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EFEITO DA SAZONALIDADE NA QUALIDADE DO EFLUENTE DE UMA ETE NO ESTADO DA BAHIA

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Lourival Alves Barreto1

Lucas de Souza Alves1

Edson de Souza dos Santos1

Marcela Rebouças Bomfim>2

Jorge Antônio Gonzaga Santos2

Resumo

O trabalho avaliou no período de 2008 a 2011 o efeito das estações do ano, na qualidade do efluente, baseado nos parâmetros de legislações vigentes para tais atributos. Dados secundários de oito parâmetros obtidos quinzenalmente foram distribuídos em quatro estações, conforme a época que o material foi amostrado. Esses dados foram normalizados utilizando a equação de Wymore permitindo atribuir uma pontuação de um ou zero para os resultados na faixa ótima ou distante da faixa ótima da resolução. A CTE permitiu observar diferença entre os anos, sendo 2011 o período com piores valores. DBO de 2011 distanciou dos valores de referencia. DQO, P, SSED, SSU, CLA, não apresentaram diferenças significativas nos diferentes anos. O P mesmo não apresentando diferenças, distanciou todos os anos do ''ideal''. O pH variou, sendo 2009 e 2010, os anos que mais se distanciaram dos valores de referência comparados.

Palavras-chave: Parâmetros quantitativos; Águas residuais; Meio Ambiente.

1. Introdução

A degradação ambiental proveniente de ações antrópicas oriundas do ambiente urbano, rural ou do setor industrial tem sido repensadas para garantir a manutenção e recuperação dos ambientes. A fiscalização por parte dos órgãos ambientais quanto ao cumprimento das legislações ambientais vigentes se dá por meio da mensuração de indicadores pré-estabelecidos de valores de que indiquem o grau de qualidade ambiental. Os programas de monitoramento da qualidade de águas doce, salobras e residuais são baseados na análise de parâmetros físico, químico e biológico (SANTOS et al., 2001).

As características necessárias para o descarte de águas residuais oriundas de estações de tratamento de esgoto (ETE), assim como de outros locais estão condicionados a legislação pertinente, que estabelece seus valores mínimos e máximos para seu lançamento no meio ambiente. A legislação tem como objetivo preservar os cursos de água (nascentes, rios, lagos, lagoas, dentre outros), e orientar possíveis fontes poluidoras acerca da preservação do meio ambiente (um bem social), bem como garantir que as gerações futuras possam desfrutar de seus serviços (VON SPERLING, 1998; BRASIL, 2005).

O órgão ambiental responsável pela determinação de valores de lançamento de efluentes permitidos no meio ambiente no Brasil é o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), fundamentado atualmente na sua resolução de número 430 de 13 de maio de 2011, a qual alterou e complementou a resolução número 357/2005 em seu capítulo IV, quanto aos padrões de lançamento de efluentes no meio ambiente (BRASIL, 2005; BRASIL, 2011). O presente trabalho avaliou o efeito sazonal na qualidade de efluentes de esgoto sanitário proveniente de uma estação de Tratamento de efluentes no Estado da Bahia baseado nos valores estabelecidos pelas legislações vigente.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho avaliou durante o período de 2008 a 2011 o efeito das estações do ano, na qualidade do efluente, baseado nos parâmetros contidos na resolução CONAMA 430. Dados secundários de monitoramento quinzenal dos atributos do efluente pós-filtragem, referente ao período 03 de janeiro de 2008 a 10 de outubro de 2011 foram inicialmente distribuídos nas estações ao ano primavera e verão outono, inverno, conforme a época que foi coletado no campo. Cada parâmetro monitorado recebeu pontuação de 0 a 1. Pontuação essa, que indicou um valor próximo de (1) igual a melhor qualidade, e, distante igual a (0), pior qualidade. O uso da equação neste trabalho partiu da experiência de outros estudos em que autores pontuaram uma qualidade de determinado fator. A pontuação de cada atributo foi obtida através Wymore (1989)

A equação de Pontuação normalizada corresponde ao:

\begin{equation} \text{PP} = \frac{1}{\left[ 1 + \left(\frac{(B-L)}{(x-L)}\right) \right]^{(2S(B+x-2L))}} %**PP=1/({[}〖1+((B-L)/(x-L))〗\^{}(2S(B+x-2L) ){]})} \end{equation}

Onde, B é o valor da linha base, L é o limite inferior, S é a inclinação da tangente à curva na linha base, x é o valor do parâmetro analisado no banco de dados. Usando a equação da curva de pontuação, três tipos de funções de pontuação padronizadas foram usadas para a avaliação da qualidade da água de efluente: (1) "Mais é melhor", (2) "Menos é melhor" e (3) "Ótimo". A equação definiu a curva de pontuação 'Mais é melhor' para inclinações positivas e parâmetros que são benéficos a qualidade, uma curva 'Menos é melhor' para inclinações negativas que são maléficas a qualidade e uma curva ''Ótima'' quando refleti um valor estável.

As curvas ''Mais é melhor'' pontuaram os parâmetros que estão associados à melhoria da qualidade da água em níveis benéficos mais próximos de 1. Os valores limites para calcular a equação corresponderam a resoluções nacionais que restringem quanto daquele parâmetro deve ser despejado em um rio. As curvas "Menos é melhor" pontuam indicadores de qualidade da água que indicam uma má qualidade a níveis elevados.

