Ir para o conteúdo

Legenda

Funções dos Tutores Presenciais na Educação a Distância

Clique no botão abaixo para alternar visualização:

Rodrigo Giliardi Pasquetto1

Suyane de Souza Lemos2

Resumo

O estudo apresenta uma investigação do papel do tutor presencial como elemento importante no processo de ensino-aprendizagem. O tutor precisa ter sua função, sua prática, seu papel compreendido e estudado. Realizou-se uma revisão da literatura sobre o tutor presencial no contexto de educação a distância buscando responder à seguinte questão norteadora: quais as principais funções do tutor presencial no processo de ensino-aprendizagem? O estudo revelou reflexões acerca das principais funções, que são favorecer a habilidade de trabalhar em grupo, promover a cooperação entre os alunos e estimular a interação entre os grupos, com o objetivo de incentivar os alunos a enfrentar as dificuldades presentes nessa modalidade de ensino, além de acompanhamento, orientação da aprendizagem e supervisão do processo de avaliação.

Palavras-chave: Tutoria presencial. Educação a distância. Aprendizagem.

1. Introdução

Atualmente, no Brasil, a Educação a Distância vem conquistando cada vez mais espaço, por isso a necessidade dessa discussão, principalmente no que diz respeito aos aspectos da prática pedagógica mediada pelo tutor, que fomenta a aprendizagem de modo autônomo pelo aluno (Freire, 2005), e à ressignificação dos processos de ensino-aprendizagem pautados na avaliação contínua. A Educação a Distância (EaD) é o aprendizado planejado que exige técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais. Ela estabelece a não exigência de presença em um mesmo espaço e tempo. Essa flexibilidade faz com que o aluno construa seu processo formativo de forma autônoma e independente. No entanto, nesse processo encontra-se um mediador, um orientador, educador que sugere novos caminhos, fomenta a interação entre os conteúdos, o professor e as práticas, fazendo o aluno a repensar os conceitos aprendidos (Brasil, 2015). Sob esse olhar, o tutor é tido como o orientador do aluno em EaD; a principal função que compete a ele é acompanhar a vida acadêmica dos estudantes, apontando caminhos para determinados problemas ou propostas. O tutor é o elemento de transição e ligação na relação entre professor e aluno. O valor de sua atuação está no fato de que deve estar inteiramente articulado quanto aos conteúdos, metodologias, matérias, atividades e, sobretudo, o contexto em que seu aluno está inserido, ou seja, sua realidade, suas limitações e, principalmente, seu potencial (Ribeiro, 2014) O tutor, respeitando a autonomia da aprendizagem do aluno, estará constantemente orientando, dirigindo e supervisionando o processo de ensino-aprendizagem. É também por intermédio dele que se garante a efetivação do curso em todos os níveis (Costa; Knuppe, 2014).

Assim, compreende-se, como explicita Freire (2005), que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar condições para que ele ocorra. O conteúdo é construído pelo sujeito na sua relação com os outros e com o mundo. O maior desafio para o tutor é vivenciar uma prática tutorial mediada pela tecnologia e valorizar a comunicação presencial e virtual, equilibrando a presença e a distância. É preciso aprender a integrar o 03 Funções dos Tutores Presenciais na Educação a Distância Lemos, S.S.; Pasquetto, R.G. EaD em Foco, 2019; 9(1): e690 humano, o tecnológico e o social. É preciso enfatizar que a ação da tutoria é fundamental na EaD, pois ela faz a mediação entre todos os participantes do processo e propicia a comunicação no momento em que acompanha e até mesmo promove as competências pedagógicas, tecnológicas, didáticas, pessoais e de trabalho colaborativo (Silva; Maciel, 2014).

Conforme Salvador et al. (2017), a função de professores e tutores é promover a aprendizagem, por meio de um processo de diálogo em que o conhecimento é produzido a partir desse movimento entre tutores, professores, alunos, avaliação e conteúdo. Para Santo (2016), o tutor presencial é o agente motivador/orientador que irá acompanhar o aprendizado do aluno durante todo o processo. A atuação dos tutores presenciais nos cursos a distância é um dos principais pontos de reflexão do nosso estudo. A atuação do tutor está diretamente relacionada ao resultado dos cursos a distância. E este trabalho pretende, com base em pesquisas na literatura científica, ressaltar a importância dos tutores, reforçando as funções que eles exercem nessa modalidade e como contribuem para o desempenho do aluno de Educação a Distância. O presente trabalho tem como objetivo geral identificar as principais funções do tutor presencial no processo de ensino-aprendizagem.

