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AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DOS REJEITOS DE MINÉRIO DA SAMARCO NA BIOGEOQUÍMICA DOS SOLOS, BIODIVERSIDADE E FUNCIONAMENTO DOS ECOSSISTEMAS BENTÔNICOS

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Tiago Osório Ferreira1

Angelo Fraga Bernardino2

Hermano Melo Queiroz1

Fabrício Gabriel2

Ana Luisa Soares Vasconcelos1

Luiz Eduardo de Oliveira Gomes2

RESUMO: No ano de 2015, o rompimento de uma barragem de rejeitos de ferro em Mariana (Minas Gerais, Brasil) liberou cerca de 60 milhões de metros cúbicos de resíduos de ferro. Os rejeitos liberados causaram extensos danos nas localidades próximas à barragem e atingiram o Rio Doce, percorrendo mais de 600 km até alcançarem seu estuário localizado na vila de Regência (município de Linhares, ES) impactando seus solos, água e sedimentos. O incidente representa uma das maiores falhas de uma barragem de rejeitos de minério já registrada e é considerado como um dos maiores desastres ambientais da história do país. Além de aportar significantes conteúdos de metais potencialmente tóxicos ao estuário, os rejeitos de mineração podem ter afetado o funcionamento e os processos biogeoquímicos característicos dos solos estuarinos. Os solos de ecossistemas estuarinos (e.g., marismas, manguezais, pradarias marinhas, apicuns), localizados na transição entre o continente e o oceano, são marcados por frequentes ações de maré e possuem características singulares, que contrastam com as de solos continentais. As condições físico-químicas de ambientes estuarinos determinam a ocorrência de solos com características específicas que, não só garantem o funcionamento dos ecossistemas associados, mas também possibilitam que os mesmos desempenhem uma série de funções ecossistêmicas de grande importância (i.e. sequestro de carbono, controle da dinâmica biogeoquímica de elementos potencialmente tóxicos e nutrientes). O entendimento dos processos que regem o funcionamento de solos estuarinos é chave para a garantia de seu papel ecológico, mas também é crucial para a preservação e a conservação dos diferentes ecossistemas costeiros. Nesse sentido, uma abordagem geoquímica focada nos processos que controlam o funcionamento dos solos do estuário do Rio Doce é fundamental para melhor compreender os impactos do rejeito no ecossistema estuarino, bem como para a alicerçar possíveis medidas de mitigação desses impactos. Assim, em resposta ao acidente e seus impactos sobre os solos do estuário do Rio Doce foram iniciados estudos multidisciplinares e sazonais desenvolvidos em parceria através do projeto "Rede SoBEs Rio DOce - Rede de Solos e Bentos na Foz do Rio Doce" que conta a participação de pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo, Universidade de São Paulo/Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" e Universidade Federal da Bahia e com financiamento da chamada CAPES-FAPEMIG-FAPES-CNPq-ANA n°06/2016.


  1. Departamento de Ciência do Solo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, ESALQ/USP, Av. Pádua Dias 11, Piracicaba, São Paulo 13.418-260, Brasil. 

  2. Departamento de Oceanografia, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, Espírito Santo 29075-910, Brasil.