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MAPEAMENTO DOS REMANESCENTES FLORESTAIS DA BACIA DO CAPIVARI, BAHIA

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Felipe da Silva Barreto1

Everton Luís Poelking2

\section*{Resumo}

\retirarecuo Segundo Viana (1995), a maior parte dos remanescentes de Mata Atlântica, especialmente em paisagens intensamente cultivadas, encontra-se na forma de pequenos fragmentos, altamente perturbados, isolados e pouco protegidos em diversos estágios de sucessão ecológica. O presente trabalho teve como objetivo, mapear e classificar os remanescentes florestais existentes na bacia do rio Capivari, Bahia. Os remanescentes foram classificados quanto à fitofisionomia como: (1) Formação Florestal, formada pela vegetação mais densa e de maior porte e (2) Formação Savânica, que compreende estágios secundários de regeneração. Constatou-se que houve um intenso processo de exploração florestal na bacia ao longo dos anos, contribuindo para o decréscimo considerável dos remanescentes. Contudo, ficou clara a necessidade de estímulo e conscientização conservacionista da população em geral, especialmente de produtores rurais do município, buscando priorizar cada vez mais à preservação e conservação desses fragmentos e adequação ao código florestal vigente.

\retirarecuo \textbf{Palavras chave}: Mata Atlântica; Formação florestal; Fragmentos.

\vspace{-0.7cm} \section*{1. Introdução }

Os municípios do Recôncavo Baiano tem em sua maioria, cobertura vegetal original de floresta tropical típica de Mata Atlântica. Segundo Viana (1995), a maior parte dos remanescentes de Mata Atlântica, especialmente em paisagens intensamente cultivadas, encontra-se na forma de pequenos fragmentos, altamente perturbados, isolados e pouco protegidos em diversos estágios de sucessão ecológica. O mapeamento e a análise desses fragmentos florestais possibilitam o diagnóstico do grau de perturbação da vegetação original.

Estudos apontam que a fragmentação dos ambientes naturais começou a aumentar no Brasil a partir da década de 1970, com grandes consequências até os dias atuais. A fragmentação desses remanescentes traz inúmeros resultados negativos ao meio ambiente como a alteração do fluxo gênico, aumento do efeito de borda, além de um elevado grau de endogamia e consequente perda da biodiversidade. Diante desta realidade de pressão antrópica sobre os remanescentes de vegetação nativa, os estudos sobre a Ecologia de Paisagem, que parte da interação entre a Ecologia e a Geografia, surge neste cenário como uma alternativa eficaz nos estudos ecológicos dentro dos mais variados ambientes. O presente trabalho teve como objetivo, mapear e classificar os remanescentes florestais existentes na bacia do rio Capivari, Bahia.

\section*{2. Materiais e Métodos}

\subsection*{2.1 Área de estudo}

A área de estudo possui uma extensão de 316,8 km² e está situada no Recôncavo da Bahia, abrangendo os municípios de Castro Alves, Sapeaçu, Cabaceiras do Paraguaçu, Cruz das Almas, Governador Mangabeira, Muritiba e São Félix, localizando-se na margem direita do baixo Paraguaçu, com nascente na Vila de Petim, em Castro Alves e a foz no município de São Felix. A área de maior abrangência do curso do rio Capivari encontra-se entre a Floresta Estacional Semidecidual e Decidual e Floresta Ombrófila Densa. De acordo com Moreau \emph{et al.} (2006), o solo predominante é do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico, solo tipicamente encontrado em áreas de tabuleiro costeiro. O clima predominante na região é úmido a subúmido e a precipitação varia de 1000 até 1400 mm, com concentração das chuvas no outono e no inverno.

\subsection*{2.2 Mapeamento e análise}

%O mapeamento foi realizado utilizando aerofotogramas do ano de 2010 na %escala de 1:3000, cedidos pela SEI-BA (Superintendência de Estudos %Econômicos e Sociais da Bahia). A elaboração da base de dados %(mosaicagem e georreferenciamento) e o mapeamento dos fragmentos %florestais (vetorização em tela) foi feita com auxílio do \emph{software % ArcGis 10.2 ®} por meio da técnica de fotointerpretação das imagens %aéreas. Foi considerada como fragmento florestal toda estrutura vegetal %florestal presente nas fotografias com características de textura rugosa %e heterogêneas e tamanho, a partir de 3 ha.

Os remanescentes foram classificados quanto à fitofisionomia como: (1) Formação Florestal, formada pela vegetação mais densa e de maior porte e (2) Formação Savânica, que compreende estágios secundários de regeneração. Os remanescentes foram subdivididos em cinco classes de tamanho (hectares): 3 a 10, 10 a 40, 40 a 80, 80 a 120 e maiores que 120.