2. Desenvolvimento

2.1 Categoria A - ``O tutor presencial e a educação a distância''

Os artigos classificados nesta categoria discutiam principalmente questões referentes ao tutor presencial e ao panorama da Educação a Distância. Soek e Gomes (2012) trazem o contexto de transformações e procuram discutir as relações de ensino-aprendizagem nos processos de Educação a Distância, especialmente no que se refere aos aspectos didático-metodológicos, ou seja, as relações de ensino-aprendizagem mediadas pelo trabalho dos tutores tanto nos momentos presenciais como a distância, caracterizando assim as diferentes interfaces da EaD. O tutor é o elo com os alunos, ele faz a mediação com os alunos e aguça as relações humanas.

Categoria B - As funções do tutor presencial e o processo de ensino aprendizagem

Os artigos classificados nesta categoria discutiam principalmente questões referentes à relação do tutor presencial com o processo de ensino-aprendizagem. A mediação no AVA está alicerçada especialmente na ação do tutor e nas ferramentas e recursos tecnológicos. Entretanto, é o tutor que deve apresentar postura de orientador, motivador, demonstrando empatia e conhecimento dos conteúdos estudados. A mediação pedagógica no AVA será distinta da mediação desenvolvida em experiências educacionais na modalidade presencial, e sua função nos cursos desenvolvidos a distância ainda é primordial (Souza; Franco; Costa, 2016).

O tutor, na mediação pedagógica, aparece com as mesmas atribuições do professor, o que, de certo modo, ressignifica o papel do tutor, que muitas vezes já foi entendido como cumpridor de tarefas e administrador de conteúdos realizados a partir de uma comunicação unilateral, com alunos isolados em suas tarefas em um ambiente centrado apenas no professor (Barion; Marques, 2014).

Bicalho e Oliveira (2012) defendem que o fórum de discussão é significativo instrumento para a promoção de debates e construções coletivas de conhecimento. A formação do coletivo promove o enfrentamento melhor das adversidades da vida e um se apoia no outro. A troca coletiva de saberes promove aprendizagens mútuas, e os espaços educativos se tornam mais democráticos e dialógicos; os envolvidos nesse processo têm liberdade de expor suas ideias de forma horizontal, sem medo, e uma cadeia de diálogo acontece, promovendo o desenvolvimento do saber humano em um processo avaliativo horizontal, conforme valorizado por Travessos et al. (2016). O professor/tutor passa a ser um facilitador desse processo, ponderando as relações entre os alunos, buscando aprender e ensinar ao mesmo tempo, sempre de forma significativa e colaborativa.

A fim de representar as funções dos tutores presenciais desvelados na pesquisa por meio da categorização A e B, realizamos o mapa conceitual abaixo:


Figura 5: Imagem sem título.


Fonte: Próprio autor.

3. Conclusão

Concluindo, a forma de pensar o papel do tutor, refletida neste artigo, propõe que esse profissional tenha por parte dos envolvidos no campo da EaD uma formação mais significativa, haja vista a importância de sua função. Necessita-se, portanto, repensar os projetos atuais, propondo que cada instituição que atue na modalidade EaD busque construir um modelo tutorial que atenda às especificidades locais e regionais, visando à construção de um ambiente adequado para a educação permanente desse profissional, para que sua ação educativa seja absorvida e bem aproveitada pelo aluno, trazendo novos sentidos e significados que contribuirão para o sucesso de sua vida acadêmica, profissional e pessoal.

Referências

BICALHO, Rute Nogueira de Morais; OLIVEIRA, Maria Cláudia Santos Lopes de. O processo dialógico de construção do conhecimento em fóruns de discussão. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v. 16(41), p. 469-484, 2012. BRASIL.

Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017. Regulamenta o Art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/ D9057.htm. Acesso em 4 fev. 2017.

BRASIL. Sistema de Informações da Universidade Aberta do Brasil (Sisuab). Brasília: Capes, 2015.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 1996. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/ SEED/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf. Acesso em: 12 jun. 2017.

