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PROGRAMA FORMAÇÃO PELA ESCOLA E OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO

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Odair Ledo Neves1

Romário Pereira Carvalho2

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo analisar o Programa Formação pela Escola desenvolvido no município de Serra do Ramalho-BA. Para tanto, partiu da seguinte questão problema: as novas tecnologias têm proporcionado o acesso à formação. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, em que se fez uso da observação do curso Controle Social para Conselheiro desenvolvido no período de março a abril de 2019 e entrevista ao tutor do curso, o estudo embasou-se nos seguintes autores: Alves (2009), Costa (2014) e Souza (2004). O estudo aponta a importância do Programa Formação pela Escola por possibilitar o acesso ao conhecimento a diferentes sujeitos e dinamizar a construção da aprendizagem fazendo uso de diferentes recursos tecnológicos e midiáticos no desenvolvimento das atividades.

Palavras-chave: Formação pela Escola. Tecnologia. Educação.

1. Introdução

O mundo vivencia grandes mudanças advindas de vários contextos, a saber: social, científico e tecnológico, tais mudanças facilitaram o contato entre diferentes pontos do planeta, promovendo o intercâmbio político, econômico e cultural entre os países encurtando distância e interligando todos os meios de comunicação.

Nesse sentido, os avanços tecnológicos da informação e comunicação no âmbito da educação estão possibilitando novas visões sobre as formas de ensinar e aprender através do uso de recursos que conectam e estabelecem ligações entre os sujeitos.

Assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar o Programa Formação pela Escola desenvolvido no município de Serra do Ramalho-BA. Parte da seguinte questão problema: as novas tecnologias têm proporcionado o acesso à formação? Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, em que se observa o desenvolvimento do Programa Formação pela Escola por meio do curso Controle Social para Conselheiro ministrado no período de março e abril de 2019 e entrevista ao tutor do curso.

2. Percurso metodológico

Para o desenvolvimento deste trabalho partimos de uma abordagem qualitativa de pesquisa, por meio da pesquisa de campo em que se fez uso da observação e entrevista a 1 coordenador do curso.

3. Formação pela escola em Serra do Ramalho

A prática de educação a distância não é recente no Brasil, muitos estudiosos defendem que o uso do rádio, televisão e materiais impressos marcam essa modalidade de ensino há muitos anos. Mas é precisamente na década de 1990 que presenciamos um salto no crescimento do ensino a distância desde o ensino básico a universidade. Percebe-se que essa modalidade de educação encontrou um campo fértil no cenário das políticas públicas que buscam a universalização do ensino básico, bem como a formação de cidadãos competentes.

A educação a distância inova seus conceitos ao fazer uso da tecnologia para criar espaço inovador de aprofundamento conceitual de sua temática. Utiliza diferentes mediações para o processo de comunicação. Cria espaço de interação através do ambiente virtual de aprendizagem, a exemplo dos fóruns que se desenvolve em um tempo pedagógico adequado ao estudante, como afirma Souza (2004, p.15):

Os cursos a distância mediados pelo computador, por exemplo, quando são bem planejados, podem permitir que alunos e professores trabalhem colaborativamente e estabeleçam uma rede interativa para a transmissão de informação, produção e compartilhamento do conhecimento. Isso ocorre em um ambiente de aprendizagem ou sala de aula virtual, na qual conceitos educacionais são organizados em um espaço metafórico, juntamente com um conjunto de recursos tecnológico.

Em outras palavras, essa nova modalidade de educação requer um planejamento sistematizado e adequado à proposta como rigor na organização dos conteúdos; tratamento didático-pedagógico aos materiais a serem usados; diversificação nos recursos de comunicação além de acompanhamento contínuo por parte dos tutores. Assim, a educação a distância abre um leque de possibilidades com novos papéis profissionais para o professor, como defende Costa (2014, p. 30):

As tecnologias educativas vieram favorecer, contribuir e auxiliar o professor no processo de ensino. Com essas novas ferramentas, o educador tem mais recursos para a ministração de suas aulas, tornando-as mais interessante, prazerosas e interativas. Deve-se atentar para o seu uso de forma que favoreça a aprendizagem dos alunos e uma aproximação maior entre a realidade cotidiana dos educandos.