\section*{3. Resultados e discussões}

O número total de remanescentes florestais encontrados foi de 206, com área total de 4.029,33 ha, sendo responsável por 12,72 \% da área florestada de toda a bacia (Figura \ref{img51}).

\begin{figure}[!htb] \centering \includegraphics[scale=0.55]{Imagens/min_51_img.png} \caption{Delimitação e remanescentes de vegetação da Bacia do Capivari. BARRETO (2019).}\label{img51} %fig_08 no trabalho original %\small{Fonte: \textcolor{red}{Não identificamos fonte da imagem}.} \end{figure}

Como apresentado na Figura \eqref{img52} , as formações savânicas totalizaram 88,84\% dos remanescentes enquanto que as formações florestais apenas 11,16\%.

\begin{figure}[!htb] \centering \includegraphics[scale=0.55]{Imagens/min_52_img.png} \caption{Diferença, em porcentagem, das classes florestais da Bacia do Capivari. BARRETO (2019).}\label{img52} %fig_08 no trabalho original %\small{Fonte: \textcolor{red}{Não identificamos fonte da imagem}.} \end{figure}

O maior remanescente apresentou área de 411,65 ha, enquanto que o menor obteve 3,02 ha. Os remanescentes foram subdivididos em cinco classes em que, remanescentes de 3 a 10 (129) totalizaram 690,87 ha, de 10 a 40 (53) somaram 1.026,52 ha, de 40 a 80 (16) foram equivalentes a 879,17 ha, de 80 a 120 (3) agregaram 283,99 ha, e por fim, aqueles maiores que 120 (5) alcançaram cerca de 1.148,59 ha, conforme a Figura 3.

\begin{figure}[!htb] \centering \includegraphics[scale=0.55]{Imagens/min_53_img.png} \caption{Relação entre o número de fragmentos e porcentagem de contribuição para a Bacia do Capivari. BARRETO (2019).}\label{img53} %fig_08 no trabalho original %\small{Fonte: \textcolor{red}{Não identificamos fonte da imagem}.} \end{figure}

Os dados anteriores demonstram que a grande parter dos remanescentes encontrados tem entre 3 e 10 hectares de tamanho. De acordo com Valente e Vettorazzi (2005), os fragmentos com forma irregular estão mais susceptíveis ao efeito de borda, principalmente àqueles de menor área, em função da sua maior interação com a matriz. Com o aumento do efeito de borda, ocorre a diminuição gradativa da área central desses fragmentos, área essa que se mantém mais preservada, e que influenciará na qualidade da estrutura desses ecossistemas.

Mesmo sem a análise das métricas de paisagem, é possível perceber que a distância entre diversos fragmentos é outro fator limitante quanto à conservação ambiental. Landau (2003), em trabalho realizado na área de Mata Atlântica no Sul da Bahia, corrobora que a interrupção da concectividade entre fragmentos acaba suprimindo o fluxo gênico entre populações, tornando mais difícil a recolonização de fragmentos e avanço da sucessão ecológica. \newpage

\section*{4. Considerações finais}

Com os resultados obtidos, constatou-se que houve um intenso processo de exploração florestal na bacia ao longo dos anos, contribuindo para o decréscimo considerável dos remanescentes. De acordo com o Plano Estadual de Recursos Hídricos da Bahia (2005), essa área passou por intensos processos de antropização, tendo como principais fatores de supressão da vegetação natural, a expansão de áreas destinadas a atividades agrícolas, mais e pecuárias. Contudo, ficou clara a necessidade de estímulo e conscientização conservacionista da população em geral, especialmente de produtores rurais do município, buscando priorizar cada vez mais à preservação e conservação desses fragmentos e adequação ao código florestal vigente. A análise da distribuição de classes de tamanho de fragmentos também torna-se útil para a definição de estratégias que visam a conservação da biodiversidade. Pelo histórico de uso da terra na bacia, a degradação destes remanescentes é resultado da complexa interação entre fatores inerentes ao processo de fragmentação, como redução da área, maior exposição ao efeito de borda e isolamento, e a constante pressão antrópica.

\section*{Referências Bibliográficas}

\retirarecuo Conselho Estadual de Recursos Hídricos, 2005. Plano Estadual de Recursos Hídricos - Resolução nº 01/2005, em \textbf{Diário Oficial do Estado da Bahia}, Salvador- BA, Brasil, 10 páginas.

\retirarecuo LANDAU, E. C. Padrões de ocupação espacial da paisagem na Mata Atlântica do Sudeste da Bahia, Brasil. In: PRADO, P. I.; LANDAU, E. C.; MOURA, R. T.; PINTO, L. P. S.; FONSECA, G. A. B.; ALGER, K. (Org.). \textbf{Corredor de biodiversidade da Mata Atlântica do Sul da Bahia}. Ilhéus: IESB, 2003. 1 CD --ROM.

\retirarecuo MOREAU, A. M. S. S. et al. Caracterização de solos de duas topossequências em tabuleiros costeiros do sul da Bahia. \textbf{Revista Brasileira de Ciência do Solo}, v. 30, n. 6, pp.1007-1019, 2006.

\retirarecuo VALENTE, R. O. A.; VETTORAZZI, C. A. Análise da estrutura da paisagem na Bacia do Rio Corumbataí. \textbf{Scientia Florestalis}, Piracicaba, n. 62, p. 114-119, 2005.

\retirarecuo VIANA, V.M.; TABANEZ, A.A.J. Biology and conservation offorest fragments in the Brazilian Atlantic moist forest. \textbf{In: Forest patches in tropical landscapes}. Washington: Island Press, 1996. p. 151-167.


  1. Graduando em Engenharia Florestal -- UFRB -- felipedasilvab@outlook.com

  2. Professor Adjunto -- UFRB -- everton@ufrb.edu.br