DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA MICROBACIA DO RIACHO DO MACHADO, NO MUNICÍPIO DE CRUZ DAS ALMAS, BAHIA¶
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Felipe da Silva Barreto1
Claudia Bloisi Vaz Sampaio2
Resumo¶
A degradação é vista como qualquer processo que cause alterações qualitativas ou quantitativas ao meio ambiente, sendo na maioria das vezes, causada por ações antrópicas. Diante disso, o presente trabalho visa estabelecer um PRAD (Plano de Recuperação de Áreas Degradadas) da Região da Sub-bacia do Rio Capivari, em Cruz das Almas, no Estado da Bahia. O Riacho do Machado tem aproximadamente 3 km de extensão e ocupa uma área de cerca de 2.300 km² da bacia hidrográfica do Paraguaçu. Em visita recente à área de estudo, foram constatadas alterações e impactos ambientais em toda a área de influência da microbacia como assoreamento, dessedentação, erosão e remoção da vegetação original. Levando em consideração todos os aspectos e discussões anteriores, o plano de recuperação ambiental do Córrego Machado deve ser construído levando em consideração as especificidades e características do local, que irão determinar o sucesso do plano de recuperação.
Palavras chave: Meio ambiente; Impactos ambientais; Bacia hidrográfica.
1. Introdução¶
A~Constituição Federal de 1988, em seu art. 225, dispõe~sobre o direito de todos~quanto ao~meio ambiente ecologicamente equilibrado e consequentemente~da adequada~qualidade de vida em pleno bem~estar, tornando de~responsabilidade do poder público,~unido com o coletivo, a~recuperação de áreas que estão degradadas ou em processo de degradação~a fim dedefendere preservar seus recursos~para as atuais e futuras gerações (BRASIL, 1988).~~A degradação é vista como qualquer processo que causa alterações qualitativas ou quantitativas ao meio ambiente, sendo na maioria das vezes, causada por ações antrópicas.
Diversas são as informações necessárias para que se obtenha umdiagnósticoadequado quanto às condições de uma área, e~esse contexto, a fim de buscar análises mais profundas do local a ser estudado, tem-se a necessidade~de aplicar as~técnicas de geoprocessamento para a identificação e mapeamentodouso das terras possibilitando assim uma melhor fiscalização e planejamento do uso racional dos recursos água e solo, além da identificação das áreas degradadas e manutenção de áreas de preservação permanente e nascentes, propondo sua ocupação sustentável (LADEIRA, 2013).~
Diante disso, o presente trabalho~teve como objetivo apresentar o diagnóstico ambiental do Riacho do Machado,~em Cruz das Almas,~no Estado da Bahia, identificando e descrevendo as principais fontes de poluição e degradação, além da proposição de medidas para a recuperação.~
2. Materiais e Métodos¶
2.1 Caracterização da área de estudo¶
A escolha do local de estudo foi realizada levando-se em consideração o grande potencial hídrico da região, confirmado pelo grande número de nascentes encontrados na área, que apesar de sua importância,~encontra-se ameaçada pelo crescimento urbano, tendo como consequência o comprometimento das características de Área de Preservação Permanente (APP).~ O Riacho localiza-se dentro dos limites da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e é um dos afluentes pertencentes à Bacia Hidrográfica do Rio Capivari (Figura 1), além de ser considerado um dos principais contribuintes do Rio Paraguaçu.
O Riacho do Machado tem aproximadamente 3 km de extensão e ocupa uma área de cerca de 2.300 km² da Bacia Hidrográfica do Paraguaçu, desaguando no rio de mesmo nome.
Figura 1: Localização e demilitação do Córrego Machado. BARRETO (2019).
2.2 Caracterização do meio físico e abiótico¶
Na área de estudo há predominância de Latossolo Amarelo, textura argilosa e muito argilosa, relevo plano a suave ondulado, de acordo com Santos et al (2013). Tomasoni~(2005) classifica a área como apresentando vegetação nativa de Floresta Estacional~Semidecidual, uma fitofisionomia da Mata Atlântica. O clima predominante na região é úmido asub-úmidoe a precipitação varia de 1000 até 1400 mm, com concentração das chuvas no outono e no inverno.
O uso solo na microbacia do rio Capivari está associado à agricultura, agropecuária e sequeiro além do extrativismo vegetal. O descumprimento das leis ambientais e a emissão de efluentes ``in natura'' caracterizam o desordenado processo de crescimento urbano,~que ocasiona sérios~problemas relacionados à antropização da área estudada.