Outro ponto importante a ser observado com o avanço das comunicações é que as pessoas passam a viver conectadas. Para a educação, esse avanço tem oportunizado que jovens e adultos de diferentes pontos do país tenham acesso universidade fazendo uso de conteúdos e metodologias apropriadas a essa modalidade: fóruns de discussões, chat's, teleconferências, videoconferência, dentre outros.

Sendo assim, é inegável que a educação a distância se firma num contexto em que se ampliam as necessidades educacionais da população, apresentam metodologia apropriada às exigências desse novo paradigma que viabilizam o processo de comunicação entre seus agentes.

O Programa Formação pela Escola é um programa de formação continuada, na modalidade a distância, que tem como objetivo contribuir para o fortalecimento dos envolvidos no monitoramento, avaliação, prestação contas, controle social dos programas e ações educacionais financiadas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Neste trabalho, analisamos o curso Controle Social ofertado para diferentes atores sociais, tais como: diretores, professores, conselheiros e sociedade civil no sentido fornecer estudo sobre as políticas públicas específicas, na área de educação que são executadas pelo Governo Federal.

O curso possibilita a discussão sobre o financiamento das políticas públicas e explica sobre como os recursos são gerenciados no âmbito de cada política, a saber: CACS Fundeb, Pnate, PDDE, PLi, e apresenta uma unidade específica para discutir sobre o Conselho de Alimentação Escolar.

Nesse sentido, o curso proporciona mecanismos para que as pessoas compreendam a maneira de realizar o acompanhamento e o controle social dos recursos públicos destinados à educação. Reside nesse ponto, a grande importância de oferecer o curso Controle Social, pois se compreende que a participação nas decisões, acompanhamento e monitoramento das políticas públicas faz-se necessário antes de tudo o conhecimento acerca das políticas públicas, principalmente, no âmbito da educação, foco do curso. Assim, o curso além de discussão geral, os cursistas conseguem perceber como é gerenciado os recursos no município, como nos relata o Tutor:

Ofertar o curso Controle Social no município de Serra do Ramalho é de grande importância, pois existe demanda de formação continuada que discuta sobre as políticas educacionais no referido município, tanto para profissionais que atua diretamente na educação quanto para a sociedade civil. E, no caso específico para conselheiros, praticamente inexistiu no município, algo que vimos desde o ano de 2017 buscando superar (Tutor, Entrevista 2019).

A fala do tutor coloca em evidencia a dificuldade em ter acesso à formação, algo que o Programa FPE contribui para diminuir, uma vez que o formato dos cursos torna viável o acesso de grande parte da população. Cabe situar que o município de Serra do Ramalho possui uma extensão territorial de 2.593,4 km² e uma população de aproximadamente 31.638 habitantes, é constituído por 20 agrovilas e vários povoados, demandando assim um olhar mais atento para as questões sociais, requerendo uma sociedade mais conhecedora das políticas públicas para a otimização dos recursos públicos no município.

Os cursos no formato do FPE diversificam a quantidade de participantes, mostram a importância das políticas públicas para educação, despertando a vontade de participar para se ter uma sociedade mais justa e acolhedora, capaz de fazer com que as políticas educacionais cheguem de maneira efetiva ao cidadão serramalhense, fortalece o papel de cada cidadão no acompanhamento das políticas públicas educacionais no âmbito federal, estadual e municipal.