2.1 Parâmetros avaliados

As amostras do efluente foram analisadas para os seguintes parâmetros: Potencial Hidrogeniônico (pH), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Demanda Química de Oxigênio (DQO), Sólidos Suspensos (SSU), Sólidos Sedimentáveis (SSED), Clorofila A (CLA), Coliformes Termotolerantes (CTE) e Fósforo total (P).

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com os resultados da CTE foi possível observar diferença entre os anos, sendo que 2011 foi o período com os piores valores, distanciando-se do ''ideal'' para o referido parâmetro (Tabela 1). Esta observação também foi feira para a DBO de 2011, distanciando-se dos valores preconizados pela Resolução CONAMA 430/2011 (BRASIL, 2011), indicando que neste ano a quantidade de coliformes foi maior que nos anos anteriores.

Tabela 1: Médias dos parâmetros avaliados nos quatro anos, pelo teste Tukey a 5% de significância.



Os parâmetros DQO, P, SSED, SSU, CLA, não apresentaram diferenças significativas nos diferentes anos. Ressalta-se que para o P, mesmo não apresentando diferenças significativas, o mesmo se distanciou em todos os anos do ''ideal''. Para o pH houve diferenças, sendo os anos de 2009 e 2010, os que mais se distanciaram dos valores de referência da Resolução CONSEMA 128/2006.

Na tabela 2, os CTE diferiram entre as estações, apresentando o outono e inverno maior distância dos valores preconizados pela Resolução 357/2005 do CONAMA (BRASIL, 2005). Para DBO a estação de inverno apresentou valores mais próximos dos valores estabelecidos pelas resoluções. A DQO no outono e no verão apresentaram diferenças significativas, se distanciando dos valores preconizados pelas resoluções.

Tabela 2: Médias dos parâmetros avaliados nas quatro estações, pelo teste Tukey a 5\% de significância.



O pH apresentou diferenças significativas entre as estações sendo que o outono e verão se distanciaram dos valores preconizados pela legislação nacional. Isso pode ser contrastado pelo contingente de pessoas que aumentam significativamente nesses períodos na região, polo turístico, de grande relevância regional e também nacional, o que ocasiona conssequentemente aumento das emissões de desses materiais nas redes de captação de esgoto (BAHIA, 2015).

Os parâmetros P, SSED, CLA não diferiram significativamente, porém no caso do P observa-se que há um distanciamento dos valores referenciados por Moraes & Santos (2019) e pela Resolução 430/2011 do CONAMA (BRASIL, 2011), indicando que esse parâmetro apresenta valores distantes dos aceitáveis na legislação. O aumento nas concentrações de P favorecem portanto a proliferação de algas, justificando os valores de CLA e consequentemente eutrofizando o ambiente, que impede a sobrevivências de organismos animais nessas águas com baixa oxigenação.

3. Conclusões

Diante do observado podemos concluir que o efeito sazonal foi fator determinante para os valores encontrados em cada indicador de qualidade, destacando nesses aspectos o verão e o inverno, tendo como fatores determinantes a precipitação pluviométrica local nesses períodos do ano, o que pode ter contribuído para as variações encontradas entre as estações.

Referências Bibliográficas

BAHIA, 2015. Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (PDITS), Costa dos coqueiros. Governo do Estado da bahia. Resumo Executivo. Salvador, Bahia, março de 2015.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Resolução n° 357, de 17 de Março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília. DF. 2005.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Resolução n° 430, de 13 de Maio de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, completa e altera a Resolução n° 357, de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente -- Conama. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília. DF. 2011.

CLIMATEMPO, 2019. Precipitação anual Costa do Sauípe. Disponível em: https://www.climatempo.com.br/climatologia/4890/costadosauipe-ba. Acesso em: 05 de setembro de 2019.

GLOVER, J.D; REGANOLD, J.P.; ANDREWS, P.K. Systematic method for rating soil quality of conventional, organic, and integrated apple orchards in Washington State. Department of Crop and Soil Sciences, Washington State University, Pullman, WA 99163-6420, USA. Agriculture, Ecosystems and Environment 80, 1999, p. 29--45.

SANTOS, I.; FILL, H. D.; SUGAI, M.R.V.B; BUBA, H.; KISHI, R. T.; LAUTERT, L. F.,2001.Hidrometria Aplicada. LACTEC- Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento. Curitiba, PR. 372p.

VON SPERLING, M. Análise dos padrões brasileiros de qualidade de corpos d'água e de lançamento de efluentes líquidos. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v.3, n 1, p. 111-132, 1998.

MORAIS, N. W. S.; SANTOS, A. B.: Análise dos padrões de lançamento de efluentes em corpos hídricos e de reúso de águas residuárias de diversos estados do Brasil. Revista DAE núm. 215 \textbar{} vol. 67 \textbar{} janeiro a março de 2019.

WYMORE, A. W. Model-Based systems Engineering. An Introduction to the Mathematical Theory of Discrete Systems and to the Tricotyledon Theory of System Desingn. CRC, Boca Raton, FL, 1993.


  1. Mestrandos de Solos e Qualidade de Ecossistemas- lourival.barrettto@gmail.com, lucasagro15@gmail.com, edson_1006@hotmail.com

  2. Docente da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - reboucas.marcela@gmail.com, gonzaga.jorgeas@gmail.com