3. Resultados e discussões¶
3.1 Diagnóstico ambiental¶
Em visita realizada à área de estudo, no dia 16/05/2019, foram constatadas alterações e impactos ambientais em toda a área de influência da microbacia. Quanto ao meio biótico, foi possível observar a devastação da mata ciliar e vegetação original (Figura 2). Nota-se que a vegetação existente ao longo do leito evidencia a presença de vegetação de sucessão, como a jurema-preta (Mimosa tenuiflora Willd. Poir.) e Embaúba (Cecropia pachystachya), plantas características de regiões que foram desmatadas e encontra-se em processo inicial de sucessão ecológica.
Figura 2: Curso d’água em atividade com ausência de vegetação ciliar. BARRETO (2019).
No meio físico, foi notado o assoreamento ao longo do riacho, resultante do processo erosivo oriundo de atividades antrópicas intensas, advindas da parte superior da microbacia, sendo que este material particulado fica em suspensão, aumentando a turbidez e comprometendo a qualidade da água, que já é pouca. Além disso, verificou-se a existência de pequenas ''barragens'' que impedem o curso natural do riacho, além de encontrar-se totalmente poluída pelo despejo de resíduos orgânicos e inorgânicos em suas águas e em seu entorno. A barragem é utilizada para dessedentação de animais, com consequente deposição de dejetos dos mesmos, e ainda para fins de irrigação no cultivo de hortaliças de pequenos produtores (Figura 3). O mais impactante é a constante presença de descarte de material eletrônico e provenientes da construção civil.
Figura 3: Nascente em estado avançado de assoreamento e dessedentação. BLOISI (2017).
Alexandrino (2012) identificou cerca de 43 nascentes no entorno da Universidade, dentre as quais, o mesmo considerou que 34 destas estavam degradadas.
3.2 Propostas de recuperação ambiental¶
Ladeira (2013) propôs em seu trabalho uma recuperação ambiental da microbacia do Riacho do Machado na qual a mesma classificou o grau de degradação da área como muito avançado, sendo necessária a adoção das seguintes medidas: enriquecimento da vegetação, (escolha das árvores matrizes, coleta de sementes, coleta de plântulas e serapilheira, introdução de espécies zoocóricas, criação de um viveiro de mudas), análise do solo, tratos silviculturais, poleiros naturais e artificiais, remediação, monitoramento, organização e conscientização dos moradores do entorno da área da microbacia do Riacho do Machado.
Ainda, pode ser feito o isolamento das áreas mais sensíveis aos processos antrópicos aliado às práticas de Educação Ambiental, criação de um PSA (Pagamentos por Serviços Ambientais) fazendo com que os moradores do entorno fossem recompensados pelas atividades.
4. Considerações finais¶
Dessa forma, o diagnóstico ambiental para o Córrego Machado deve ser construído levando em consideração as especificidades e características do local, que irão determinar o sucesso para uma possível recuperação. Por se tratar de uma área de amplo uso da universidade e comunidade externa, esse plano de recuperação torna-se mais complexo, porém, não impossível, se partir das alternativas mencionadas anteriormente.
Referências Bibliográficas¶
ALEXANDRINO, R. V. Avaliação e caracterização de áreas de preservação permanente dentro do campus da UFRB, Cruz das Almas, Bahia. Trabalho de conclusão de curso, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, 78 p., Cruz das Almas, set. 2012.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.
LADEIRA, F. L. Proposta de recuperação e preservação ambiental para a região da microbacia do riacho do machado -- Cruz das Almas, Bahia -- Estudo de caso. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, 2013.
SANTOS, H. G. dos; JACOMINE, P. K. T.; ANJOS, L. H. C. dos; OLIVEIRA, V. A. de; LUMBRERAS, J. F.; COELHO, M. R.; ALMEIDA, J. A. de; CUNHA, T. J. F.; OLIVEIRA, J. B. de. Sistema brasileiro de classificação de solos. 3. ed. rev. e ampl. Brasília, DF: Embrapa, 2013. 353 p.
TOMASONI, M. A.; TOMASONI, S. M. R. P. A dimensão geoambiental da região do Recôncavo Sul--Bahia. Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina. São Paulo: Universidade de São Paulo, p. 15785-15806, 2005.
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Graduando em Engenharia Florestal -- UFRB -- felipedasilvab@outlook.com. ↩
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Professor Adjunto -- UFRB -- bloisi@ufrb.edu.br. ↩