Neste sentido, o curso tem duração de 60 horas, sendo 8 horas presenciais e 52 horas na modalidade a distância, em que os cursistas precisam ter acesso a computador e internet. Ao ingressar no curso tem acesso a um Ambiente virtual de aprendizagem (AVA), esse ambiente possibilita o acesso à leitura, produção de textos, debates por meio de fóruns, elucidar dúvidas e o diálogo entre cursistas e tutor, nesse ponto, Alves (2009) é contundente:

A sociedade atual se caracteriza pela inovação das tecnologias de informação e da rápida e crescente comunicação. Tais avanços tecnológicos proporcionam transformações que estão influenciando amplamente a educação em todos os níveis, abrindo oportunidade para integrar, enriquecer e expandir os materiais instrucionais, apresentando novas maneiras de interação, de forma que as perspectivas são de um aumento cada vez maior da inserção das tecnologias de informação e comunicação no processo de ensino-aprendizagem (ALVES, 2009. p.13).

Tomando como base os apontamentos do referido autor, no que se refere às inovações tecnologias, no município de Serra do Ramalho, foi ofertada três turmas de Controle Social para Conselheiros com 93 cursistas ao todo. Vale lembrar, que tanto o tutor quanto os cursistas obedecem a um planejamento que deve conter entre 30 e 45 dias, decorre disso, a realização em um período organizado em dois meses.


Tabela 1: Cronograma do curso Controle Social para Conselheiros.


Fonte: Pesquisa de Campo (2019).

Percebeu-se que o curso tem um critério a ser seguido que permite aos cursistas adentrar e conhecer como funciona o curso. Nesse sentido, durante a entrevista com o tutor, ele esclarece as principais dificuldades e os pontos positivos do acompanhamento no Ambiente Virtual:


Tabela 2: Acompanhamento no Ambiente virtual.


Fonte: Pesquisa de campo: Entrevista com o Tutor (2019).

A tabela acima contribui para se pensar a importância das tecnologias por possibilitar um maior acesso da maioria da população, principalmente no que se refere a um curso de controle social e, as pessoas tendem a usar os meios tecnológicos para ter acesso à aprendizagem. E, mesmo Serra do Ramalho tendo uma geografia atípica, que dificulta o acesso à maioria das pessoas, o curso do Programa Formação pela Escola tem conseguido chegar às pessoas nos diversos recantos do município, como mostra o relatório do Tutor:


Tabela 3: Desempenho das turmas.


Fonte: Pesquisa de campo: Relatório do tutor (2019).

O relatório do tutor mostra um resultado satisfatório de aprovação no curso, principalmente se considerarmos que o curso se destina a todos os cidadãos, independente de escolarização. Dentre os 93 escritos, 65 foram aprovados, 26 reprovaram e 3 desistiram.

4. Algumas considerações

Vivemos um momento das novas tecnológicas da informação e comunicação e, um grande feito tem sido possibilitar o uso delas na educação, fazendo com que as pessoas acessem ao conhecimento em diferentes momentos e diferentes lugares. E, no caso específico de Serra do Ramalho, o Programa Formação pela Escola tem tornado viável as discussões sobre políticas públicas e controle social por meio de diferentes cursos na modalidade a distância. O estudo aponta a importância do Programa Formação pela Escola por possibilitar o acesso ao conhecimento a diferentes sujeitos e dinamizar a construção da aprendizagem fazendo uso de diferentes recursos midiáticos no desenvolvimento das atividades.\newpage

Referências

ALVES, Taíses Araújo da Silva. Tecnologias de informação e comunicação (TIC) nas escolas: da idealização à realidade. Estudos de casos múltiplos avaliativos realizado em escolas públicas do ensino médio do interior paraibano brasileiro. universidade lusófona de humanidades e tecnologias instituto de ciências da educação. Lisboa, 2009.

COSTA, Ivanilson. Novas tecnologias e aprendizagem. 2 ed. Rio de Janeiro: Wak editora, 2014.

SOUZA, Maria Carolina Santos de. Compondo: uma metodologia para produção do conhecimento em rede colaborativa para educação a distância. -- Salvador: M.C. de S. Souza, 2004.