVA; PEDRO, 2010). É um método de maturidade do ser para si que acontece, dia a dia.

O amadurecimento da autonomia dos educandos, o educador, precisa fazer atividades que estimulem a responsabilidade e a tomada de decisão para que eles aprendam a escolher por conta própria, aceitando todas as consequências desse ato (SILVA; PEDRO, 2010).

Também é de grande relevância salientar que, na modalidade de ensino a distância, o educando possui maior liberdade para organizar seus estudos. Assim sendo, os AVAs voltados para a educação vêm para facilitar a construção da autonomia do aluno no processo de ensino (SILVA; PEDRO, 2010).

O estudo de Silva e Pedro (2010), aborda sobre a importância do uso de ferramentas tecnológicas no ensino aprendizagem, proporcionando maior autonomia nos estudos.

Por outro lado, o processo de aprendizagem em ambientes virtuais, a educação percebe às mudanças socioculturais, analisa as consequências que as tecnologias de interação proporcionam para o desenvolvimento de novas condições de aprendizagem. A partir das inter-relações entre tecnologias digitais, comunicação e educação, o conceito de interatividade é redimensionado, oferecendo uma dinâmica de cooperação às propostas de ambientes de aprendizagem.

Ambientes de aprendizagem precisam promover espaços para que os alunos registrem suas dificuldades, resoluções, anotações, perguntas, enfim, definir sua trajetória na busca de novas descobertas e ideias. Ao criar ambientes é importante levar-se em conta o perfil do público-alvo, quais habilidades possuem e quais precisam desenvolver. O ambiente é dinâmico, permitindo que a relação pedagógica redesenhe o cenário. Esta é uma característica importante, pois o ambiente de aprendizagem, assim como o indivíduo, também se modifica na medida que as interações acontecem. A utilização de recursos tecnológicos, como a internet, torna-se um estímulo na construção do conhecimento. Para Lévy "Em uma rede sociotécnica, como em um hipertexto, cada nova conexão recompõem a configuração semântica da zona da rede à qual está conectada". (LEVY, 1993, p 50).

Pensando na autonomia da aprendizagem em ambientes virtuais, não é tão diferente do ambiente presencial, com uma diferença que no AVAs, os alunos dispõem de vários recursos de forma rápida, mas nada adianta se o estudante não for autônomo da sua educação. Conforme afirma Paulo Freire, quando diz: "a educação, portanto, implica uma busca realizada por um sujeito, que é o homem. O homem deve ser o sujeito de sua própria educação. Não pode ser objeto dela. Por isso, ninguém educa ninguém". (FREIRE, 1983, p.28)

Considerações Finais

Com a utilização das Tecnologias na Educação tem se mostrado uma nova perspectiva para um ensino de qualidade e ao alcance de grande parte dos brasileiros. A Educação a Distância vem sendo ofertada no Brasil há vários anos, no entanto, com a evolução das TICs tem avançado significativamente e ganhou maior impulso no início do século XXI. Neste cenário os Ambientes Virtuais de Aprendizagem, podem se apresentar como um grande aliado no processo de ensino aprendizagem e na autonomia dos estudantes.

Com inúmeros recursos tecnológicos disponíveis atualmente, o acesso à informação tem-se tornado muito mais fácil e ao alcance de todos, proporcionando, assim, uma autonomia em busca do conhecimento. Através do advento dos chamados novos Ambiente Virtuais de Aprendizagem, onde podemos citar: Youtube, Facebook, Hangouts e muitos outros, tendo em vista que não foram criados com a finalidade para serem utilizados a favor da educação. Já os AVAs destinados à educação, podemos destacar o Moodle e o TelEduc, pela sua qualidade, popularidade, por ser um software livre e por promover a interação entres os estudantes via: chats, fórum, diários, tarefa, wiki e dentre outras ferramentas, impulsionando a autonomia do aluno com cursos que não tem a interação de um tutor ou professor.

Sendo um tema importante para a educação, tecnologias e ainda podemos afirmar que para o novo formato de aquisição do conhecimento, acerca de uma geração de jovens com sede de aprender e muitas vezes só precisam de um caminho a ser trilhado até o sucesso e suas realizações profissionais e pessoais.

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