TEORES DE URÂNIO NAS ÁGUAS DO MUNICÍPIO DE CAETITÉ, BAHIA¶
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Jessica Sabrina de Castro Couto1
Jailton De Souza Barreto Santos2
Gabriela Lúcia Pinheiro3
RESUMO: Nesse estudo, o principal objetivo foi verificar, através de dados publicados, se as concentrações de urânio nas águas subterrâneas do município de Caetité, na Bahia, encontram-se dentro do limite permissível pela legislação vigente. A metodologia consistiu no levantamento de estudos publicados em periódicos nacionais e internacionais disponíveis em bases de dados. Na zona rural de Maniaçu, distrito de Caetité, foi implementada pelas Indústrias Nucleares do Brasil -- INB, uma unidade de concentrado de urânio que iniciou a atividade em 1999, sendo atualmente a única mineração de urânio em atividade no país. A região é de semiárido nordestino, caracterizada pela escassez de recursos hídricos superficiais em consequência dos baixos índices de precipitação. O aquífero do tipo fraturado constitui o principal manancial de água para a INB e para as comunidades vizinhas à unidade. Para assegurar a qualidade ambiental e a saúde da população em contato direto e indireto com a atividade, são desenvolvidos programas de monitoramento ambiental pela INB. No entanto, em agosto de 2008, uma denúncia do Greenpeace confirmou a contaminação ambiental por urânio na área de influência direta do empreendimento. A amostra de água coletada de um poço a 8 km da mina apresentou concentração de urânio sete vezes maior que o teor máximo previsto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 0,015 mg L^{-1}. Já numa torneira que bombeia água de poços artesianos da área de influência direta do empreendimento, encontrou-se o dobro do limite estabelecido pela OMS e também pela Resolução CONAMA nº 396/06 (0,015 mg L^{-1}) para águas subterrâneas destinadas ao consumo humano. O estudo concluiu que a contaminação das águas pode ter sido causada pela presença natural de urânio no solo e que enchentes e transbordamentos na mina de urânio podem ter aumentado as áreas de concentrações naturais, já que o material radiativo é carreado pela água. Estudos realizados pelo Programa de Monitoração Ambiental Pré-Operacional da INB na Fazenda Gameleira e na Fazenda Quessengue, no município de Caetité, apontaram concentrações de urânio, em águas de poços, 0,0010 e 0,012 mg L^{-1}, respectivamente, ou seja, valores abaixo dos fixados pela Resolução CONAMA nº 396/06. Percebe-se então que as pesquisas existentes não conseguem responder exatamente se a operação da INB em Caetité causa contaminação ambiental no entorno da mina ou se os resultados obtidos são valores naturais do elemento no meio. Em 2017, um estudo realizado em águas subterrâneas em São José do Vale do Rio Preto, no Rio de Janeiro, indicou que a concentração de urânio era de 0,99 mg L^{-1}, o que causou receio na população e a interdição do poço que abastecia 1500 habitantes. Sabendo que a água subterrânea é fonte importante no abastecimento público de diversas localidades, deve-se considerar a necessidade de monitoramento, investigação e proteção da qualidade dessas águas, uma vez que contaminadas, sua remediação é lenta e onerosa.
Palavras-chave: Urânio; Contaminação; Águas Subterrâneas.
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Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. E-mail: jcastrocouto@gmail.com. ↩
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Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. E-mail: jailtonbarreto@gmail.com. ↩
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Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. E-mail: gabriela.pinheiro@ufrb.edu.br. ↩