CASTRO, José Marcio de; LADEIRA, Eduardo da Silva. Gestão e planejamento de cursos a distância (EAD) no Brasil: um estudo de casos múltiplos em três instituições de ensino superior. Revista de Gestão e Planejamento, Salvador, v. 10(2), p. 229-247, 2015.

COSTA, Maria Luisa Furlan; KNUPPEL, Maria Aparecida Crissi. As representações sociais do trabalho do tutor presencial: limites e possibilidades. Educar em Revista, (spe 4), p. 191-209, 2014.

FARIA, A. A.; LOPES, L. F. O que e o quem da EaD: história e fundamentos. Curitiba: InterSaberes, 2013.

HACKMAYER, Michelle Brust; BOHADANA, Estrella. Professor ou tutor: uma linha tênue na docência em EAD. RIED - Revista Iberoamericana de Educación a Distancia, v. 17(2), 2014.

MACHADO, D. P.; MORAES, M. G. S. Educação a distância: fundamentos, tecnologias, estrutura e processo de ensino e aprendizagem. Curitiba: Érica, 2015.

NUNES, V. B. O papel do tutor na educação a distância: o estado da arte. Anais do ESUD 2013 -- X Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância, Belém/PA, 2013. Unirede. Disponível em: http://www.aedi.ufpa.br/esud/trabalhos/oral/AT2/114143.pdf. Acesso em: 17 ago. 2017.

RIBEIRO, R. A. Introdução à EAD. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1989. SALVADOR, Pétala Tuani Candido de Oliveira; BEZERRIL, Manacés dos Santos; MARIZ, Camila Maria Santos; FERNANDES, Maria Isabel Domingues; MARTINS, José Carlos Amado; SANTOS, Viviane Euzébia Pereira. Objeto e ambiente virtual de aprendizagem: análise de conceito. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 70(3), p. 572-579, 2017.

SANTO, E. E.; CARDOSO, A. L.; SANTOS, A. G. Reflecting about the presential tutor role in distance education: a case study in an Associated Center. 9th International Technology, Education and Development Conference. Madrid, 2015. INTED2015 Proceedings. Madrid: INTED. 7280-7. Disponível em: https://library.iated.org/view/ESPIRITOSANTO2015REF. Acesso em: 29 maio 2017.

SANTO, Eniel do Espírito et al. Mediação pedagógica da tutoria presencial no Ensino Superior a Distância: um estudo de caso em um polo de EaD. 2016. 12º Simpósio Internacional de Educação a Distância (Sead). UFSCar, São Carlos, 2016. SANTO, E. E. et al. (2016). Mediação pedagógica na Educação a Distância: um mosaico de ideias na perspectiva da formação do tutor presencial. TIC e EaD em Foco, São Luiz, v. 2(1), p. 7-19. SILVA, Geane de Jesus; MACIEL, Diva Albuquerque. A presença docente do professor-tutor online como suporte à autonomia do estudante. Psicologia da Educação, v. 38, p. 35-48, 2014.

SILVA, Leandro Saggiomo da et al. Formação continuada em Educação a Distância: percepções sobre a competência na atuação do professor tutor. 14 p. Em Rede: Revista de Educação a Distância, Porto Alegre, v. 3(2), p. 14, 2016. Disponível em: https://www.aunirede.org.br/revista/index.php/em- rede/article/view/122/141. Acesso em: 20 jun. 2017.

SOEK, A. M., GOMES, D. L. As relações de ensino-aprendizagem na Educação a Distância e o trabalho do tutor como mediador do conhecimento. Revista Intersaberes, v. 3(6), p. 166-177, 2012.

SOUZA, S.; FRANCO, V. S.; COSTA, M. L. F. Educação a distância na ótica discente. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 42(1), p. 99-113, 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ep/v42n1/1517-9702- ep-42-1-0099.pdf. Acesso em: 26 maio 2017. TRAVESSOS, X. L.; SANTO, E. E.; CARIBÉ, S. O. Análise do nível de implantação do processo de autoavaliação nas faculdades privadas de Salvador, Bahia. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Campinas, v. 21(1), p. 153-172, 2016. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/s1414-40772016000100008. Acesso em: 28 maio 2017.


  1. Universidade Federal de São Carlos 

  2. Universidade Federal do Tocantins--suyane.lemos.ss@gmail.com